Fred chegou ao Fluminense imaturo. Ele mesmo já
admitiu isso. Contagiado pelo ambiente da cidade maravilhosa, seus primeiros
anos no tricolor foram mais de festa do que de trabalho. Embora sempre tenha
sido um jogador diferenciado, e importantíssimo na fuga do rebaixamento em
2009, as noitadas não lhe permitiram uma sequência em alto nível no time
tricolor nos seus primeiros anos nas Laranjeiras. Fez muita falta à equipe em
alguns momentos, nem tanto em outros.
Mas isso é passado. O Fluminense transformou Fred
num novo homem. Reparem que eu não disse num novo jogador, disse novo homem.
Hoje é um atleta muito melhor do que era em 2009 e, sobretudo, um homem muito
melhor do que talvez já tenha sido algum dia em sua vida.
Em algumas oportunidades externei o meu
pensamento sobre o jogador. Já o critiquei e o enalteci, já falei de sua
importância para o clube e do investimento feito para que fosse mantido, mesmo
após o término da parceria com a Unimed. Ele vale cada centavo.
Eu nunca falei, contudo, sobre o ser humano
Fred. Por vezes, quando tratamos de futebol, o que importa é o desempenho do
atleta dentro de campo. Ou seja, se é bom para o clube, nada significa o seu
caráter, mesmo que seja péssimo.
Fred, portanto, além de craque, é bom caráter.
É ídolo e porta-se como tal. Reinventou-se e cresceu espiritualmente dentro do
Fluminense, humanizou o clube com a sua filantropia, com seu amor e respeito
aos fãs, com seu cuidado e atenção com os jovens atletas de Xerém.
Hoje, Fred está ciente de que, como ídolo, deve
ser exemplo a ser seguido. Não seria demais dizer que é um paizão para essa
garotada carente de bons exemplos dentro do futebol.
Em entrevista logo após o jogo contra o
Cruzeiro, o artilheiro demonstrou, através dos olhos encharcados e da fala
embargada, o quanto ama o Fluminense, o quanto são importantes os meninos de
Xerém, o tamanho de seu carinho por eles, o quanto é ídolo e o quanto é
humilde.
Não imaginaria ouvir da boca de qualquer
medalhão, que invariavelmente acredita ser mais importante do que o clube que
representa, algo do tipo: “Agradeço ao clube pela oportunidade que me deu”.
Certamente, em seu âmago, o medalhão se acha acima da instituição que o acolhe.
Já me disseram que o amor não se expressa por
palavras, mas por atitudes. Então, acho que posso afirmar com bastante convição
que Fred ama o Tricolor.
Não é qualquer jogador, principalmente do porte
do nosso artilheiro, que diz: “Eu agradeço ao Fluminense pela oportunidade que
me deu.”
Com essa afirmação, Fred foi humilde e, ao
mesmo tempo, grandioso o bastante para reconhecer que é ele quem deve ao clube,
que a instituição sempre será maior do que ele, que ele passa e ela permanece.
Alguém poderia reconhecer essa atitude como um ato de pequenez. Ledo engando.
Ser humilde é, antes de tudo, ser iluminado de espírito, ser magnificente.
E a sua magnificência reverbera nos seus
companheiros, que o têm como exemplo a ser seguido. Isto é ser ídolo.
Quando os seus olhos se encheram de lágrimas e
a sua voz embargou, Fred quis dizer muito além do que disse aos microfones dos
jornalistas. Em verdade, ele disse que ama o Fluminense do fundo de seu
coração, que Álvaro Chaves é a sua casa e que a torcida tricolor é a sua
família.
Alguém poderia dizer que ele é muito bem pago
para fazer o que faz, ao que eu refutaria dizendo que qualquer profissional
normal se prestaria apenas a realizar o seu ofício, mas Fred, todavia, vai
além, ele sente o Fluminense correr em suas veias, sofre e se enleva porque
ambos são, hoje, indissociáveis, amálgama de amor, virtudes e glórias.
Fred é, assim, tão importante para o Fluminense
dentro de campo quanto fora dele. Dentro, por sua liderança, seu faro de
artilheiro e inteligência. Fora, por seu caráter, sua humildade e grandeza de
espírito.
Que tenha longa vida no Fluminense, que
continue a ser o exemplo a ser seguido pelos garotos de Xerém, que continue a
ser o líder e artilheiro tricolor e que, acima de tudo, continue sendo o homem
que é, digno, honrado, filantropo e altruísta.
É de homens como Fred que, mais do que o
Fluminense, o mundo precisa para ser melhor.
Obrigado, artilheiro, por honrar e dignificar a
cada dia o nome do Fluminense Football Club.