Mário Bittencourt, Fernando de Simone e Eduardo
Baptista já são parte do passado. Após a queda de todo o departamento de futebol do
Fluminense, é preciso, porém, apontar algumas responsabilidades.
Qualquer tricolor afeito às coisas do futebol
sabia que Eduardo Baptista era um treinador com prazo de validade. Não apenas
ele, mas Cristóvão, Drubscky e Enderson também. Alguns lhe davam um prazo mais
dilatado, outros menos. Eu, por exemplo, imaginava que fosse demitido ao fim do
campeonato brasileiro de 2015. Estava claro que Eduardo Baptista era uma
aposta, mais uma daquelas que não deu certo, e que não havia a mínima condição
técnica para se manter no comando de um clube da grandeza do Fluminense.
Eduardo Baptista foi, enfim, demitido, mas a
sua demissão, embora constitua um alento, mostra também o último dos equívocos
de um departamento de futebol inepto. Vale lembrar que foi ele quem participou
da pré-temporada e da escolha de alguns dos nomes do atual elenco tricolor.
Mantê-lo, portanto, para a temporada de 2016, além de um grave erro técnico foi
também uma terrível falha de planejamento, o que pode por em risco o trabalho
de um ano inteiro.
E assim também foi com os outros três citados,
equívocos crassos, gastos desnecessários, planejamentos desfeitos, três anos jogados
no lixo.
Contratações caras e equivocadas de jogadores
também fizeram parte do rol de malfeitos ao clube. Muito dinheiro desperdiçado
de forma inconsequente que ajudaram a esvaziar ainda mais os já combalidos
cofres tricolores.
E de quem é a responsabilidade?
O próprio presidente Peter justificou a saída
de Mario Bittencourt da vice-presidência de futebol, aduzindo que o seu projeto
pessoal não poderia ser maior do que o do Fluminense. O presidente reconheceu,
assim, que tudo o que Mario Bittencourt fez desde que assumiu o futebol do clube
foi pensando nele, na sua candidatura a presidência e não no Fluminense. Parece
que a megalomania do ex-vice de futebol teve o seu ápice no episódio Ronaldinho
Gaúcho e o festival de incompetência deu ao Fluminense, nesses últimos anos,
ares de uma verdadeira “casa da mãe Joana”.
R10, certamente, foi o mais emblemático dos caríssimos
equívocos. Houve outros: Breno Lopes, W. Paulista, Magno Alves, Jonathan etc,
etc e etc...
Dinheiro do clube que custeou o seu projeto
pessoal de se candidatar com chances de vencer as eleições para presidente do
Flu. Não contava, contudo, com a sua própria incompetência nos assuntos do
futebol. Tanta incompetência que resolveu dar às suas estrelas treinadores de
quinta categoria, porque o que importava, na sua concepção primária de
conhecedor de futebol, era que dentro de campo Fred comandasse a festa rodeado
de medalhões aposentados e outras barangas que trouxe para o Fluminense.
Mas a incompetência tem limite. E o limite foi
a sucessão de vexames, desmandos, equívocos a que foi submetido o futebol do
clube. Ultrajes e acintes à torcida em nome de um projeto pessoal.
Mas Mario já está fora e é bom lembrar também
que o presidente que hoje lava as mãos foi quem encampou esse “projeto pessoal”,
durante todo esse período cinzento da história tricolor. Aliás, Mário era
também um projeto de Peter para a sucessão do Fluminense. Foi assim pelo menos
no início, quando deu ao advogado o cargo de vice de futebol do clube,
contribuindo, assim, para tudo o que de ruim foi feito desde então.
A insustentabilidade da situação nos gramados,
a pressão da Flu Sócio e da torcida certamente influíram no ânimo do presidente
Peter que, apesar da sua enorme parcela de responsabilidade e, embora
tardiamente, agiu.
E quem paga a conta desses despropósitos? Peter,
Mario? Certamente, não. Quem paga a conta como sempre, somos nós, os que sofrem
pelos achincalhes a que o nosso Fluminense tem sido submetido há anos. Quem
paga também são os cofres do clube pela malversação do dinheiro tricolor.
Seria de bom alvitre que os dirigentes se
responsabilizassem efetivamente pelos seus malfeitos administrativos. A lei que
os pune, por enquanto, é letra morta, apesar de estar em vigor desde agosto de
2015 (Lei 13155/2015, Capítulo III, que trata da gestão temerária) e a
moralização do futebol ainda está longe de ser alcançada.
Não é justo que esse legado seja absorvido pelo
clube. Também não é justo que seja o torcedor sempre o destinatário das
consequências das irresponsabilidades dos dirigentes de seus clubes e de suas
gestões temerárias. É preciso moralizar o futebol a partir de uma administração
clubística eficiente, responsável e comprometida com os estatutos sociais e com
os anseios do torcedor. Vale dizer: é preciso profissionalismo para se
remunerar bem os melhores, os que atinjam os objetivos e cobrar daqueles que,
por incompetência ou má fé proporcionem prejuízos.
O presidente Peter, pressionado, corrigiu um
erro que deveria ter evitado. Poderia – após duas vitórias consagradoras nas
urnas e com o apoio maciço do conselho - ter sido um dos maiores presidentes da
história do Fluminense, mas terminará seu mandato melancolicamente, como um
administrador que embora tenha contribuído para a solução de diversos problemas
financeiros do clube e reinventado Xerém, mostrou-se pusilânime na condução dos
assuntos relacionados ao futebol delegando-o a pessoas de seu círculo de
amizades, muitas delas sem a capacidade profissional necessária para dar um bom
rumo ao mais importante departamento do Fluminense.
Mario Bittencourt, por vaidade, levará a cabo
o seu projeto de ser presidente do clube, mas sem a máquina administrativa de
que se serviu até ser exonerado e com um histórico de incompetência no comando
do futebol tricolor. Receberá a pronta resposta do torcedor nas urnas.
Enquanto isso, livre provisoriamente da vaidade
e inépcia do seu departamento de futebol, sobrevive o Fluminense à espera de
novos tempos, como aqueles que se encerraram naquela tarde quente de dezembro de
2012.