domingo, 28 de setembro de 2014

Fred: Justiça Seja Feita


Além do gol e do belo passe que culminou no segundo tento tricolor, o que mais me chamou a atenção no desempenho de Dom Fredon na noite de ontem foi a sua atitude dentro de campo. Principalmente três lances me pareceram emblemáticos, indicativos de que Fred não está nem um pouco conformado com as críticas que vem sofrendo e, particularmente, com suas atuações pelo Fluminense e até pela seleção brasileira, quando foi injustamente tachado de único responsável pelo malogro canarinho: no primeiro, o câmera focaliza Fredon brandindo seus braços e a leitura labial permite concluir que pede garra ao time; o segundo lance me surpreendeu ainda mais, Fred disputa uma bola no “pé de ferro” e leva a melhor!; por último, já na parte final do jogo, o artilheiro ainda encontrou fôlego para marcar no campo de defesa.

Na verdade, são momentos que podem parecer normais a qualquer jogador que entre em campo para exercer a sua atividade profissional. Não eram, contudo, para Fred. E parece que ele entendeu isso. Desde o retorno da copa, gradativamente tem procurado se readaptar a um novo estilo de jogo, diferente daquele que o consagrou como um dos maiores artilheiros do Fluminense e que norteou sua carreira até aqui. Inteligente que é, percebeu que o estilo estático, pouco participativo funciona quando se tem um time inteiro que jogue para ele, e que tenha qualidade.

Sua idade, sua forma física, porém, o tornaram mais previsível e menos eficiente no ataque, tornando-o alvo fácil das defesas adversárias e, não raras vezes, engessando o esquema de jogo tricolor quando o atrelava a uma única jogada ofensiva: bolas ao Fred!

Escrevi há algum tempo que não acreditava que o artilheiro pudesse deixar de lado seu estilo de jogo ultrapassado, porque já está na fase derradeira da carreira, e porque seu estilo de vida e histórico de lesões, provavelmente, não permitiriam que se tornasse esse “novo jogador”. Talvez tenha razão, talvez seja tarde demais para Fred mostrar algo novo, algo que faça esquecer que um dia foi chamado de cone, mas não se pode deixar de louvar a sua iniciativa em tentar desfazer essa imagem negativa.

Dentro de campo, não se pode acusá-lo de omissão. Tem ajudade na área com seus gols, fora dela com passes qualificados e assistências eficientes, na defesa combatendo e, por fim, mas não menos importante, com sua liderança, sempre importante para manter o equilíbrio emocional da equipe. Até quando, não se sabe.

O importante é que a consciência de que precisa cuidar de sua vida extra-campo também o tem auxiliado nessa “nova fase”. Não sou vidente, mas Fred não tem se contundido com a frequência com que se contundia, - aliás, a última vez já faz um bom tempo - e isso significa que tem se cuidado em casa, evitando exageros que não se coadunam com a carreira de um atleta profissional.

Essa nova consciência de Dom Fredon é, antes de uma resposta a todos que o criticam, uma resposta a si mesmo de que ainda é um jogador que pode atuar em alto nível se perseverar na determinação dentro dos gramados e nos cuidados com seu corpo e mente fora deles.

Como crítico de Fred, já o questionei quando ameaçou uma greve injusta ou quando parecia que se acomodaria numa situação confortável, respaldada por um contrato que lhe garante um salário absurdamente elevado e pela titularidade que ninguém teve “coragem” de lhe tirar.

Fred poderia continuar sendo considerado o “cone” mais bem remunerado do planeta, mas a sua dignidade como pessoa, e eu acredito nisso, o impulsiona a tornar a ser o jogador de outrora, em busca de alternativas que o conduzam novamente à eficiência, não somente por si, mas também por todos nós torcedores do Fluminense.

Se conseguirá, não se sabe, mas num momento em que as críticas recaem pesadas sobre ele, é preciso reconhecer e elogiar a conduta de um jogador que, pelo menos, tenta mudar um quadro que parecia imutável.

Avante, Fluminense! ST
 

sábado, 27 de setembro de 2014

A Torcida quer Bis!


Sinceramente, eu esperava menos do Flu. E tinha motivos para isso, uma vez que os últimos retrospectos não indicavam que o Tricolor tivesse mais energia para almejar algo no campeonato que não fosse a tranquilidade de uma zona intermediária, equidistante da zona do rebaixamento e do grupo daqueles que se classificam para a Libertadores.

Mas o Fluminense surpreende, para o bem ou para o mal; e hoje, depois de uma longa entressafra de boas apresentações, surpreendeu para o bem.

Depois de um primeiro tempo equilibrado e seguro, sem ser, contudo, perigoso ofensivamente, mas também sem permitir grandes oportunidades ao adversário – a mais perigosa decorreu de uma saída de bola equivocada que engrenou rápido contra-ataque são paulino contido por duas excelentes intervenções de Cavalieri – o Flu retornou para o segundo tempo disposto a ser diferente do que vinha sendo, no jogo e no campeonato.

A lesão de Bruno forçou a entrada de Edson que deu maior consistência ao meio de campo, evitando as perigosas trocas de passes do quarteto mágico paulista. Chiquinho, também lesionado, deixou o campo para a entrada de Carlinhos que, parece, entendeu que é empregado do Fluminense e deve cumprir sua obrigação dentro de campo da melhor forma possível. E esta é a melhor maneira de continuar no Flu, se esse for realmente o seu desejo.

E o Tricolor melhorou sensivelmente. A força no meio de campo, com Edson, tornou a chegada ao ataque mais efetiva e a defesa mais segura, tanto é que nem se percebeu o atabalhoado Elivélton protagonizar lances temerários. E não houve, porque com a defesa bem protegida, Elivélton e o bom Marlon puderam ter tranquilidade para bem defender.

Numa chegada rápida pelo lado direito de ataque, a bola foi cruzada na área e Dom Fredon esticou-se todo para tocar para o fundo das redes e marcar o primeiro gol do Fluminense. Placar merecido pelo bom segundo tempo tricolor. Logo em seguida, porém, o São Paulo avança pelo lado direito de seu ataque e Kardec, impedido, cruza para o centro da área para o seu atacante, livre, marcar o gol de empate.

Nesse momento, o mais importante foi que o Flu não se abateu. Manteve o futebol sério e solidário que vinha jogando até então, solidariedade explicitada pelo lance em que Fred saiu da área para fazer excelente passe para Wagner limpar o marcador e chutar sem chances para Ceni. Mesmo após o segundo gol, o Tricolor continuou mantendo a posse de bola e, de forma inteligente, segurando-a no ataque, sem sofrer grandes sustos.

Já no fim, a cereja no bolo; o gol da tranquilidade. Cícero, cercado por quatro adversários, fez jogada inteligente e sofreu falta na entrada da área. Conca, aquele que se entrega em campo do primeiro ao último minuto, cobrou com perfeição e finalizou o marcador.

Em pleno Morumbi, o único quarteto mágico que se viu foi o do Fluminense: Fred, Wagner, Conca e Cícero ofuscaram o similar paulista.

Três a um Fluminense, ou oito a três no agregado do ano. Placar que não deixa qualquer margem de dúvida sobre quem foi o melhor nos dois embates no campeonato. E vencer duas vezes o São Paulo é tão bom, quanto, ruim, é perder duas vezes para o Vitória. E é essa inconstância que, se for transformada em equilíbiro, pode reconduzir o Fluminense de volta a um caminho seguro rumo à classificação para a Libertadores de 2015, sua meta real.
 
A torcida, agora, quer bis!

Avante, Fluminense! ST
 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O Ver e o Sentir

Eu vi um jogo em que o mandante, no primeiro tempo, esteve acuado, inteiramente submisso à intensa pressão do Grêmio durante quase todo o período. Apático, letárgico, irreconhecível, o Fluminense teve apenas uma boa chance de gol, que nasceu de um belo chute de Cícero, de fora da área. No mais, teve sorte por não ter sofrido um ou mais gols da equipe gaúcha. Carlinhos, nos seus piores dias, e Elivélton, temerário como sempre, foram os destaques negativos de uma equipe que também tinha alguns de seus bons valores bem aquém do que se esperava, como o próprio Cícero, Wagner e Sóbis.
 
Carlinhos, escancaradamente, demonstrava não estar nem um pouco satisfeito em vestir a camisa do Fluminense. Apesar de possuir contrato com o clube e receber elevado salário em dia, andava em campo, errava passes simples e corria para não chegar a lugar algum. Isso estava tão visível que Cristóvão mandou aquecer Chiquinho, por volta dos 25 minutos de jogo, talvez com a intenção de alertar o lateral esquerdo titular.
 
Apesar de ter aquecido desde o primeiro tempo, Cristóvão efetuou a substituição esperada no intervalo da partida, provavelmente para poupar Carlinhos das vaias da torcida. Agiu bem. O time, mais pela saída do lateral do que pela entrada de seu substituto, pareceu ganhar novo fôlego na segunda etapa. Veio mais disposto, marcando a saída de bola adversária e saindo em velocidade nos contra-ataques, principalmente puxados por Jean, seja pela direita, seja pelo meio, ou por Chiquinho, pela esquerda.
 
O jogo ficou aberto. O Flu perdeu boas chances com Fred e o Grêmio, então, passou a jogar como visitante, explorando os contra-ataques. Barcos perdeu ótimas chances, sendo uma desperdiçada no travessão, após bela cabeçada, e outra, em virtude de excelente defesa de Cavalieri. O Tricolor carioca, porém, não se intimidou. Cristóvão acertou novamente ao trocar Sóbis por Kennedy, que deu muito mais movimentação à frente, apesar de sua imaturidade. Num lance em que fez fila, desperdiçou ótima chance ao arriscar o chute pressionado, quando Fred, livre, esperava o passe para concluir para o gol com melhor ângulo.
 
Vi, portanto, um Flu muito melhor no segundo tempo do que no primeiro, mas com um zagueiro fraco, Elivélton, que não pode assumir a condição de titular do Fluminense e um lateral, Carlinhos, que, em virtude de problemas contratuais, está visivelmente desgostoso em vestir a camisa tricolor. Vi também um Fred participativo que, quando deixou a área, armou boas jogadas, porque além do faro de gol, tem qualidade no passe.
 
Apesar de o resultado ter sido ruim, o que tem sido uma constante ultimamente, foi justo e manteve o Flu ainda mais longe da sonhada vaga para a Libertadores.
 
O que eu senti, contudo, foi uma equipe sem ambição, que parece estar satisfeita se conseguir alcançar pontos suficientes para evitar qualquer risco de rebaixamento. Sentimento envolve outros valores, como a análise do contexto, a percepção e até mesmo intuição. E o que sinto, infelizmente, é que os desmandos da diretoria que repercurtem dentro do elenco, a carência de jogadores e a falta de vontade e de qualidade técnica de alguns deles são obstáculos para que o Fluminense almeje algo melhor este ano.
 
Apesar da possibilidade matemática de se conseguir a vaga no grupo dos quatro, o tricolor parece não ter forças para ir mais longe. Não se trata de fase ruim. Fases ruins todos têm. O Fluminense parece que atingiu seu limite e nada indica que esses jogadores estão motivados o suficiente, quando deveriam estar, para ir adiante. Ecos, talvez, de equívocos no planejamento, principalmente quando parte desse elenco deveria ter sido reciclado e o departamento de futebol deveria ter sido mais atuante e firme na imposição das determinações do Clube e não se submeter, como se submete, a interesses menores e grupelhos de jogadores insatisfeitos com pagamentos de premiações e outros problemas contratuais.
 
Avante, Fluminense! ST

domingo, 21 de setembro de 2014

Mais Distante do G4


Foi um jogo sem riscos, pelo menos riscos planejados, até porque de temerária já basta a zaga tricolor, suficiente, por si só, para deixar apavorado qualquer tricolor. Os dois times não ousaram, utilizaram a estratégia da cautela, por mais que o empate não fosse um bom resultado para ambos. O flamengo pretendeu jogar no erro Tricolor e fez isso com eficiência na primeira etapa. E o Flu não tinha muita estratégia, eram toques para o lado e para trás, pouquíssimo aproveitamento das laterais e algumas bolas alçadas à área.
 
E os excessivos erros de passes do time do Flu no primeiro tempo foram responsáveis pelas maiores chances ofensivas rubro-negras, dentre elas o gol, decorrente , também, de sucessivos equívocos do sistema defensivo: Henrique, Valência e, por fim, Elivélton.
 
O flamengo foi melhor no primeiro tempo, porque foi rápido e organizado. O Flu foi novamente um arremedo de time, porque foi lento e desorgnizado. Além da preguiça, os passes errados oriundos principalmente da dificuldade em encontrar um parceiro livre para receber a bola, deram origem às principais chances do adversário.

Ainda que mal, o Flu aproveitou bem uma falta cobrada por Conca que Fred, bem ao seu estilo, desviou para dentro empatando o jogo.

O Tricolor voltou para o segundo tempo mais arrumado e minimamente mais aplicado, o que foi suficiente para equilibrar as ações e tornar o Flu melhor que o fla nos minutos iniciais, momento em que Fred obrigou Paulo Vítor a realizar espetacular defesa. Houve mais uma boa chance perdida logo após e só. Pelo menos um alento: Cristóvão conseguiu, no intervalo, melhorar e não piorar o time.

Cristõvão, manietado pelas substituições que fez por conta das contusões (Henrique e Valência) pouco pôde fazer para mudar o panorama da partida, que se desenrolou, a partir dos quinze minutos da segunda etapa, como um jogo que agradava a ambas as equipes, afinal de contas, com o empate o fla se distanciava ainda mais da zona do rebaixamento e o Flu, em que pese o empate ter sido terrível para as pretensões de retorno ao G4, amainava um pouco o vexame de Salvador. Além disso, como um empate num clássico é sempre um resultado que pode ser considerado normal, a pressão sobre Cristóvão também dever arrefecer, pelo menos até a próxima partida.

Está claro que o Flu precisa de um homem de velocidade que faça a rápida ligação da defesa ao ataque. Isso é óbvio. Acontece, porém, que nos melhores dias de Cristóvão no Flu, essa carência era suprida por um toque de bola rápido e envolvente, e por uma marcação forte à saída de bola adversária. Havia um time compacto que, se não era rápido, era eficiente sem possuir um jogador com a característica da velocidade.

Então a ausência do “elo de ligação veloz” explica, mas não justifica os recentes malogros do Tricolor. A zaga, sim, essa justifica bem mais algumas derrotas. Elivélton é temerário, para dizer o menos. Henrique tem técnica, mas é lento e, ao que parece, tem jogado no sacrifício por conta de lesões que, oxalá, não sejam crônicas.

Conca, cujo sacrifício dentro de campo sempre é capaz de apagar seus erros, está mal. E não é de hoje. Tem feito muita falta a sua contribuição efetiva na criação, principalmente quando Cícero é posicionado, como hoje, mais à frente, quase como um segundo atacante. Wagner, embora cumpra função tática importante, nunca foi e nunca será o parceiro ideal do argentino na criação.

Fred tem se esforçado; isso é visível. Fez um gol e poderia ter feito outro. Seu mérito é estar buscando jogo a jogo voltar à forma física e técnica dos tempos da Copa das Confederações. Não sei se isso um dia será possível, mas é preciso dar-lhe um voto de confiança, crédito que ele merece.

O resultado acabou sendo justo, mas o Flu, se forçasse um pouco mais poderia ter saído com a vitória. De qualquer forma, a se lamentar apenas a terrível derrota para o lanterna da competição, não o empate de hoje, resultado normal para um clássico desse porte e suficiente para evitar mais uma crise, daquelas que têm assolado o Tricolor nos últimos tempos.

Avante, Fluminense! ST
 
Foto: Lancenet.
 

sábado, 20 de setembro de 2014

Onde Está a Verdade?


“Telefone sem fio” é o nome de uma brincadeira infantil. Retrata com propriedade o quão perniciosa é a transmissão de uma informação de boca em boca que, não raro, modifica completamente o texto emitido originariamente quando chega aos ouvidos do receptor final, em decorrência da interpretação que cada um dá acerca daquilo que ouviu em baixa voz de seu antecedente e repassa, segundo seu entendimento, ao ouvinte subsequente. É uma forma lúdica, embora esse não seja o objetivo principal da brincadeira, de mostrar os riscos da boataria inconsequente, que pode se iniciar inofensiva e tornar-se, durante seu trajeto até o destinatário final, uma avalanche de informes desconexos e infundados que, via de regra, provoca danos e enseja reparações.

Através desse disse me disse irresponsável, diversas injustiças foram praticadas, verdades transformaram-se em mentiras e mentiras em verdades, alimentando-se o apetite voraz daqueles que, ao invés de procurarem elucidar os fatos, satisfazem-se em fomentar ondas de informações sem a veracidade comprovada.

Se essa disseminação inconsequente de notícias sem fundamento já era um mal antes do surgimento da internet, e já o era desde que as primeiras sociedades surgiram, e desde então modificou-se apenas o seu meio de propagação, nestes tempos em que a informação viaja quase que instantaneamente, transformou-se num turbilhão de dados, falsos ou não, que grassam pelas redes sociais induzindo a formação de opinião de milhões de internautas. Mesmo as informações fundamentadas, diante de um cenário em que cada um interpreta como lhe convém a notícia que recebe, podem ser desvirtuadas e, geralmente o são, no mundo virtual.

Daí se pode imaginar o risco elevado de se ter como fonte única de informação as redes sociais, porquanto são delas que, infelizmente, a maioria dos internautas retira as informações que julgam suficientes para a formação de seus juízos de valor em relação aos assuntos que são relevantes para o seu dia a dia.

E, mesmo quando o assunto é futebol, a internet é um campo fértil para a propagação de toda a sorte de notícias divulgadas sem a devida comprovação. Aliás, o interesse pelo esporte bretão, as paixões que ele movimenta, determinam um alcance longuíssimo para qualquer informação veiculada, e mais distante irá quanto maior prejuízo a alguém causar, até porque o melhor combustível para a sua propagação é a maledicência, a vulgarmente conhecida “fofoca”.

Tem sido assim o ano de 2014 para o Fluminense. Informações supostamente oriundas de gente que tem acesso aos nomes influentes do clube, ou de quem conhece quem tem acesso a essas pessoas, são disseminadas aos borbotões nas redes sociais.

Já se falou, por exemplo, que a equipe estaria dividida em grupos, e que um deles teria se insurgido contra a nova política de salários e investimentos do Fluminense e de sua patrocinadora. O resultado teria sido a “entrega do jogo” contra o América de Natal, o que causou, de forma vexatória, a eliminação do time da Copa do Brasil. Para outros, a eliminação teria sido também proposital, mas não em razão de questões financeiras; decorreria da simples opção pela disputa da Copa Sul-Americana, que seria mais relevante do que a competição nacional.

Essa segunda teoria parece ter caído por terra, quando, logo em seguida, o Tricolor também foi eliminado da disputa sulamericana. E aí as vozes que deram como certo o “corpo mole” de alguns atletas, ganharam ênfase, particularmente quando o jogador Carlinhos foi afastado sem motivos justificáveis e Cavalieri contraiu uma “gravíssima” gastroenterite, capaz de tirá-lo dos gramados por oito partidas consecutivas. Coincidentemente ou não, esses dois jogadores discutiam com a diretoria as renovações de seus contratos que vencem no fim deste ano.

Basicamente, a boataria dá conta de que as questões financeiras que afligem parte do elenco tricolor decorrem da política de redução dos prazos contratuais, em caso de renovação, e do pagamento por vitórias do time, que deverá ser feito somente ao final da competição. O receio de calote, não sem fundamento, teria levado um grupelho a articular retaliação dentro de campo, como se viu contra o América de Natal, Botafogo e, mais recentemente, contra o Vitória da Bahia e exigido que a partida contra o Bahia seja realizada em Brasília, revertendo-se para os seus bolsos a cota que caberia ao Flu, cerca de um milhão de reais, com o fim de adimplir-se os débitos referentes aos pagamentos por vitórias.

Até Cristóvão teria sido demitido após a derrota para o time baiano.

Ainda há a cereja no bolo das teorias conspiratórias que minam o Tricolor e ela repousa sobre a estrela ca companhia, Fred. Já perseguido por parte da torcida por motivos de ordem técnica, teria sido sacado antes de o time “decidir” entregar os jogos para os seus adversários, como nos casos das partidas contra o América de Natal e Vitória/Ba, a fim de que sua imagem não se tornasse ainda mais maculada perante os torcedores.

Boatos como esses levaram alguns torcedores ao aeroporto para prostestarem contra os jogadores. Nenhum deles atirou-lhes moedas sem motivo e o motivo foi a pecha que assumiram perante parte da torcida tricolor, aquela que recebeu e encampou como verdade as notícias acerca de suas exigências financeiras, de que seriam “mercenários”. Afinal de contas, profissionais muito bem remunerados como são os jogadores tricolores, jamais poderiam se insurgir, pelo menos como, supostamente, teriam feito – fazendo corpo mole em jogos – em virtude de uma nova proposta de pagamento de “bichos” por vitórias ou por desavenças contratuais. Nada que não poderia ter sido resolvido no âmbito interno, sem que viesse à tona uma insatisfação que foi logo transformada numa enorme teoria conspiratória.

E como saber se tudo isso é verdade ou não, se as teorias têm fundamento, se os boatos são verdadeiros? Afinal de contas, a inconstância do Fluminense em 2014 poderia simplesmente decorrer da falta de um elenco apto, ou de deficiência técnica de alguns jogadores, ou da preparação física inadequada, ou de pura preguiça etc.

Parte da torcida, contudo, preferiu acreditar nas teorias conspiratórias. E com certa razão. Isso porque a melhor e mais eficiente forma de se encerrar o boato mentiroso é a exposição da verdade pela parte interessada. Assim como eu e você, jogadores, comissão técnica, diretoria tiveram conhecimento das notícias veiculadas pelas redes sociais. Cavalieri mesmo chegou a dizer à imprensa que estava magoado por ter sido tachado de “mercenário” por parte da torcida, mas em momento algum negou seu pedido de reajuste salarial ou explicou a gravidade da “gastroenterite” que o manteve fora dos gramados tempo demais para uma doença não tão grave assim. Carlinhos nem isso fez. A diretoria também não; em momento algum, mesmo após as derrotas acachapantes, quando Twitter, Whatsapp e Facebook, principalmente, fervilhavam intensamente com tricolores indignados entoavam coros de “mercenários!”, apareceu uma voz oficial, idônea, que desmentisse a boataria generalizada.

Em momentos de crise, de revolta, todos ficamos mais suscetíveis a acreditar na explicação que parece mais óbvia. E a explicação mais óbvia que circulou e ainda circula nas redes sociais é de que alguns jogadores manipulam da forma que bem entendem os destinos do Fluminense, sempre em razão de suas conveniências.

Se é verdade, não se sabe. O que é certo, porém, é que, quando o Clube se cala nos momentos de crise, conspira contra si mesmo, fomentando toda a sorte de verdades ou inverdades que circulam sob a forma de boatos e teorias infundadas que formarão opiniões conflitantes, dividirão a torcida e serão danosas ao Clube e aos seus jogadores.

Para evitar isso não é preciso fazer muito, basta apenas dizer a verdade, custe o que custar. O Fluminense precisa da autoridade de seu presidente ou de quem quer que o represente, porque o silêncio, quando a sua palavra é necessária, confunde, inquieta e insufla a torcida.

Avante, Fluminense! St
 


 

 

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

I N D I G N O S

Perder para o pior time do campeonato por duas vezes eu até admitiria, desde que com dignidade.
 
O que eu não admito é estar vencendo essa mesma equipe, com a partida sob controle, adversário pressionado pela torcida e pela posição na tabela e, simplesmente, por displicência, incompetência, seja lá o que for, dar-lhe de presente a vitória.
 
Foi isso o que o Fluminense fez: entregou três pontos ao Vitória.
 
Eu presenciei uma equipe entregue, moribunda, descompromissada e um treinador que não está à altura da gloriosa história tricolor, um treinador que, precisando vencer, reforça o sistema defensivo, que não sabe mudar o panorama de uma partida em andamento e que, como uma mentira, tem pernas curtas.
 
Cristóvão é um engodo. Enganou por algum tempo, não engana o tempo todo. 
Seu time é um bando onde cada um faz o que quer. Andarilhos, literalmente, sem destino, sem comando e sem vontade.
 
Vejo equipes menos qualificadas, como o próprio Vitória, correrem, darem a alma e algo mais em campo, vejo até jogadores de clubes falidos se desdobrarem para honrar as camisas que vestem, mas no Fluminense não vejo nada, nem vontade, nem desejo, nem gana, nada...
 
 Jogo sim, jogo não, tem sido deprimente assistir ao Fluminense; aliás, não foi a primeira e talvez não seja a ultima, até porque o ano ainda não terminou e desse bando não podemos esperar mais nada além de sucessivas desonras à camisa e à torcida tricolor.
 
São indignos que merecem muito mais do que moedas no lombo, merecem ser escorraçados do Fluminense. E que alguém tenha peito para isso, porque já basta de humilhação.
 
Eu quero um 2015 diferente. Não quero craques, só quero comprometimento, tudo o que faltou nesses dois últimos anos.
 
Avante, Fluminense! ST
 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sonho Possível


O Fluminense foi espetacular? Não, longe disso. Depois de três empates seguidos, porém, a vitória era quase uma imposição.

E ela veio contra um adversário fragilizado tanto na tabela quanto em campo, repleto de desfalques. Nada, porém, que diminua o mérito tricolor, que, como disse, se não foi brilhante, teve determinação e aproveitou bem as poucas oportunidades criadas na partida.

O Palmeiras lutou, dentro de suas limitações, vendeu cara a derrota.

E o Fluminense teve altos e baixos no jogo, como tem sido no próprio campeonato, mas teve a competência, aliada à sorte, de fazer o primeiro gol antes dos 10 minutos iniciais em jogada de Chiquinho, pelo lado esquerdo do ataque, para a conclusão de Fred, já caído. Depois veio o segundo de pênalti, bem cobrado por Fred, que, aos poucos, vem procurando ser o atacante de outrora, desfazendo a imagem negativa pós-Copa.
 
A vitória parcial relaxou o tricolor e trouxe o porco para cima.

Bem fechado, o time alviverde, forçava o Fluminense a tocar bolas laterais e para trás, tornando-o praticamente sem opções ofensivas.

No segundo tempo a partida tornou-se mais franca. O Flu recuou após a troca de Sóbis por Valência e o Palmeiras perdeu boas oportunidades para empatar, a primeira logo no ínicio da segunda etapa. Com a saída de Chiquinho, machucado, a torcida pôde observar o jovem Fernando, grata surpresa e revelação da base tricolor (mais uma), que jogou com desenvoltura pelo ado esquerdo do campo.

De tanto atacar, Fernando deixou alguns espaços atrás proporcionando ao Palmeiras certa facilidade à defesa tricolor (nada que uma boa cobertura não resolva). Neste ponto vale ressaltar que a zaga e os laterais eram reservas, Fernando, inclusive, o segundo reserva, circunstância que serve para amainar os erros defensivos do Flu.

Conca deu números finais ao jogo em cobrança de falta, bem ao estilo do que já havia feito anteriormente contra o Sport.

Vitória importantíssima, principalmente porque o Flu não jogou com o seu sistema defensivo titular, mas foi eficiente quando chamdo a decidir.

Fred, Conca, Marlon e Wagner foram os destaques de um time que mereceu a vitória porque jogou sério, com determinação e foi bem superior ao adversário. Fernando foi uma boa surpresa e Chiquinho, enquanto em campo, era uma boa opção ofensiva pela esquerda. Carlinhos que se cuide. Cavalieri, curado da gastroenterite, retornou bem à meta tricolor.

Para quem acha que vamos lutar apenas contra o rebaixamento a tarefa ficou mais fácil, pois faltam apenas 12 ou 13 pontos; para quem ainda acredita em vaga na Libertadores, ficou a esperança de que ela é um sonho palpável.

Avante, Fluminense! ST

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Uma Inconstância Constante


Com as ausências de Fred e Sóbis, e ainda de Walter, no banco, Cristóvão perdeu uma grande oportunidade de ressuscitar aquele esquema que deu certo e que foi abortado com o retorno de Fred após a Copa do Mundo, o 4-5-1.
 

Ou, talvez, Cristóvão não tenha querido trazê-lo novamente à baila pela simples razão de que seria mais uma vez desconsiderado, porque com a volta de Fred, titular absoluto, o esquema necessariamente deve ser outro, o da inconstância.

 
Digo isso porque seria simples, até para um leigo, posicionar o único atacante em campo na área, seu devido lugar. Kennedy é jovem, movimenta-se bem, e ainda ajudaria na marcação, algo que Sóbis, naquele esquecido 4-5-1, fazia bem.
 

Dessa forma, não perderia o talento de Cícero, cuja visão de jogo e habilidade poderiam ser fundamentais para tornar o time mais ofensivo e com mais alternativas de ataque. Um Cícero avançado que, juntamente com Conca, dividiria a tarefa de armar o Flu.
 

Mas Cristóvão optou por Cícero no ataque e Kennedy fora dele. E o Flu até foi melhor no primeiro tempo, superior, mas não supremo. Teve duas boas chances, uma com o próprio Cícero e outra com seu parceiro Conca, que lançou a bola no travessão adversário.

 
Mas se o ataque era uma inovação, a defesa era a desolação; principalmente em razão da insegurança visível de Elivélton. Mal na partida, foi facilmente driblado pelo atacante catarinense que chutou por baixo de suas pernas e também das pernas de Cavalieri, para marcar o gol do Figueira.
 

Uma vitória injusta até então.

 
No segundo tempo o Flu persistia melhor, sem muita objetividade, porém melhor. E ainda poderia correr riscos atrás, pois Elivélton, por pior que seja, atua como zagueiro, e, após sofrer uma pancada na cabeça, não retornou para a etapa complementar.
 

Cristóvão o substituiu por Biro Biro e deslocou Diguinho para a zaga. Para nossa sorte, o adversário não deu muita atenção ao fato de que o Tricolor jogava improvisado na defesa e pouco incomodou, principalmente depois que ficaram com déficit de um jogador em campo.
 

Aí foi ataque contra defesa, mas um ataque desordenado, insubsistente, viciado em lançamentos para a área, como se Fred lá estivesse à espera da bola. Foi assim, improdutividade pura, por cerca de dezoito minutos, até que Bruno resolveu equilibrar as coisas e também foi expulso.

 
A expulsão foi exagerada em razão da jogada, típica de cartão amarelo, mas foi justa na medida em que retirou de campo um jogador que pouco ou nenhum compromisso teve durante a partida. E o lance que ensejou o cartão vermelho diz tudo. Futebol é coisa séria, envolve dinheiro, emoção e paixão e Bruno quis apenas para si os holofotes ao tentar enfeitar uma jogada que parecia simples.
 

De qualquer forma, mesmo em quantidade igual, o Figueirense insistiu em manter-se defensivo demais e sofreu o justo gol de empate tricolor. Kennedy chutou de fora da área. Deu sorte, a bola desviou em alguém, subiu, foi no travessão e voltou na cabeça do “atacante” Cícero que marcou o gol da justiça e que dava a igualdade ao Fluminense.

 
Era jogo para três pontos, muito em função de o adversário estar repleto de desfalques e, porque, faltou ao Flu maior poder ofensivo e inteligência para vencer quando teve vantagem numérica dentro de campo.
 

De toda a sorte, para um olhar otimista como o meu, ficou a certeza de que o título que o tricolor almeja será no máximo uma vaga na Libertadores de 2015. Essa inconstância constante não o levará mais longe e, se a conquistarmos, o ano estará ganho.

 
Avante, Fluminense! ST
 
Foto: Lancenet
 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

"Pai, Foi o Melhor Dia da Minha Vida"

"Pai, foi o melhor dia da
minha vida".

Quem disse isto foi a Júlia, minha filha de oito anos, após a sua estreia no Maracanã.

Curtiu o jogo, interagiu com a torcida, cantou e gritou. ...


Minha filha é tricolor. Nada será capaz de mudar isso, porque ela sentiu na alma o que é torcer para o Fluminense.

Não viu uma vitória, mas pulou e comemorou como se fosse uma veterana os três gols.

E, para dizer a verdade, para ela o mais importante era estar ali, fazendo parte daquele momento.

E ainda repetiu diversas vezes o lance do Conca: "Pai, ele abriu as pernas e fez assim, ó", procurando reproduzir sua jogada magistral em que, num único lance se livrou de dois jogadores adversários.

Agora é irreversível. A Júlia foi contaminada por esse sentimento inexplicável de amor e paixão que é torcer pelo Fluminense.

E agora eu posso dizer, assim como ela, que este foi o dia mais feliz da minha vida.
 
Avante, Fluminense!