Enfrentar novamente o Corinthians, logo após
ter sido prejudicado pela arbitragem na partida que o desclassificou da Copa do
Brasil, parecia um castigo para o Fluminense. Como se portaria diante de de
seus algozes, o próprio Corinthians e a arbitragem?
O Flu, no entanto, foi maior que ambos. Deixou
de lado a celeuma da injusta desclassificação e conquistou uma vitória à altura
de sua tradição, sobrepujando toda a sujeira que envolve o time alvinegro, a
arbitragem e os interesses escusos que a manipula.
O primeiro tempo do Fluminense teve mais cara
de decisão que a verdadeira decisão da última quarta-feira, quando foi
desclassificado da Copa do Brasil pelo mesmo Corinthians. Talvez movido pelo
sentimento de injustiça decorrente dos dois pênaltis flagrantemente não
marcados a favor do Flu naquela partida, o Tricolor começou o jogo com
redobrada vontade, marcando a saída de bola adversária e criando as melhores
oportunidades.
W. Mateus e Wellngton se entenderam bem pela
esquerda, e Marco Junio e Scarpa não ficaram atrás pela direita. O quarteto
ofensivo deu muito trabalho à defesa corintiana e foi responsável pelas
principais oportunidades do jogo a favor do Fluminense.
Primeiro, uma falta cobrada por Scarpa, que
Marco Junio não alcançou. Depois, um bom chute de Scarpa para a defesa de Valter. Aos 24`, a melhor chance do Flu, quando Scarpa fez belo passe para
Marco Junio que entrou livre e chutou para uma bela defesa do goleiro
alvinegro. Só aí o Corinthians chegou com algum perigo, no lance imediatamente
posterior, quando após confusão na área tricolor, o time paulista quase marca.
Mas o Fluminense continuava melhor. Após
escanteio pela esquerda, cobrado por Scarpa, o goleiro corintiano espalmou
para não ser surpreendido num gol olímpico.
E, como não poderia deixar de ser, mais uma vez
a arbitragem deixou de assinalar um pênalti mais claro que a luz solar a favor
do Flu, quando M. Junio foi puxado pelo zagueiro adversário para que não
alcançasse a bola alçada à área num escanteio tricolor.
Sobre os reiterados “erros” de arbitragem,
escrevi ontem para o Panorama o texto: “O futebol é uma farsa”, ao qual remeto
os leitores.
O Fluminense iniciou o segundo tempo sem
alterações, algo pouco usual no modo de pensar de Levir. E na mesma sintonia.
Logo aos 5`, M. Junio quase fez após chute cruzado que o goleiro pôs para
escanteio com brilhantismo. No córner que se seguiu, Gum perdeu livre,
arrematando para fora.
A partir daí, contudo, o Flu perdeu o
meio-campo para o Corinthians (cansaço?), e a equipe paulista passou a dominar
as ações, chegando ao gol tricolor com mais facilidade, oportunidade em que
Júlio César fez boas intervenções.
Aos 21`, Levir substitui Douglas (mal no jogo)
por Marquinho e, logo em seguida, M. Junio (lesão) por Richarlisson. Aos 32`,
Magnata entrou no lugar de Wellington. O jogo, contudo, ainda estava à feição
do Corinthians, que quase marca aos 34`, numa meia bicicleta que foi concluída
em cima de Julio César.
O Fluminense claramente se ressentia de não ter
um goleador e não tinha mais forças para puxar bons contra-ataques.
Aos 38`, quase a tragédia num lance em que Gum
por muito pouco não marcou contra. Gol salvo pela melhor defesa de J. César na
partida.
Aos 42`, após jogada de Richarlisson, Scarpa
perdeu um gol que não costuma perder, a melhor chance de gol do Flu na segunda
etapa, quando limpou o adversário e concluiu de curva, com a canhota, bola que
passou rente à trave direita do goleiro adversário.
Mas aos 49`, os deuses do futebol fizeram
justiça ao Fluminense. Igor Julião, na sua primeira jogada ofensiva, sofre
falta. Scarpa cobra, a bola é cabeceada para o meio da área e sobra para Cícero
marcar o gol da vitória tricolor. Uma vitória maiúscula, sobrenatural, que faz
justiça, embora no futebol ela não exista, a um time que, mesmo tendo sido
absurdamente prejudicado contra o mesmo Corinthians no meio da semana, levantou
a cabeça e não desistiu da vitória em momento algum.
Resultado merecido duas vezes, pelo que fez em
campo e pela injustiça da desclassificação na Copa do Brasil. Agora é focar no
Sport e nessa vaga de Libertadores que, mais uma vez, nos aparece bem possível
à frente. Parabéns, Fluminense!