segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É hora de renovar

No futebol, como na vida, nada é definitivo. Tudo pode mudar em questão de minutos. Por exemplo, enquanto escrevo este texto, a notícia de que Muricy Ramalho está apalavrado com Flamengo para ser o seu novo treinador, caso o seu atual presidente, Eduardo Bandeira de Mello, seja reeleito no pleito de 7 de dezembro, já pode ter sido desmentida.

Mas a questão não é se Muricy será ou não o treinador do rubro-negro, a questão é que o presidente do clube da Gávea deu um passo à frente para que tenha uma equipe que dispute títulos em 2016, ainda que a contratação seja, obviamente, uma daquelas realizadas às vésperas de um sufrágio para angariar votos.

O pleito no rival pode ter antecipado a movimentação em busca de um novo treinador, mas isso não significa que, por estarmos a menos de um ano das eleições no Fluminense, tenhamos que aceitar passivamente tudo que aí está como se fosse suficiente para um 2016 diferente do que foram os últimos anos.

Reina a tranquilidade nas Laranjeiras – ouve-se, aqui e ali, boatos sobre a saída do atual patrocinador e a chegada de outro – mas, no geral, parece que conquistamos o título de 2015 e faltam apenas pequenos ajustes para que a equipe emplaque novamente em 2016, conquistando o hexa nacional. Afinal de contas, segundo se disse, o ano foi positivo.

Assim, segundo a teoria do positivismo do vice presidente de futebol, aparentemente nada mudará para 2016, em razão do que presumo que serão mantidas a espinha dorsal de uma equipe e o seu atual treinador. Muricy deverá ir para o Flamengo, Cuca, ainda na China, parece um sonho distante, Dorival, virtual campeão da Copa do Brasil pelo Santos, deverá permanecer na equipe da baixada santista e, assim, os clubes vão escolhendo os seus novos treinadores, mantendo os que funcionaram e se preparando para a pré-temporada, enquanto o Fluminense, deitado em berço esplêndido, aguarda o ano vindouro suficientemente agradecido pelo heroísmo deste grupo e treinador em impedir o descenso do clube.

Eduardo Baptista, assim como foram Cristóvão, Drubscky e Enderson, não são treinadores para o Fluminense. Das contratações de jogadores para a temporada passada, apenas dois deram razoavelmente certo: Edson e Vinícius. O primeiro, afastado não se sabe por que e o segundo, acolhido pela torcida após suas boas atuações, esqueceu-se de quem o retirou do anonimato, dando-lhe luz, deslumbrou-se com seus quinze minutos de fama e cuspiu no prato em que comeu. Um ingrato a quem a vida saberá dar o adequado castigo.

Assim, embora tenham sido contratados cerca de sete ou oito jogadores, nenhum, exceto Edson, teria condições de permanecer para 2016. E do antigo elenco, também é chegada a hora de reciclar. Jogadores como Gum e Jean, por exemplo, já prestaram bons serviços ao Fluminense e deveriam respirar novos ares.

Resta-nos Xerém, Cavalieri, Fred, Cícero e mais um ou outro que ainda pode ser aproveitado como jogador à altura do Fluminense.

Se este é um panorama sucinto do que temos hoje, o que tem sido feito para que 2016 seja diferente? A não ser que as tratativas estejam sendo conduzidas como segredo de estado, não ouço e não vejo nada sobre o assunto.

Ouso dizer que a primeira e mais evidente mudança deveria acontecer no departamento de futebol. Para quem errou tanto não deveria haver chance para que esses erros fossem reiterados no próximo ano. Há três anos sem títulos, o Fluminense precisa novamente respirar os ares das glórias e não parece que alcançará esse objetivo com o que aí está, desde o departamento de futebol, passando pelo treinador até chegar ao elenco.

Muito precisa ser mudado e nada tem sido feito. É claro que seria prudente aguardar o término da competição para que especulações e tratativas fossem iniciadas, mas com o clube livre do descenso, cada dia a mais de inércia é uma chance a menos de sermos efetivamente vencedores em 2016.

Não acredito, me perdoem os mais otimistas – apesar de ter sido sempre deveras otimista em relação aos assuntos do Fluminense – que a manutenção de um vice de futebol que não entende bulhufas do assunto e de um treinador que não está à altura da grandeza do clube, possam credenciar o Tricolor a ser no ano vindouro diferente do que foi nos últimos anos.

O Presidente e o vice de futebol são excelentes advogados, mas entendem pouco ou nada de futebol. Falta, no comando do departamento técnico, a “malandragem” necessária para que se saiba lidar com uma das piores “raças” de funcionários: o “boleiro”. É isso o que falta ao Fluminense, gente que enxergue que para ser ter um time campeão é preciso contratar, primeiramente, um técnico campeão e que seja suficientemente capaz de peneirar, no mercado nacional e sulamericano, bons jogadores compatíveis com a realidade salarial do clube.

Falta a inteligência da “malandragem”, o que não significa que o Fluminense estaria abdicando da sua tradicional fidalguia, mas que estaria se adaptando aos tempos modernos, onde o futebol se ganha dentro de campo, mas precisa ser defendido fora dele através de uma atuação firme nos bastidores, a fim de que injustiças, como as que sofremos reiteradamente nos últimos anos, não sejam mais perpetradas.

2016 será um ano aquecido pelas eleições. Espero, sinceramente, que o torcedor tricolor saiba escolher o melhor candidato, porque o Fluminense precisa mudar e retomar o caminho das conquistas. Basta de amadorismo, basta de retrocesso, o Flu precisa de gente com sangue verde, branco e grená nas veias e com muita disposição para trabalhar.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O tiro que saiu pela culatra

O positivo, qualidade que o senhor Mario Bittencourt atribuiu ao ano de Fluminense, só tem o “P” em comum com o que de fato foi o ano do Tricolor: pífio!

Ambas, porém, são qualidades absolutamente, diametralmente opostas e, confundi-las só pode se dar por loucura ou má-fé.

O senhor Mario não é louco, mas tem planos de ser o novo presidente do Fluminense o que, por dedução, nos faz concluir que suas palavras tentam esconder – não se sabe de quem – o tétrico ano de 2015, por má-fé. Talvez imagine que o torcedor tricolor engula essa bravata facilmente. Não engoliu e não engolirá.
                 
Quem, em sã consciência, pode aceitar que o ano ruim do Fluminense decorreu apenas de um time montado com recursos limitados, que fez o máximo que pôde dentro da competição?

Times limitados são quase todos os nossos concorrentes no campeonato brasileiro. À exceção do recente campeão, Corínthians, do São Paulo e talvez se encontre mais um ou dois, que outra equipe seria tão superior a do Fluminense?

Mesmo com um orçamento enxuto, foi possível montar um time competitivo, ainda que não houvesse um elenco à feição, para a disputa nacional. Tanto é verdade, que frequentamos a zona da Libertadores por várias rodadas e chegamos à semifinal da Copa do Brasil.

O pífio ano Tricolor foi, basicamente, construído ou desconstruído, como queiram, de fora para dentro. Desmandos, contratações equivocadas, vaidades e toda a sorte de inépcias administrativas que culminaram no desmantelamento moral da equipe e na sua vertiginosa queda de produção de um turno para o outro do campeonato brasileiro.

Evidentemente, Magno Alves, Antônio Carlos e Welington Paulista, por exemplo, não poderiam vestir a camisa tricolor. Gerson, que embora tenha futebol, não poderia ter sido mantido no elenco como titular com seu destino já traçado em terras europeias. Gum, por anos a fio um “guerreiro”, mostrou-se cansado das batalhas de outrora e foi apenas  um arremedo de zagueiro, responsável direto por algumas das derrotas tricolores no ano.

Cristóvão, Drubscky, Enderson e Eduardo Baptista não são treinadores à altura do Fluminense. Foram todos contratados sob o argumento de que não havia verba suficiente para patrocinar a vinda de um treinador melhor qualificado. Investiu-se no barato, nem no bonito nem no bom, apenas no barato. Claro que não daria certo, como não deu.

Se parte do dinheiro desperdiçado nas contratações equivocadas do ano, aí vale citar principalmente Ronaldinho Gaúcho, fosse investida na contratação de um treinador, teríamos, minimamente, um nome de respeito no comando tricolor.

Ronaldinho Gaúcho, aliás, não foi apenas desperdício de dinheiro, foi desperdício de tempo, de paciência e o responsável, ou corresponsável juntamente com Mario Bittencourt - que o trouxe -, por fazer grassar no seio dos jogadores tricolores o sentimento de total descrença na cúpula de futebol do Clube. Afinal de contas, ninguém se sentiu obrigado a ser profissional enquanto R10, com a fortuna que recebia, não o era.

Um aproveitamento de 41% no campeonato e de pouco mais de 20%, no segundo turno, além de ter sido, por enquanto, o time com o segundo maior número de derrotas na competição, não tem nada de positivo. É, na verdade, um ultraje às tradições e à história do Tricolor que, desde 2012, está carente de um título nacional.

O tiro que Peter Siemsen deu, designando Mario Bittencourt para a vice-presidência de futebol, saiu pela culatra. Seus planos tinham por finalidade torná-lo o responsável direto pelos eventuais sucessos da equipe, o que o tornaria o seu virtual sucessor na presidência do clube em 2016. Peter não contava, porém, com a incompetência e a vaidade de Mario Bittencourt.

Esses três anos de malogro futebolístico da gestão Peter Siemsen ainda podem custar mais caro do que já custaram: podem reconduzir ao Fluminense, através do pleito que se avizinha, figuras que já se imaginavam afastadas definitivamente do clube e que o tricolor que tem boa memória não deseja que retornem.

Peter só tem uma chance de fazer o seu sucessor na presidência do Flu: tornar o ano de 2016 diferente de tudo o que se viu nesses últimos três anos, a começar pela escolha de um departamento de futebol que esteja apto a comandar, com competência e desprendimento, os rumos do football Tricolor nas competições vindouras.

Temo que uma terceira via, alternativa a essas que estão postas, não tenha força política suficiente, além de capacidade econômica, para sair vitoriosa do sufrágio. Porque, infelizmente, penso que será incapaz, em virtude desses fatores, de mostrar de forma eficaz ao sócio torcedor tricolor – desta vez eleitor em muito maior número - a sua plataforma administrativa com a amplitude que merece.

É uma pena, porque tudo de que o Fluminense não precisa é de retrocesso, ou de alguém que não saiba distinguir um ano pífio de um ano positivo.


Acostumado às glórias, o Tricolor não pode se conformar com a mediocridade. Em 2016 deveremos saber dar a devida resposta a quem só tem o Fluminense para se locupletar, depositando nas urnas o voto da indignação, o voto da mudança.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Luto pela humanidade

Escolhi a sexta-feira à noite para falar do Fluminense e escrever minha coluna semanal para o Panorama Tricolor. Meu compromisso inalienável, intransferível, um dos meus maiores prazeres.

Sentei-me diante da televisão, como costumo fazer, a fim de otimizar o meu tempo e aproveitar para saber das notícias do dia. E o choque me veio, não súbito, porque à medida que as notícias iam sendo atualizadas, o número de mortes também ia crescendo.

O meu tema foi imediatamente absorvido pelas imagens, comentários e dor vindos de Paris. Desculpem-me os amigos, mas não tenho condições psicológicas de tratar aqui do assunto de que trataria. As eleições no Fluminense ficarão para outra oportunidade.

Não posso deixar de me manifestar, no calor do momento em que recebo as notícias – e observo na tela o número de mortes crescendo – sobre mais esse atentado contra a humanidade.

Ainda diante da TV, e continuarei, provavelmente, até terminar o que escrevo, consterno-me por outra barbárie protagonizada pelo ódio, pela intolerância religiosa, pelo desamor no mundo.

Não foi confirmado oficialmente, mas será em breve – talvez antes deste texto ser publicado – que os ataques que vitimaram os inocentes de Paris emanaram de radicais religiosos que não admitem outra forma de doutrina no mundo, arvorando-se para si o direito de eliminar, torturar, estuprar, quem não se converter à sua crença.

A violência, como sói acontecer, é o meio utilizado para que os fracos de espírito façam prevalecer os seus desígnios. E a violência contra inocentes é a covardia maior, forma de mostrar ao mundo que “não estão para brincadeira”.

A intolerância que sufoca as sociedades aos poucos é, sem dúvida alguma, uma das maiores causas desse massacre. Mas ela não vem apenas do Estado Islâmico, ela está enraizada, disseminada em outros intolerantes, menos conhecidos, mas igualmente ativos e potencialmente aptos a explodirem seus ódios a qualquer momento.

São os xenófobos, os racistas, os misóginos, os nazistas, gente como a gente – ao menos biologicamente – que estão por aí, quem sabe ao meu ou seu lado, disseminando a hipocrisia, o ódio e a intolerância nas redes sociais, no dia a dia das relações sociais, nos parlamentos, nos governos...

Aí está a fonte de tudo. O ódio. O E.I. tem apenas a vantagem de ser um grupo mais organizado e endinheirado, porque o mesmo ódio que o move, também move o racista que está ao nosso lado.

É esse combustível que faz a engrenagem funcionar; sem ele, os dedos não têm forças para apertar gatilhos e as mãos para empunhar facas.

Infelizmente, penso que estamos num caminho sem volta. A humanidade escolheu o seu caminho, desde os tempos da Lei de Talião, passando pelas guerras, colonizações, escravidões, genocídios e o resultado está aí.

Sinto-me triste, profundamente triste, porque o mundo está destruindo seu futuro, está matando seus filhos e ninguém, absolutamente ninguém, estará seguro em qualquer parte dele em pouquíssimo tempos.

Essa desesperança me corrói a alma, porque é a desesperança da minha filha, dos nossos filhos, de uma sociedade que está fadada ao perecimento. Resta saber quando.

Peço perdão pelo meu conteúdo pessimista, pela fuga do tema, mas não poderia tratar de outro assunto aqui que não fosse este.

Matar inocentes, seja em nome de quem for, jamais será sinônimo de honradez ou passe para a eternidade. É uma brutalidade sem tamanho contra a humanidade, é a morte em doses lentas de todos nós, de nossas esperanças, sonhos e futuro. É o assassinato prematuro de nossos filhos, é uma vida sem destino que só espera o momento do fim.


Enquanto a humanidade definha, tento sobreviver ao que me resta; mas não posso deixar, neste momento, de externar o meu luto, não por Paris ou pela França, mas por todos nós, vítimas dessa insanidade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Viver e vencer

Peço a permissão dos amigos para dividir a minha coluna de hoje em duas partes, uma delas em nada, mas em nada mesmo relacionada ao futebol. Infelizmente.

Escrevo esta coluna antes da partida do Fluminense contra a Chapecoense, apenas para que o texto, quando lido, seja inserido no contexto temporal adequado.

Perder propositalmente jogos contra equipes que disputam uma vaga fora do Z4 com o Vasco, apenas para prejudicar o rival carioca e decretar o seu descenso, não me passa pela cabeça.

Agir dessa forma seria atirar no lixo a própria dignidade, rebaixando-se ao mais vil dos comportamentos. Se já não há, no mundo que nos cerca, muitos exemplos de altivez de condutas, não seremos a colaborar para que a má-fé e a indignidade prevaleçam no futebol.

O jogo deve ser jogado dentro de campo, sem prévios acordos, sem manipulações. Fazer “corpo-mole”, assim, não deixa de ser uma forma de manipular o resultado de uma partida.

E o Fluminense, pela sua grandeza, pela sua história, deverá sempre buscar a vitória, mesmo que essa possa, de alguma forma, auxiliar o seu maior rival. É da natureza do clube, algo que não pode ser modificado.

Como salientado, porém, o Fluminense fará isso por ele mesmo e por sua rica e valorosa história. Não fará porque deveria “favores” ao Vasco. Bravata pura de dirigentes à beira do abismo que, desconhecendo a fidalguia tricolor, imaginam que o time poderia entrar para não vencer jogos que são fundamentais à sua permanência (dele Vasco) na primeira divisão.

São incautos, por certo. Ganhariam mais se tivessem permanecido em silêncio, pois, em primeiro lugar, o Fluminense nada deve a ninguém – Pagar o quê? está aí para ser lido e compartilhado – e, em segundo lugar, o Tricolor não se coaduna com negociatas escusas e outras parvoíces típicas de quem não nasceu em berço esplêndido.

Fluminense é sinônimo de boa-fé e dignidade, caso contrário não é Fluminense.

Assim, aos desavisados vascaínos que procuraram cobrar a inexistente dívida do Tricolor, que fique bem claro que o Fluminense pode não vencer Chapecoense e Avaí, afinal de contas, já passou por péssimos bocados neste campeonato, mas não faltará vontade de superá-los.

As bravatas de São Januário, portanto, não nos atingem. Trata-se de mera tentativa de transferência de responsabilidade por um ano pífio – e aí a prova de que o campeonato carioca foi arranjado – algo típico de vetustas figuras que já deveriam ter abandonado o futebol há tempos.

Façamos a nossa parte e que o Vasco faça a dele.

Agora a parte estranha ao futebol, mas que precisa ser lembrada, que precisa ser tocada como uma ferida dolorosa, para que a dor lancinante não deixe esquecer que a vida é um direito supremo, está acima das leis dos homens, e deve ser respeitada sempre.

Já me manifestei em mais de uma oportunidade aqui no Panorama Tricolor sobre aspectos criminais dessas condutas, por isso hoje falarei apenas sobre seu aspecto humano, ou melhor, desumano.

Não faço pré-julgamentos, nunca os fiz. Por isso, sem provas contundentes, não farei qualquer digressão sobre a atribuição de responsabilidades sobre o nefasto evento que vitimou de morte o torcedor vascaíno antes da partida entre Flu e Vasco no último domingo.

A culpa, na verdade, é da humanidade, que se definha, se diminui, se destrói a olhos vistos, e que nos dá sinal disso diariamente, desde as redes sociais até os noticiários internacionais.

O que difere um indivíduo que dá uma paulada na cabeça de um rival clubístico daquele que corta a cabeça de um descrente na sua religião? Os seus propósitos? Não. Na verdade, penso que nada os distingue. Ambos estão contaminados pelo vírus da desumanidade, do desamor, são ausentes de tudo. Guiam-se por sinais e grunhidos, protegem-se em bandos e atacam sem ter fome. Matam por matar.

A polícia mata, o bandido mata, o religioso radical mata, o marido traído mata, os inimigos se matam. Banalizou-se a morte. A vida não vale mais nada. Tornou-se um saco vazio esperando ser novamente enchido de amor, respeito e solidariedade, mas que de tão frágil é levado por qualquer lufada de vento. E talvez não se encha jamais.

Que Deus tenha piedade de nossas almas e proteja os nossos filhos.


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O ano ainda não acabou

O ano ainda não terminou para o Fluminense. Ainda que se diga que as chances de rebaixamento são remotas – e são – vale aquela máxima do futebol para o atual momento tricolor no campeonato brasileiro: “o jogo só termina quando acaba”.

Uma vitória, que diante das circunstâncias, seria obrigatória contra o Atlético/PR, não veio. A equipe fez um excelente primeiro tempo, perdeu diversos gols – muitos em razão da interveniência direta do excelente goleiro adversário – mas se perdeu no segundo tempo, após sofrer o gol em falha da defesa – mais uma – e mexidas equivocadas do nosso atual treinador. Mas isso já são águas passadas.

Faço alusão a essa derrota apenas para justificar o assertiva de que o ano ainda não acabou para o Fluminense, pois diante de um retrospecto absolutamente negativo, será improvável que consigamos pontos nas partidas que nos restam fora de casa. E se perdemos para o Atlético, todo o cuidado será pouco para não sofrermos reveses também contra os dois adversários que enfrentaremos no Rio, Chapecoense e Avaí, e de quem, por obrigação – e para nossa salvação – deveremos conquistar os seis pontos que livrarão definitivamente o Fluminense do rebaixamento.

Mas, desses seis confrontos que restam, talvez o deste domingo seja o mais importante. Procrastinar a conquista dos pontos para tentar “resolver” contra Avaí e Chapecoense pode ser perigoso. Para um time que não inspira confiança, o melhor é que esses pontos venham o mais rapidamente possível, em que pese o retrospecto não seja favorável ao Fluminense nos confrontos contra o Vasco.

Deixando de lado as confusões protagonizadas pelo senhor Eurico Miranda, a maior motivação para se vencer o rival deve vir da própria tradição do clássico, que o Fluminense não vence há dez confrontos ou quase três anos! Uma vitória logo mais será um alento para o torcedor que pouco ou nada teve para comemorar desde 2013.

O Fluminense, em jogos oficiais contra o Vasco, tem 115 vitórias, contra 140 do rival, com 102 empates. São 25 vitórias a mais cruzmaltinas, número forjado sobretudo a partir da década de 1990. De lá para cá, foram 44 vitórias vascaínas contra 22 tricolores, ou seja, o dobro.

É um quadro que precisa ser revertido e não há momento melhor do que este. Desclassificado da Copa do Brasil, em duas partidas em que a arbitragem teve influência preponderante, o Flu precisa mostrar-se “mordido” e disputar a partida como se fosse uma final de campeonato, pois para os cruzmaltinos será uma verdadeira decisão de campeonato. A final que não conseguiu alcançar contra o Santos, deve ser agora disputada contra o Vasco: vale a possibilidade concreta de afastar-se definitivamente do risco de rebaixamento, a chance de romper a sina de derrotas recentes e diminuir a péssima estatística frente ao rival e, por fim, de empurrar mais um pouquinho o adversário em direção ao rebaixamento.

Se o torcedor não teve motivos para comemorar 2015, que também não tenha motivos para lamentá-lo ante um improvável, mas ainda real, risco de rebaixamento. O tricolor não merece tamanha afronta.

E é bom que se pense logo numa total reformulação do departamento de futebol para 2016, a começar pelo vice-presidente, passando pelo treinador e chegando ao elenco.

Muito precisa ser modificado, mas para que o Flu possa retomar o caminho das glórias é preciso que a limpeza comece de cima, que o seu departamento de futebol seja composto de profissionais do ramo, que o seu treinador esteja à altura da grandeza do clube e que os seus jogadores estejam aptos a envergarem a gloriosa camisa tricolor.

Se não houver mudanças substanciais, não teremos um 2016 muito diferente do que vivenciamos nos últimos anos, e aí, definitivamente, teremos que esperar que o voto do torcedor mude esse quadro fantasmagórico que se instalou no futebol do Fluminense desde 2013.


Vamos, então, dar o primeiro passo rumo a um bom 2016 vencendo o Vasco. Depois, urgirá arrumar a casa.