O Fluminense foi eliminado por um time medíocre.
Aplicado, porém medíocre.
Nada que tire a justiça da vaga conquistada na
final do campeonato, porque o Fluminense foi um bando apático e desorganizado
dentro de campo.
O primeiro tempo ainda foi equilibrado, mas, no
segundo, o Vasco sobrou em atitude e organização. Com a saída de Diguinho e a
entrada de Wagner, o que já não estava bom ficou muito pior.
A equipe foi totalmente dominada, simplesmente
porque não havia meio de campo. E isso se explica pela ausência que Diguinho
fez e a inoperância de um Wagner, que grande parte da torcida, inclusive eu,
desejava como substituto do ausente Jean.
Wagner não jogou absolutamente nada. O meio de
campo tornou-se um grande espaço vazio que a equipe cruzmaltina utilizou para administrar,
sem sustos, a partida até o apito final. E o Fluminense foi incapaz, mesmo com
quatro jogadores ditos ofensivos, de levar qualquer perigo ao gol adversário.
Alie-se a isso uma defesa sabidamente frágil,
cuja falha foi novamente preponderante para o gol do time da Colina, e a
receita para o fracasso está escrita.
Quem conhece um pouquinho de futebol, percebeu, desde o início de segundo tempo, que seria muito difícil
marcar gols. A equipe retornou apática.
Enquanto o técnico vascaíno aproveitou os jogos anteriores com o Flu para aplicar a melhor estratégia, circunstância que lhe deu a vitória, Renato Gaúcho pareceu não ter tirado qualquer lição dos embates pretéritos.
Enquanto o técnico vascaíno aproveitou os jogos anteriores com o Flu para aplicar a melhor estratégia, circunstância que lhe deu a vitória, Renato Gaúcho pareceu não ter tirado qualquer lição dos embates pretéritos.
Renato ainda não aprendeu, por exemplo, que um
time recheado de atacantes não significa time ofensivo, e a maior prova disso
foi a inoperância do tricolor na segunda etapa, mesmo com Wagner, Fred,
Biro-Biro e Sóbis em campo. Renato também não aprendeu que, quem entra para
empatar, em regra, perde; principalmente quando a equipe não inspira a necessária
segurança defensiva e não tem poder de marcação na frente.
Renato não entendeu que Walter, mesmo cansado, é
imprescindível ao time atualmente. Quase tudo o que ocorre de bom, quando Conca
está severamente marcado, como hoje, nasce dos pés dele. Ao lado de Conca, é
Walter, e não Wagner, a referência em qualidade na equipe, mesmo que atuem em
posições diferentes. E, além disso, causa preocupação redobrada à zaga adversária,
impedindo que saia para o ataque com mais homens.
Renato também não percebeu que a torcida
tricolor está cansada de ser enganada. A torcida quer um time de verdade e um técnico
de verdade. Se passou uma imagem de homem amadurecido e renovado, e eu,
inadvertidamente, cheguei a acreditar nisso, essa imagem apagou-se hoje.
Mesmo com os vexames protagonizados contra os
reservas do Botafogo e o desconhecido Horizonte, a eliminação para outra equipe
de menor investimento, num campeonato que precisávamos vencer, e tendo a
vantagem do empate, foi a gota d’água para que um basta seja dado a toda esta
farsa que tentam nos impor.
Não temos time, não temos treinador e não temos
diretoria.
O Flu, que somente não foi rebaixado ano
passado por erros de terceiros, ainda teve um ano de 2013 em que a torcida,
enebriada pelo título nacional de 2012, demorou a “cair na real”, acreditando
que o time campeão poderia ressurgir a qualquer instante.
Não ressurgiu e ainda está de volta em 2014, com as crônicas deficiências de 2013.
Este ano, contudo, não haverá surpresas, as
cartas estão dadas desde o início, a limitação de elenco não foi suprida, o
mecenas, que dita as ordens no Flu, impôs um treinador por pura vaidade, sem
levar em conta critérios técnicos que, por conta de sua profissão, nem mesmo
poderia conhecer; e, para piorar, os desmandos da administração tricolor
tornam-se públicos e revelam que, ao menos em relação ao futebol, o Fluminense
está acéfalo.
O quadro é sombrio e a reviravolta precisa ocorrer
já. Uma eliminação na Copa do Brasil, contra o Horizonte, será catastrófica, não
somente quanto às pretensões do Fluminense no ano, o que implica perda de
dinheiro e a possibilidade de conquista de um título nacional, mas também em
relação à torcida, cujo sofrimento será ainda mais agravado, se não bastassem
todas as agressões que já sofreu da mídia e das torcidas adversárias neste início
de temporada.
Basta de inoperância, silêncio e incompetência.
O presidente precisa atuar como presidente, seja para romper com a patrocinadora e bancar o que
sobrar com outra empresa que invista menos, seja para conciliar e trabalhar
juntamente com Celso Barros, sem vaidades, com vistas à renovação do elenco e à
escolha de um treinador que, pelo menos, conheça futebol.
Peter precisa agir. Não dá mais para aturar a
sua inércia, mesmo para quem, como eu, sempre o apoiou.
A torcida não suporta mais desonras e o
Fluminense não merece que vilipendiem a sua história mais uma vez.
Estamos mergulhados no caos; é preciso
sabedoria, conciliação e vontade para sair dele.
E o papel da torcida, agora, não é outro que não
o da cobrança, incondicional e efetiva, porque “cabeças precisam rolar”.