Atlético Mineiro e Botafogo, a meu ver, possuem
algumas semelhanças que vão desde as cores alvinegras até o complexo mesquinho
de eternos injustiçados. Mas entre estas há outra que lhes é peculiar: contra o
Fluminense jogam como se fosse a partida da vida, exagerando na disposição, que
extrapola, quase sempre para a violência, além da catimba natural de quem
protege um resultado positivo contra o Flu como se fosse um troféu.
Foi o que aconteceu hoje: estádio com carga
total vendida, Diego Tardelli, que há muito não via a cor da bola, fez partida
brilhante e Levir Culpi em noite de Cuca, e tudo isso depois de um empate
frustrante contra o Criciúma no mesmo local e há poucos dias. É claro que
contribuíram para a vitória atleticana erros infantis cometidos pelo goleiro e
pela defesa de um modo geral.
O Fluminense fez um primeiro tempo ruim, bem
distante das melhores partidas sob o comando de Cristóvão. Sóbis e Walter
ficaram isolados na frente, a equipe não marcou a saída de bola adversária como
em outras oportunidades, perdeu divididas, foi lento na saída para o ataque e
não criou no meio.
Mesmo com mais posse de bola e finalizações, o
Flu não conseguiu ser verdadeiramente perigoso, dando muito campo ao adversário
no meio.
Apesar disso, a defesa esteve bem postada,
exceto por uma ou duas rebatidas equivocadas, e evitou maiores problemas.
Salvo uma boa jogada de Carlinhos que culminou
numa ótima cabeçada de Sóbis, o Flu pouco fez. Walter, de tão isolado, voltou
para buscar jogo e, num único lance em que conseguiu se desvencilhar da
marcação, arrematou mal. Foi um tempo de muita ligação direta defesa (às vezes
goleiro) – ataque, o que impediu que o setor ofensivo recebesse bolas em
condições de criar reais situações de perigo ao galo mineiro.
Não faltou, contudo, a disposição costumeira.
O Flu começou melhor o segundo tempo, mas num
contra-ataque fulminante, e após erro do goleiro Felipe ao hesitar em sair na
bola alçada, o galo marcou seu gol. A partir daí, o Tricolor passou a correr,
demonstrando claramente que fez um primeiro tempo acomodado com o empate.
Acordado, partiu para o ataque, mas num novo
contragolpe, Chiquinho, falhou na marcação e permitiu que a adversário
conduzisse livre a bola e centrasse, bola que passou a 20 cm das mãos do
goleiro Felipe sem que este esboçasse sequer reação para cortá-la, para
Tardelli entrar livre e empurrar para as redes.
A partir daí o Flu tentou no abafa, mas ainda
desorganizado. Teve boas chances, uma com uma falta bem cobrada por Conca no
travessão, outra num bom chute de Walter defendido à queima roupa pelo goleiro
atleticano e duas chances claras perdidas por Kennedy.
E ainda teve Michael, que nem mesmo tocou a bola, expulso infantilmente,
irritado pela catimba adversária, o que prejudicou, é claro, eventual reação.
Apesar da luta, repetiram-se os erros das
derrotas para Vitória e Grêmio, inclusive a ineficiência ofensiva, com uma
agravante: hoje o Flu (comparando-o consigo mesmo) foi bem pior em todos os
aspectos. Exceto pelo abafa final, fruto da necessidade de se buscar o gol e da
reação instintiva do galo em se defender, não vi no tricolor 10% daquele Flu de
Cristóvão que empolgou a torcida tricolor nas primeiras partidas do brasileiro,
não sendo justo atribuir-se a derrota apenas às falhas do goleiro.
O Flu não foi no primeiro tempo o que foi no
segundo, principalmente após sofrer o primeiro gol, quando, aí, sim, pareceu acordar
para a partida. O Fluminense só desejou ganhar quando começou a perder, mas
essa estratégia, via de regra, não funciona.
De qualquer forma, porém, ainda estamos no
topo, e com os reforços que já despontam caberá a Cristóvão corrigir as
deficiências, que já parecem claras, para lutarmos pela liderança e, quem sabe,
pelo campeonato.
Avante, Fluminense! ST