Quando Cristóvão chegou ao Flu, surpreendeu a
todos ao implantar um esquema de jogo ofensivo, de toques rápidos e intensa
marcação, utilizando o espírito coletivo do grupo como sua principal arma de
ataque e defesa.
Não obstante, após o excepcional segundo tempo
do jogo contra o São Paulo, o tricolor caiu de produção. A marcação afrouxou, o
setor ofensivo pouco funcionou e a defesa, que parecia ter se acertado,
desandou a sofrer gols. Mesmo a vitória sobre o Bahia, em Barueri, foi
conquistada de forma burocrática, mais pela fragilidade adversária do que pelos
méritos do Fluminense.
A recaída durou até a partida contra o fraco
Criciúma. Perder para o time catarinense, apresentando um futebol abaixo da
crítica, não estava nos planos. Mas Cristóvão parece saber o que quer, e, se
quer, consegue. Com a chegada de reforços durante o recessso da Copa, Cristóvão
tornou a ajeitar o time à sua feição. Contra o Santos a equipe já se portou
melhor, com mais equilíbrio entre defesa e ataque e com a coletividade sendo novamente
a marca do grupo.
Hoje o Flu, espera-se que de forma definitiva,
tornou a ser aquele que mesmo time incisivo, equilibrado, forte na frente e
seguro atrás. Conca sobrou no meio de campo, Cícero, em sua melhor partida pelo
Tricolor, participou dos dois primeiros gols e fez o terceiro, Carlinhos
comemorou suas 200 partidas pelo Flu com uma grande apresentação; Bruno foi
bem, a zaga, com a chegada de Henrique, demonstrou mais segurança. Gum foi
soberano nas bolas altas e Henrique, lento nos primeiros jogos, parece mais
solto e apto a mostrar o talento que o fez destaque na França.
Wagner, o que apareceu menos, não comprometeu.
Sóbis, ainda que não tenha sido brilhante, nunca se omite, e sofreu o pênalti
que deu origem ao segundo gol do Fluminense. Cavalieri apareceu mais no fim do
jogo, quando o recuo proposital foi a estratégia utilizada para garantir o
resultado. Jean, mesmo errando passes, quando foi à frente, o que deveria fazer
com mais frequência, fez um belo gol.
Aliás, a segurança que eu vi em campo hoje, em
parte deve ser atribuída ao Valência. O equilíbrio de que o time precisava
passava pela necessidade da presença em campo de um homem com mais faro para a
marcação. Além de garantir um reforço à defesa, Valência deu a opção de
apresentarem-se mais à frente Jean e Cícero. Ambos fizeram seus gols porque
puderam sair com mais tranquilidade ao ataque.
Até Walter, mais gordinho depois da parada da
Copa, movimentou-se mais em campo. De sua jogadinha tradicional, a ajeitada com
o peito, saiu o derradeiro gol do Fluminense. O Fluminense não pode prescindir de seu talento em detrimento de Matheus Carvalho ou Samuel.
Verdade seja dita, a ausência de público pode
até ser usada pelos atleticanos para justificar a derrota, mas com ou sem ele o
tricolor venceria a partida de hoje. A superioridade demonstrada foi tamanha
que nem mesmo o grito da torcida adversária seria capaz de evitar o rolo
compressor tricolor contra o nosso mais novo freguês.
Vitória com autoridade de quem, mantendo o
equilíbrio que se viu hoje, não disputará apenas uma vaga na Libertadores, mas
brigará cabeça a cabeça pelo título com o time mineiro, outro de nossos
fregueses.
Até lá, muita atenção, muita dedicação,
humildade e perseverança. E ainda tem Dom Fredon que, se voltar com apetite de
gols, será o nosso mais formidável reforço.
Avante Fluminense! ST
Foto: Lancenet.