(Publicado no site Panorama Tricolor em 11.12.2014)
O Fluminense e a Unimed encerram uma parceria de 15 anos. A relação, já desgastada, deu sinais, durante o ano, de que já estava com os dias contados. Foram constantes as notícias de que a empresa de planos de saúde “fecharia as torneiras” e de que contratos poderiam ser revistos. Avisos, assim, houve.
O Fluminense e a Unimed encerram uma parceria de 15 anos. A relação, já desgastada, deu sinais, durante o ano, de que já estava com os dias contados. Foram constantes as notícias de que a empresa de planos de saúde “fecharia as torneiras” e de que contratos poderiam ser revistos. Avisos, assim, houve.
Esses quinze anos tornaram o Fluminense e a
Unimed quase que indissociáveis. As marcas se amalgamaram de tal forma que,
quando se lia Unimed, via-se o Fluminense e, quando se falava em Fluminense,
automaticamente se pensava em Unimed. E foi bom para os dois. Alavancou os
associados da empresa de planos de saúde e deu ao Fluminense aporte financeiro
invejável para a formação de grandes times e os títulos Brasileiros de 2010 e
2012, a Copa do Brasil de 2007, os campeonatos cariocas de 2002, 2005 e 2010, o
título da série C em 1999, além de vice-campeonatos na Libertadores da América
e na Copa Sul-Americana.
Não se pode, assim, reclamar do investimento do
patrocinador. Pode-se questionar, talvez, a interferência, muitas vezes
despropositada, do seu presidente, Celso Barros, menos por sua culpa do que
pela culpa de quem a permitia. Celso é um grande tricolor. Seus investimentos
lhe deram, segundo seu ponto de vista, o direito de interferir em contratações
de jogadores e comissão técnica. Se as asas lhe tivessem sido cortadas desde o
início, talvez o Fluminense, hoje, tivesse contabilizado mais títulos.
Mas não se deve chorar sobre o leite derramado.
No todo valeu a pena.
Chegou a hora, contudo, de mudar; não por
iniciativa do Fluminense, mas em decorrência da grave crise financeira por que
passa a empresa investidora que, unilateralmente rescindiu o contrato de
parceria. Esse momento chegaria um dia, e o Fluminense deveria estar preparado
para ele.
É claro que o Flu não poderá trilhar seu
caminho com tranquilidade, honrando seus compromissos e formando um time
competitivo sem um novo investidor, ou novos investidores. A administração
tricolor já sabia do rompimento com certa antecedência, tanto é que já
acertou um novo patrocinador, a Viton 44, empresa do ramo de
bebidas – leia-se Guaraviton, Guaravita, Matte-Viton etc.
Não exigirá exclusividade e acena com o
pagamento de cerca de quatorze milhões anuais, podendo o Clube, através de seu
Marketing, preencher os demais espações restantes na camisa com outros
patrocínios – mangas, costas, número. Parece, assim, que a era dos
patrocínios-masters exclusivos terão um fim. Num quadro de economia estagnada,
grandes empresas que utilizavam essa forma de aporte financeiro deixaram de
patrocinar seus clubes, como o BMG, por exemplo, que deixou as camisas de São
Paulo, Palmeiras, Santos, Atlético-MG e Cruzeiro, segundo o blog “Dinheiro em
Jogo”.
Portanto, a época é de vacas magras, mas não é
apenas para o Fluminense. Tínhamos jogadores que recebiam salários fora da
realidade. Agora, pisaremos o chão, o chão onde pisam todos os demais. Um bom
time dependerá muito mais de boas escolhas e apostas certeiras do que de nomes
consagrados. O Flu terá que descobrir talentos e montar times adequados não
apenas à sua realidade, mas à realidade do futebol nacional e a torcida
precisará compreender isso.
Novos investidores deverão valorizar a grandeza
do Fluminense e o potencial econômico de sua torcida. É um belo filão que não
pode ser desconsiderado por nenhuma empresa que ambicione divulgar a sua marca.
Não se pode olvidar, também, que a associação
de seu torcedor é engrenagem fundamental para que, um dia, o clube atinja a
autossuficiência. Enquanto isso, será um fator minimizador de prejuízos e ainda
poderá contribuir para o pagamento de despesas menores. Mas há potencial para
mais e, se o torcedor se imbuir desse espírito, um dia, quem sabe, será, com
orgulho, o maior investidor de seu próprio clube.
O Fluminense é uma instituição centenária e
sobreviverá sem a Unimed; será preciso, todavia, adequar-se aos rigores dos
novos tempos.
Foi o fim de uma era, não será o fim do mundo.
ST
Nenhum comentário:
Postar um comentário