domingo, 20 de novembro de 2016

Respeito eleitoral

Confesso que ainda não digeri os efeitos dessa campanha eleitoral para a presidência do Fluminense. Muita roupa suja lavada, ofensas, bloqueios e outras condutas pouco civilizadas dão o tom desse período pré eleições.

Talvez seja porque pela primeira vez o pleito tricolor ganhará um alcance muito maior que os anteriores, com a participação dos sócios-torcedores e, também, em razão do eficaz instrumento de propagação de ideias e, infelizmente, violências, chamado internet.

Tenho amigos que apoiam os, agora, três candidatos e nunca me indispus com qualquer deles, mas percebo, da distância que guardo de tudo isso, que são muito frequentes os casos de agressões entre partidários das candidaturas. E isso ocorre por três motivos: primeiro pela falta de argumentos; segundo, porque ainda existe a falsa crença de que por detrás de um teclado se é invisível e, terceiro, pela falta de educação.

Pode parecer um clichê, mas quando candidatos concorrem a qualquer cargo, até o de síndico, é preciso debater ideias. Todos os concorrentes à presidência do Fluminense têm suas plataformas expostas em suas páginas e sites de campanha, mas não consigo perceber, ou raramente consegui, partidários de uma ou de outra candidatura discutindo os exatos termos dessas plataformas, comparando-as e até mesmo criticando-as através de argumentos sólidos.

Basicamente, tem-se procurado desconstruir o concorrente trazendo à tona suas mazelas pessoais ou profissionais, ou seja, o lado negativo de cada um tem sido elevado à quinta potência, enquanto o que cada um tem de bom – e deve haver algo de bom – é relegado ao ostracismo.

Talvez essa seja uma tática da política, jogo que ainda não aprendi a jogar, embora reconheça a sua importância, mas de toda a sorte, para o eleitor verdadeiramente preocupado com os rumos do Fluminense, o que deveria importar são as propostas que poderão retirar o Tricolor desse mar de mediocridade em que está mergulhado há quatro anos.

Antes que digam que só vejo o lado ruim desta Administração, qualquer consulta aqui mesmo no Panorama Tricolor revelará o contrário. Há muito o que ser comemorado na gestão Peter, mas a sua preocupação com o futebol foi um ponto negativo num quesito que tem peso três.

Mas falar desta gestão não é o propósito desta coluna. Meu intuito é dizer que as eleições se aproximam e que toda essa violência virtual que descamba para o ódio e que, invariavelmente, põe em trincheiras contrárias tricolores que até bem pouco tempo estavam comemorando juntos vitórias do Fluminense, só tem uma consequência: destruir laços de afeição e amizade que poucas torcidas podem se orgulhar de ter.

Não há mais tempo para que isso seja corrigido, e, mesmo se houvesse, talvez não pudesse sê-lo, porque o ser humano é estranho quando é contrariado. Dificilmente sabe ouvir argumentos contrários e, quando não há argumentos para defender seu ponto de vista, simplesmente ataca como uma forma de defender-se de uma agressão que não houve. Um complexo de perseguição quase esquizofrênico que se transforma em ódio  por qualquer palavra mal compreendida ou qualquer argumento que não se possa refutar com outro argumento.


O que eu posso esperar, portanto, é que no dia 26 de novembro o torcedor possa fazer a sua escolha com consciência, baseado nas melhores ideias e no potencial que o candidato terá para desenvolvê-las, mas, sobretudo, que todos sejamos, em espírito, tricolores novamente.

domingo, 13 de novembro de 2016

Um treinador vencedor em 2017

A seleção brasileira tem sido um claro exemplo de como um treinador pode fazer a diferença para o bem ou para o mal. A mudança de uma única peça deu nova vida a uma equipe que corria sério risco de não se classificar para a próxima Copa do Mundo e já vinha colecionando uma série de malogros, sendo o mais emblemático e vexaminoso a sonora goleada para a Alemanha em 2014.

Daí que sempre tive a opinião de que um treinador deve ser sempre a peça primordial na montagem de uma equipe e a sua escolha cercada de redobrados cuidados.

Nunca deveria ser, para um time da grandeza do Fluminense, um profissional que se escolhesse à revelia de critérios técnicos, de uma reputação vitoriosa. Basear sua contratação na sua folha de pagamento é dar um tiro no escuro.

Foi assim, de uma forma totalmente antiprofissional, que o Tricolor trouxe para o seu comando do futebol nomes como Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira e Eduardo Baptista para gerir equipes que, se não eram o sonho de consumo da torcida, tinham nomes de respeito que, bem comandados, poderiam ter apresentado resultados muito melhores do que os que foram colhidos.

Cansado da mesmice e da mediocridade, a atual gestão tricolor resolveu mudar sua estratégia e focar num nome que, pelo menos, tivesse uma reputação dentro do futebol, nada de muito glorioso, mas infinitamente superior aos currículos de seus antecessores.

E então, após a preferência da torcida apontar para Cuca, alguma diferença nos pedidos salariais direcionou a pretensão da gestão tricolor para Levir Culpi.

Nada de muito especial, mas um alento para o torcedor cansado de tanta incompetência. Mesmo estando num patamar bem acima de seus companheiros de profissão, Levir, porém, não participou da escolha do elenco nem da pré-temporada, pegando, como se diz, o bonde andando.

Contudo, poderia ter feito mais. Sempre pareceu desinteressado e alheio às necessidades de uma renovação no elenco. No começo, pediu reforços, e esses vieram em quantidade, mas em qualidade bastante discutível, e Levir, assim, deixou de tocar no assunto. Resignou-se com a realidade do clube e preferiu acomodar-se ao seu gordo salário e deixar o tempo passar.

Foi exatamente o que disse ao repórter quando respondeu a uma pergunta sobre o motivo pelo qual veio para o Fluminense: “pelo salário”. Embora possa ter parecido mais uma das bravatas e gracejos do treinador, foi a mais pura expressão da verdade.

A única nota relevante de Levir no Flu, além da título da Primeira Liga, cuja competição já pegou em andamento, foi o imbróglio com Fred. Quando fizeram as “pazes” escrevi que a trégua era temporária, que tudo parecia uma grande encenação e, infelizmente, não deu outra. Na primeira oportunidade que teve, Fred saiu, perdemos um líder e um artilheiro e permanecemos com um treinador de quem se esperava que colocasse a equipe nos trilhos, que unisse o grupo e trabalhasse duro por títulos.

Nada disso ocorreu. Desde então, o Flu foi sempre menos do que fora até então. Teve oportunidades na Copa do Brasil e no Brasileiro e nunca demonstrou ambição de conquista a exemplo de seu desinteressado técnico.

Poucos treinos, bravatas, piadas sem graça, más escolhas, más mudanças, más estratégias. Esta foi a realidade de Levir no Flu, onde mostrou menos profissionalismo que o desejo de ver passar o tempo e engordar sua conta bancária.

Agora, sem ele, quando o leite parece definitivamente derramado, Marcão assume interinamente o time para tentar nessas últimas quatro rodadas fazer o que Levir abriu mão de fazer, seja pela incompetência, seja pelo desinteresse: levar o time à Libertadores.

Quem sabe Marcão não provoca no grupo um sentimento de renovação e motivação, suficiente para dar à torcida em belo presente de fim de ano, presente que nem o time nem a diretoria merecem, por tudo o que não fizeram pelo Fluminense. Quem sabe Marcão, guardadas as devidas proporções e a sua condição de interino, não dê à equipe a vida que Tite deu à seleção nacional, transformando um bando perdido em campo num grupo coeso e ambicioso.

Em quatro jogos, Marcão terá a chance de deixar seu nome mais uma vez marcado na história do Flu, e ninguém melhor que ele, neste momento, para cumprir essa gloriosa missão.


E se almejamos um grande time em 2017, que o vencedor do pleito de novembro adote como primeira medida no âmbito do futebol a contratação de um treinador verdadeiramente vencedor. É a partir daí que se forja uma equipe vencedora.

domingo, 6 de novembro de 2016

Respeito e eleições

O Fluminense vive um momento de acirrada disputa política que antecede o pleito de 26 de novembro, data em que será escolhido o seu próximo presidente pelos próximos três anos.

O colégio eleitoral tricolor, ampliado desde que foi garantido ao sócio-torcedor o direito de voto, sem exagero, supera o de muitas cidades no interior do Brasil, o que garante uma participação mais democrática do torcedor na escolha da nova gestão do clube.

As quatro candidaturas – Cacá Cardoso, Celso Barros, Mário Bittencourt e Pedro Abad – também conferem um ar de eleições que se comparam aos pleitos a que estamos acostumados quando escolhemos nossos representantes no Executivo ou no Legislativo.

Infelizmente, contudo, toda essa grandiosidade conferida ao pleito tricolor também o aproxima das principais mazelas das eleições políticas do país: hostilidades entre candidatos e correligionários, bravatas, rancor, pouco debate de ideias e o baixo nível das campanhas.

Guardadas as devidas proporções, é claro, esse ambiente pouco saudável tem contaminado torcedores adeptos das candidaturas, cabos eleitorais e outros interessados e gerado um clima conflituoso que não combina com a disputa que deveria ser exclusivamente fulcrada no debate de ideias e argumentos.

Diferentemente dos pleitos eleitorais para cargos executivos e legislativos, onde o antagonismo exacerba-se, por vezes, ante as profundas diferenças de pensamento político e doutrinário dos candidatos, provocando raivosas contendas entre seus seguidores, a disputa eleitoral para a presidência de um clube de futebol deveria pautar-se apenas pela divergência de ideias, uma vez que todos, invariavelmente, seguem a mesma doutrina: a doutrina tricolor.

O objetivo comum dos candidatos à presidência do Fluminense Football Club é, presume-se, engrandecer o clube. Todos são torcedores apaixonados pelo Tricolor, portanto, todas as plataformas almejam o mesmo fim, mas por caminhos diferentes.

É nesse sentido que o respeito mútuo deveria nortear os debates entre os adeptos de uma ou outra chapa e as próprias manifestações dos candidatos. Não apenas o respeito entre si, mas sobretudo o respeito ao torcedor, destinatário de suas mensagens. Promessas vãs, bravatas, não devem ser lançadas irresponsavelmente somente com o objetivo de angariar votos, afinal de contas, o maior prejudicado por essas condutas será o próprio Fluminense, que não será aquele prometido na campanha eleitoral.

Todos os torcedores, e também os candidatos, desejamos um Fluminense maior, vitorioso, autossuficiente, o que naturalmente ensejaria o nascimento de uma candidatura única que reunisse os melhores quadros para compor a próximas administração.

Não foi assim, porém. Os melhores quadros estão divididos entre os quatro candidatos que pretendem, por suas próprias convicções, chegar à presidência do clube. Essa diversidade, por outro lado, pode ter um ponto positivo: dar ao torcedor a oportunidade de escolher a melhor proposta para a gerência do Flu nos próximos três anos.

De uma forma ou de outra, a campanha está aí, efervescente, com quatro candidatos que, do seu jeito, pretendem o melhor para o Fluminense.

Diante disso, aceitei todos os convites que recebi para curtir páginas de candidatos. Fui às explanações que me foram possíveis, assisti às suas entrevistas e curti, quando me agradaram, postagens de todos, indistintamente. Fiz o que achei que deveria fazer para conhecer melhor as propostas de cada um, sem rancor, sem preconceitos.

Evidentemente, já tenho o meu escolhido que, se vitorioso, seja aquele que conduzirá o Tricolor aos mais elevados patamares do futebol nacional e internacional.

Deixo aqui, então, minha sugestão para esta reta final de campanha: que os indecisos escolham com consciência, que os que já se decidiram respeitem as decisões alheias e que no dia 26 de novembro a vitória de um candidato não signifique a derrota dos demais, porque estaremos todos, sempre, do mesmo lado da arquibancada.


E, por fim, que a retidão moral e a grandeza de espírito do presidente Sylvio Kelly, cuja perda nos faz doer o coração tricolor, norteie os passos de quem assumir a gloriosa missão de conduzir os destinos do Fluminense Football Club pelos próximos três anos.