Uma geração de tricolores associa o Fluminense
à marca Unimed. Acostumaram-se à montagem de equipes caras que ensejaram as
conquistas dos títulos da Copa do Brasil, em 2007, dos campeonatos brasileiros
em 2010 e 2012, cariocas de 2002 e 2012, além dos quase-títulos internacionais,
os vices da Libertadores da América e da Copa Sulamericana que, se não foram
conquistas materiais, trouxeram para o clube enorme visibilidade internacional.
Não há dúvida, assim, de que toda uma legião de
jovens tricolores nascida durante a primeira parte dos anos 1990 até o período
de suscessivos rebaixamentos do clube teve a láurea de crescer assistindo à
parceria Flu-Unimed e ao período mais vitorioso da história do Fluminense.
Estão, ou melhor, estamos mal acostumados por
certo. O que diferencia as gerações anteriores desta é que nós, os mais
antigos, vivemos as tempestades e as bonanças, enquanto a geração Unimed viveu
apenas os dias ensolarados. Mesmo nos piores momentos, em 2009 e 2013, foram
fatores outros que não a falta de investimento os motivos pelos quais aquelas
equipes não funcionaram.
O motivo deste texto é, basicamente, alertar a
essa geração de que o Fluminense continua e que, se não haverá, doravante,
tantos “medalhões” vestindo a camisa tricolor, isso não significa, por si só,
que teremos uma equipe menos guerreira ou competitiva. Significará, por certo, menos
ingerência do presidente da patrocinadora – que sempre se arvorou o direito de interferir
nas contratações, tanto de jogadores como de treinadores e até comissão técnica
– e possibilite maior liberdade aos mandatários tricolores na escolha do elenco
e no planejamento dos destinos do futebol.
Vale lembrar, também, aos mais jovens, que
houve época em que as camisas dos times de futebol continham apenas o escudo e
o número. Patrocínio é algo recente, do início dos anos 1980 e, antes disso, os
clubes se mantinham com seus próprios recursos e, nem por isso, formavam más
equipes. O Fluminense, por exemplo, foi campeão carioca de 1951 e conquistou a
Copa Rio de 1952 com um “timinho”, hoje reconhecidamente um timaço, mas que, à
época, era considerado de baixo investimento; ainda foi campeão carioca em 1969
e campeão brasileiro em 1970 com um escrete magnífico que, longe de ser
milionário, jogava com honra – quem conhecia antes de virem para o Flu nomes
como Cafuringa, Mickey, Flávio, Samarone e Lula? Foi o Fluminense a vitrine
para que se mostrassem os grandes jogadores que eram. Montou a máquina tricolor
em 1975/1976 na base do troca-troca fomentado pelo eterno presidente Francisco
Horta; conquistou o título carioca de 1980 com outro “timinho”; foi campeão
brasileiro de 1984 e tri carioca 83/85 com outra equipe considerada de baixo
investimento e que, posteriormente, foi considerada uma das melhores de toda a
história tricolor; em 1995, contra o rival Flamengo, o inesquecível título
carioca também foi de um time sem qualquer patrocínio.
Sem muito dinheiro, mas com muito amor; foi
assim que o Fluminense conquistou grandes vitórias e formou equipes
antológicas.
Os “timinhos” deram ao Fluminense, além destas,
outra incontáveis conquistas. Não havia “mundos e fundos” para investir, não
havia mecenas; havia somente o desejo de vencer. Nenhum demérito aos “timinhos”
tricolores, uma vez que as conquistas os transmudaram em equipes épicas que
enriqueceram sobremaneira a nossa gloriosa história.
Eram outro tempos, com certeza. O dinheiro
possuía menos impacto do que hoje na montagem de um bom time, mas, de toda a
sorte, não se vislumbra um Fluminense absolutamente desprovido de recursos. Se
não há a fartura de outrora, ainda temos as verbas de patrocínio da Adidas e da
Viton 44, as receitas de bilheteria, os direitos de transmissão das partidas,
os valores do projeto sócio-torcedor, dentre outros.
Portanto, nada há de desesperança. Muito ao
contrário, a falta de dinheiro da Unimed poderá trazer ao Fluminense outros
valores, até então recônditos, que farão revivescer no Flu as glórias de
outrora, a mística dos “timinhos” e das vitórias arrancadas à base de “suor e
sangue”.
Serão tempos novos, difíceis, mas eivados de
esperança de que o destino tricolor poderá ser construído com a capacidade de
seus gestores e com a força de sua torcida.
Foi-se a geração Unimed; que venha a geração
esperança.
Feliz Natal e próspero Ano Novo a todos os
tricolores! Que em 2015 possamos novamente gritar “É campeão!”.
Avante, Fluminense! ST
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