segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Geração esperança

Uma geração de tricolores associa o Fluminense à marca Unimed. Acostumaram-se à montagem de equipes caras que ensejaram as conquistas dos títulos da Copa do Brasil, em 2007, dos campeonatos brasileiros em 2010 e 2012, cariocas de 2002 e 2012, além dos quase-títulos internacionais, os vices da Libertadores da América e da Copa Sulamericana que, se não foram conquistas materiais, trouxeram para o clube enorme visibilidade internacional.

Não há dúvida, assim, de que toda uma legião de jovens tricolores nascida durante a primeira parte dos anos 1990 até o período de suscessivos rebaixamentos do clube teve a láurea de crescer assistindo à parceria Flu-Unimed e ao período mais vitorioso da história do Fluminense.

Estão, ou melhor, estamos mal acostumados por certo. O que diferencia as gerações anteriores desta é que nós, os mais antigos, vivemos as tempestades e as bonanças, enquanto a geração Unimed viveu apenas os dias ensolarados. Mesmo nos piores momentos, em 2009 e 2013, foram fatores outros que não a falta de investimento os motivos pelos quais aquelas equipes não funcionaram.

O motivo deste texto é, basicamente, alertar a essa geração de que o Fluminense continua e que, se não haverá, doravante, tantos “medalhões” vestindo a camisa tricolor, isso não significa, por si só, que teremos uma equipe menos guerreira ou competitiva. Significará, por certo, menos ingerência do presidente da patrocinadora – que sempre se arvorou o direito de interferir nas contratações, tanto de jogadores como de treinadores e até comissão técnica – e possibilite maior liberdade aos mandatários tricolores na escolha do elenco e no planejamento dos destinos do futebol.

Vale lembrar, também, aos mais jovens, que houve época em que as camisas dos times de futebol continham apenas o escudo e o número. Patrocínio é algo recente, do início dos anos 1980 e, antes disso, os clubes se mantinham com seus próprios recursos e, nem por isso, formavam más equipes. O Fluminense, por exemplo, foi campeão carioca de 1951 e conquistou a Copa Rio de 1952 com um “timinho”, hoje reconhecidamente um timaço, mas que, à época, era considerado de baixo investimento; ainda foi campeão carioca em 1969 e campeão brasileiro em 1970 com um escrete magnífico que, longe de ser milionário, jogava com honra – quem conhecia antes de virem para o Flu nomes como Cafuringa, Mickey, Flávio, Samarone e Lula? Foi o Fluminense a vitrine para que se mostrassem os grandes jogadores que eram. Montou a máquina tricolor em 1975/1976 na base do troca-troca fomentado pelo eterno presidente Francisco Horta; conquistou o título carioca de 1980 com outro “timinho”; foi campeão brasileiro de 1984 e tri carioca 83/85 com outra equipe considerada de baixo investimento e que, posteriormente, foi considerada uma das melhores de toda a história tricolor; em 1995, contra o rival Flamengo, o inesquecível título carioca também foi de um time sem qualquer patrocínio.

Sem muito dinheiro, mas com muito amor; foi assim que o Fluminense conquistou grandes vitórias e formou equipes antológicas.

Os “timinhos” deram ao Fluminense, além destas, outra incontáveis conquistas. Não havia “mundos e fundos” para investir, não havia mecenas; havia somente o desejo de vencer. Nenhum demérito aos “timinhos” tricolores, uma vez que as conquistas os transmudaram em equipes épicas que enriqueceram sobremaneira a nossa gloriosa história.

Eram outro tempos, com certeza. O dinheiro possuía menos impacto do que hoje na montagem de um bom time, mas, de toda a sorte, não se vislumbra um Fluminense absolutamente desprovido de recursos. Se não há a fartura de outrora, ainda temos as verbas de patrocínio da Adidas e da Viton 44, as receitas de bilheteria, os direitos de transmissão das partidas, os valores do projeto sócio-torcedor, dentre outros.

Portanto, nada há de desesperança. Muito ao contrário, a falta de dinheiro da Unimed poderá trazer ao Fluminense outros valores, até então recônditos, que farão revivescer no Flu as glórias de outrora, a mística dos “timinhos” e das vitórias arrancadas à base de “suor e sangue”.

Serão tempos novos, difíceis, mas eivados de esperança de que o destino tricolor poderá ser construído com a capacidade de seus gestores e com a força de sua torcida.

Foi-se a geração Unimed; que venha a geração esperança.


Feliz Natal e próspero Ano Novo a todos os tricolores! Que em 2015 possamos novamente gritar “É campeão!”.

Avante, Fluminense! ST

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