Antes de mais nada, um esclarecimento se faz
necessário. Este pequeno texto não tem o condão de condenar a religião
protestante, nem as práticas dos evangélicos relacionadas ao pagamento dos
dízimos. As críticas aqui realizadas decorrem de fatos notórios, divulgados
pela imprensa, que não se relacionam com dogmas ou credos, mas com a natureza
do ser humano e que podem ocorrer em qualquer atividade religiosa em que
contribuições em dinheiro sejam comuns.
Minha mãe é viúva, aposentada pela Previdência
Social e evangélica.
Sua pensão não ultrapassa o valor de um salário
mínimo nacional, quantia insuficiente para se manter dignamente, não fosse o
auxílio financeiro prestado por mim e por meus irmãos.
Apesar disso, contribui mensalmente com dez por
cento de sua minguada pensão para a sua Igreja.
Eu nunca havia entendido essa devoção,
principalmente por conhecer diversos casos de estelionatos religiosos, de
contribuições de fiéis desviadas para fins pessoais por inescrupulosos que não
se cansam de abusar da boa-fé dos crentes.
Certa vez, então, intrigado, preocupado e
indignado com o fato de ela estar sendo lesada, perguntei-lhe o motivo pelo
qual ela dispensava parte de seu dinheiro para dar a homens que, conforme as
notícias revelavam, invariavelmente não utilizavam sua contribuição da forma
que ela imaginava, ou seja, em benefício de sua Igreja.
Foi aí que, numa demonstração inequívoca de fé,
ela respondeu e, ao mesmo tempo, ensinou:
- Meu filho, tudo o que eu tenho, tudo o que
você tem nos foi dado por Deus. Eu apenas retribuo; a minha contribuição é tão pequena perto de
tudo que recebi nesta vida, como o amor de seu pai, a oportunidade de ter três
filhos maravilhosos, a saúde que me permitiu estar aqui hoje, que eu ainda me
sinto devedora dessas e de todas as demais graças sobre a minha vida, sobre a
sua vida.
E completou, serena como foi durante toda a sua
existência:
- E o dinheiro eu não entrego ao homem, eu o
entrego a Deus. É a minha contribuição para a sua obra.
Naquele momento, minha mãe me deu uma das
maiores lições de fé que eu já tive. No seu coração, ela tinha a verdadeira
convicção de que retribuía a Deus por tudo que recebeu, em que pese o seu
dízimo ser administrado por seres humanos, os quais, nem sempre, lhe dessem a
destinação devida.
Nada demoveria minha mãe de que ela poderia
estar sendo enganada.
E, na verdade, não estava. A sua fé, o seu
coração, lhe diziam que era a coisa certa a se fazer e, para ela, isso bastava.
Foi a partir desta lição que eu entendi o
propósito da contribuição mensal que faço ao clube do meu coração.
Sou sócio-torcedor há mais de um ano e, como
ela, entrego o meu dinheiro ao Fluminense mensalmente. Esta é a minha fé, a
minha religião. Contribuo para um dia poder ter a satisfação de vê-lo
autossuficiente.
Utopia? Pouco importa. O que vale é acreditar e
não esperar nada em troca. É assim que se age com quem se ama.
Não pago por descontos em ingressos ou
produtos, ou por ter a oportunidade de votar ou de frequentar o clube e ver de
perto os jogadores. Tudo isso é secundário. A minha contribuição é apenas para
o Fluminense, pelo Fluminense, e não espero, nunca, nada em troca.
Assim como vitórias não me estimulam a
permanecer sócio, nenhuma derrota, nenhuma fase ruim afasta o meu ideal. O meu
amor não está sujeito a oscilações de humor, ele é sólido, é mais forte que
tudo.
Este é o meu dízimo, esta é a minha retribuição
a tudo o que o Fluminense representa em minha vida.
Para muitos, este texto pode parecer uma
comparação despropositada, um exagero de quem é um fã incondicional de seu
clube; mas esta pequena estória não é destinada a esses, ela serve àqueles que,
como eu, têm o Fluminense como sua paixão incondicional, como um sentimento que
não se explica em palavras, como um amor que só se mede em atitudes.
Obrigado, minha mãe, por ter me mostrado a fé.
Obrigado, meu pai, por ter me feito tricolor.
Concordo plenamente Fleury... moro em Rio das Ostras e por isso é muito complicado para mim ir ao Maracanã devido ao alto custo de passagens, lanches e outros custos, mas não deixo de contribuir com o clube.
ResponderExcluirE por mais que seja uma quantia ínfima a que eu posso contribuir... a faço com todo o coração e espero sim daqui há alguns anos ver o Fluminense maior do que já é e organizado economicamente e estruturalmente.
Saudação Tricolor!!!
Fazemos isso por amor, meu amigo, única e exclusivamente por amor. Abs e ST
ExcluirSou de São Luís do Maranhão e Sócio-Torcedor do Fluminense com muito orgulho. De longe contruibuo com a única vontade de ver o flu sempre bem para ostentar a posição de referência nacional como uma das grandes forças do futebol. ST Felipe Fleury!
ResponderExcluirFábio, você é um exemplo a ser seguido. Se esse fosse o pensamento de grande parte da nossa torcida, hoje teríamos os cem mil sócios pretendidos. Mas a batalha não está perdida. Vamos sempre lutar para mostrar ao torcedor tricolor que o caminho da glória depende e muito da sua contribuição. Abs e ST
ExcluirPerfeito, no sentido que você falou eu também contribuo com o meu "dízimo" para o Fluminense, com muito amor, muito orgulho em poder dizer: sou sócio do Fluminense. Faço a minha parte. ST!
ResponderExcluirCaro Nelson, se todos fizessem a sua parte, hoje teríamos cem mil sócios. O problema é que muitos vinculam suas contribuições ao Fluminense estar bem ou mal nas competições que disputa, quando é justamente nos piores momentos que devemos mostrar a nossa força e contribuir. Abs e ST
Excluir