Pacta sunt servanda é um brocado latino que exprime a
ideia de que os contratos devem ser respeitados. Pode parecer um assunto de
somenos importância a localização dos torcedores de Fluminense e Vasco no
Maracanã, mas tudo o que envolve o futebol compreende, de certa forma, paixão;
e aí qualquer discussão que abarque dois clubes rivais ganha especial
relevância.
É notório que o Fluminense contratou com o
consórico Novo Maracanã a utilização do estádio pelo prazo de trinta e cinco
anos. Uma das cláusulas do acordo determina que a torcida do Fluminense ocupará
o setor sul, ou seja, aquele que fica à direita das cabines de rádio.
Os vascaínos, antigos usuários do espaço no
antigo estádio, acreditam que têm o direito eterno de continuarem se
posicionando no local nos confrontos contra o Fluminense. Não discuto aqui a
legitimidade do direito vascaíno no velho Maracanã, e o Fluminense jamais o
questionou, acatando os posicionamentos fixos das torcidas do Flamengo e do Vasco, à esquerda e à direita das cabines respectivamente.
Nenhum direito, todavia, deve ser considerado
absoluto, sobretudo quando enterrado juntamente com um estádio que não existe
mais. A relação jurídica entre o Vasco e a Municipalidade, então administradora do estádio, findou. Agora há uma nova, entre o Consórcio, novo administrador, e o Fluminense.
Ao imbróglio, acrescentou-se, porém, um novo
ingrediente: um malfeitor travestido de dirigente de futebol, que, a pretexto
de defender um suposto direito do seu clube, pretende revivescer práticas
vetustas que não se coadunam com o futebol.
Esse dirigente reuniu-se durante a semana com o
Presidente do Fluminense e o vice-presidente do Consórcio do Novo Maracanã e
ouviu destes que o posicionamento da torcida tricolor decorre de um contrato e
este deve ser cumprido. Nada pessoal, apenas a preservação de um acordo
legítimo e praticado sob o pálio da Lei.
Não satisfeito, porque a legalidade sempre lhe
foi um estorvo, procurou seu cupincha na Federação do Estado do Rio de Janeiro,
outro vezeiro em práticas obscuras, para fazer valer a sua vontade. (Leia em: http://www.lancenet.com.br/fluminense/Reuniao-Ferj-escolher-Maraca-Estadual_0_1261074053.html).
A FERJ, então, mancomunada com seu comparsa de
longa data, determinou, não se sabe com que fundamento, que durante o
campeonato carioca será ela, pasmem, a própria FERJ, quem determinará o
posicionamento das torcidas nos estádios. E não precisamos ser videntes para
sabermos que nos jogos contra o Vasco o senhor Rubinho dará aos cruzmaltinos o
que tanto anseiam.
Do lado de cá, porém, temos um presidente que,
se pecou por omissão n’outras oportunidades, desta vez foi ágil e certeiro na
resposta: O Fluminense lutará por seus direitos até o fim!
E isso quer dizer, trocando em miúdos, que a
bravata proposta por Eurico Miranda e Rubens Lopes, assim como a mentira, tem
pernas curtas. Primeiro, porque a Federação de Futebol do Rio não tem
atribuição para imiscuir-se no posicionamento das torcidas dentro de um estádio
de futebol; segundo, porque nenhuma portaria, regulamento, seja lá o que for,
que pretenda o contrário, não pode se sobrepor aos termos de um contrato em
vigor, realizado sob a égide das determinações legais estampadas no Código
Civil e na Constituição da República.
A falácia do senhor Eurico, assim, não vai
longe, até porque o direito está ao lado do Fluminense. O meu temor é a sua presença
nefasta novamente no ambiente do futebol e, daí, a suspeita concreta de que
sempre estará planejando tirar proveito de suas relações escusas para favorecer
o seu clube e prejudicar o Fluminense. Isso já aconteceu antes e, pelo bem do
futebol, não pode ocorrer novamente.
A luta do Presidente Peter, a partir de agora,
é também a luta da torcida tricolor. Não se trata mais da disputa por um lugar
no estádio. A contenda é bem maior, é pela prevalência do direito, da honradez
e da boa-fé. É pela própria lisura do futebol e pela dignidade dos homens que o
comandam. É a luta contra homens como Eurico Miranda.
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