segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O campeão eterno

Acho que estou ficando velho e com a velhice adquirindo hábitos que sempre ouvi que só cabiam aos mais “antigos”. Um deles, e talvez um dos mais dolorosos, é o de acordar cedo, muito cedo, mesmo quando não preciso fazê-lo.

Foi assim nesse sábado. De repente, “plim”, meus olhos se abriram e não consegui mais fechá-los. Mas como envelhecemos acompanhados dos prodígios desenvolvidos pela evolução tecnológica, saquei do meu celular à mesa de cabeceira para saber das notícias e aplacar um pouco os efeitos psicológicos do precoce despertar.

Pois é aí que eu quero chegar. Logo de cara deparo-me com a fotografia de uma família de tricolores e alguns outros torcedores (Carlos Vogel, Geraldo Barros e outros) aqui da minha cidade, Petrópolis, no aeroporto, postada com o título: partindo para Florianópolis.

Ainda com a visão embaciada e as ideias em desalinho, imaginei tratar-se de alguma daquelas postagens que o Facebook cria automaticamente para recordar fatos que tenham sido publicados em outros tempos na timeline de seus usuários. Ledo engano, porém. Ao observar com mais atenção, percebi que o grupo estava pronto para embarcar para Florianópolis para assistir à partida entre Fluminense e Figueirense neste domingo, a despedida do Flu de 2015.

Tantos outros tricolores comumente viajam para acompanhar a equipe, mas aquela foto me deixou intrigado. Se havia algum resquício, ainda, de sono, ele então se dissipou definitivamente. Eu, no conforto da minha cama, do meu lar, e, naquele mesmo instante, aqueles torcedores abnegados num aeroporto, provavelmente tendo deixado suas casas ainda madrugada alta para não perderem o voo.

O Fluminense não vai disputar um título, ao Fluminense não interessam mais os três pontos – ao menos não interessam para que se alcance qualquer objetivo de classificação ou rebaixamento – mas aquele grupo estava lá, sorrindo para a foto, às seis da manhã, felizes da vida, apenas – ou por tudo isso – para verem o seu time do coração jogar futebol a mais de mil quilômetros de distância.

Caramba, pensei, esses caras são muito tricolores, são tricolores demais! O que os leva, num momento em que o jogo nada representa para o clube, a realizar uma viagem como essa, cansativa e dispendiosa?

Não se deve buscar uma explicação racional, pois ela jamais será encontrada na frieza da razão. Ela está no coração. É o amor, e somente o amor, o sentimento capaz de mover esses abnegados – e outros tantos que não aparecem na fotografia – para estar por noventa minutos bem próximos dos jogadores que representam o Fluminense Football Club.

Para eles, certamente, assistir a um jogo que nada vale e a outro em que se disputa um título, tem o mesmo valor. E o único valor que se discute é o valor da paixão, das cores da camisa tricolor que inebriam, do êxtase, do deleite de estar presente, de testemunhar o lance bizarro, o gol, de sofrer, gritar e amar, amar plenamente o Fluminense. E aí, pouco importa se trarão na bagagem uma vitória ou uma derrota, porque não há vitórias ou derrotas que sejam mais importantes do que sentir na pele o tesão que uma arquibancada proporciona.

Saber de histórias como essa me trazem uma única certeza, a de que não haveria outro clube no mundo pelo qual eu poderia torcer.

Obrigado, Carlos Roberto Vogel, Bernardo Vogel, Cíntia Kochem, Geraldo Barros, Felipe Costa, Eric Abend, Glayson Mendes, Denise Cardozo e a todos os outros tricolores que deixaram o conforto de seus lares para ver o Fluminense ser campeão. Ser o eterno campeão no coração de todos vocês.


Eu tenho orgulho de ser tricolor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É hora de renovar

No futebol, como na vida, nada é definitivo. Tudo pode mudar em questão de minutos. Por exemplo, enquanto escrevo este texto, a notícia de que Muricy Ramalho está apalavrado com Flamengo para ser o seu novo treinador, caso o seu atual presidente, Eduardo Bandeira de Mello, seja reeleito no pleito de 7 de dezembro, já pode ter sido desmentida.

Mas a questão não é se Muricy será ou não o treinador do rubro-negro, a questão é que o presidente do clube da Gávea deu um passo à frente para que tenha uma equipe que dispute títulos em 2016, ainda que a contratação seja, obviamente, uma daquelas realizadas às vésperas de um sufrágio para angariar votos.

O pleito no rival pode ter antecipado a movimentação em busca de um novo treinador, mas isso não significa que, por estarmos a menos de um ano das eleições no Fluminense, tenhamos que aceitar passivamente tudo que aí está como se fosse suficiente para um 2016 diferente do que foram os últimos anos.

Reina a tranquilidade nas Laranjeiras – ouve-se, aqui e ali, boatos sobre a saída do atual patrocinador e a chegada de outro – mas, no geral, parece que conquistamos o título de 2015 e faltam apenas pequenos ajustes para que a equipe emplaque novamente em 2016, conquistando o hexa nacional. Afinal de contas, segundo se disse, o ano foi positivo.

Assim, segundo a teoria do positivismo do vice presidente de futebol, aparentemente nada mudará para 2016, em razão do que presumo que serão mantidas a espinha dorsal de uma equipe e o seu atual treinador. Muricy deverá ir para o Flamengo, Cuca, ainda na China, parece um sonho distante, Dorival, virtual campeão da Copa do Brasil pelo Santos, deverá permanecer na equipe da baixada santista e, assim, os clubes vão escolhendo os seus novos treinadores, mantendo os que funcionaram e se preparando para a pré-temporada, enquanto o Fluminense, deitado em berço esplêndido, aguarda o ano vindouro suficientemente agradecido pelo heroísmo deste grupo e treinador em impedir o descenso do clube.

Eduardo Baptista, assim como foram Cristóvão, Drubscky e Enderson, não são treinadores para o Fluminense. Das contratações de jogadores para a temporada passada, apenas dois deram razoavelmente certo: Edson e Vinícius. O primeiro, afastado não se sabe por que e o segundo, acolhido pela torcida após suas boas atuações, esqueceu-se de quem o retirou do anonimato, dando-lhe luz, deslumbrou-se com seus quinze minutos de fama e cuspiu no prato em que comeu. Um ingrato a quem a vida saberá dar o adequado castigo.

Assim, embora tenham sido contratados cerca de sete ou oito jogadores, nenhum, exceto Edson, teria condições de permanecer para 2016. E do antigo elenco, também é chegada a hora de reciclar. Jogadores como Gum e Jean, por exemplo, já prestaram bons serviços ao Fluminense e deveriam respirar novos ares.

Resta-nos Xerém, Cavalieri, Fred, Cícero e mais um ou outro que ainda pode ser aproveitado como jogador à altura do Fluminense.

Se este é um panorama sucinto do que temos hoje, o que tem sido feito para que 2016 seja diferente? A não ser que as tratativas estejam sendo conduzidas como segredo de estado, não ouço e não vejo nada sobre o assunto.

Ouso dizer que a primeira e mais evidente mudança deveria acontecer no departamento de futebol. Para quem errou tanto não deveria haver chance para que esses erros fossem reiterados no próximo ano. Há três anos sem títulos, o Fluminense precisa novamente respirar os ares das glórias e não parece que alcançará esse objetivo com o que aí está, desde o departamento de futebol, passando pelo treinador até chegar ao elenco.

Muito precisa ser mudado e nada tem sido feito. É claro que seria prudente aguardar o término da competição para que especulações e tratativas fossem iniciadas, mas com o clube livre do descenso, cada dia a mais de inércia é uma chance a menos de sermos efetivamente vencedores em 2016.

Não acredito, me perdoem os mais otimistas – apesar de ter sido sempre deveras otimista em relação aos assuntos do Fluminense – que a manutenção de um vice de futebol que não entende bulhufas do assunto e de um treinador que não está à altura da grandeza do clube, possam credenciar o Tricolor a ser no ano vindouro diferente do que foi nos últimos anos.

O Presidente e o vice de futebol são excelentes advogados, mas entendem pouco ou nada de futebol. Falta, no comando do departamento técnico, a “malandragem” necessária para que se saiba lidar com uma das piores “raças” de funcionários: o “boleiro”. É isso o que falta ao Fluminense, gente que enxergue que para ser ter um time campeão é preciso contratar, primeiramente, um técnico campeão e que seja suficientemente capaz de peneirar, no mercado nacional e sulamericano, bons jogadores compatíveis com a realidade salarial do clube.

Falta a inteligência da “malandragem”, o que não significa que o Fluminense estaria abdicando da sua tradicional fidalguia, mas que estaria se adaptando aos tempos modernos, onde o futebol se ganha dentro de campo, mas precisa ser defendido fora dele através de uma atuação firme nos bastidores, a fim de que injustiças, como as que sofremos reiteradamente nos últimos anos, não sejam mais perpetradas.

2016 será um ano aquecido pelas eleições. Espero, sinceramente, que o torcedor tricolor saiba escolher o melhor candidato, porque o Fluminense precisa mudar e retomar o caminho das conquistas. Basta de amadorismo, basta de retrocesso, o Flu precisa de gente com sangue verde, branco e grená nas veias e com muita disposição para trabalhar.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O tiro que saiu pela culatra

O positivo, qualidade que o senhor Mario Bittencourt atribuiu ao ano de Fluminense, só tem o “P” em comum com o que de fato foi o ano do Tricolor: pífio!

Ambas, porém, são qualidades absolutamente, diametralmente opostas e, confundi-las só pode se dar por loucura ou má-fé.

O senhor Mario não é louco, mas tem planos de ser o novo presidente do Fluminense o que, por dedução, nos faz concluir que suas palavras tentam esconder – não se sabe de quem – o tétrico ano de 2015, por má-fé. Talvez imagine que o torcedor tricolor engula essa bravata facilmente. Não engoliu e não engolirá.
                 
Quem, em sã consciência, pode aceitar que o ano ruim do Fluminense decorreu apenas de um time montado com recursos limitados, que fez o máximo que pôde dentro da competição?

Times limitados são quase todos os nossos concorrentes no campeonato brasileiro. À exceção do recente campeão, Corínthians, do São Paulo e talvez se encontre mais um ou dois, que outra equipe seria tão superior a do Fluminense?

Mesmo com um orçamento enxuto, foi possível montar um time competitivo, ainda que não houvesse um elenco à feição, para a disputa nacional. Tanto é verdade, que frequentamos a zona da Libertadores por várias rodadas e chegamos à semifinal da Copa do Brasil.

O pífio ano Tricolor foi, basicamente, construído ou desconstruído, como queiram, de fora para dentro. Desmandos, contratações equivocadas, vaidades e toda a sorte de inépcias administrativas que culminaram no desmantelamento moral da equipe e na sua vertiginosa queda de produção de um turno para o outro do campeonato brasileiro.

Evidentemente, Magno Alves, Antônio Carlos e Welington Paulista, por exemplo, não poderiam vestir a camisa tricolor. Gerson, que embora tenha futebol, não poderia ter sido mantido no elenco como titular com seu destino já traçado em terras europeias. Gum, por anos a fio um “guerreiro”, mostrou-se cansado das batalhas de outrora e foi apenas  um arremedo de zagueiro, responsável direto por algumas das derrotas tricolores no ano.

Cristóvão, Drubscky, Enderson e Eduardo Baptista não são treinadores à altura do Fluminense. Foram todos contratados sob o argumento de que não havia verba suficiente para patrocinar a vinda de um treinador melhor qualificado. Investiu-se no barato, nem no bonito nem no bom, apenas no barato. Claro que não daria certo, como não deu.

Se parte do dinheiro desperdiçado nas contratações equivocadas do ano, aí vale citar principalmente Ronaldinho Gaúcho, fosse investida na contratação de um treinador, teríamos, minimamente, um nome de respeito no comando tricolor.

Ronaldinho Gaúcho, aliás, não foi apenas desperdício de dinheiro, foi desperdício de tempo, de paciência e o responsável, ou corresponsável juntamente com Mario Bittencourt - que o trouxe -, por fazer grassar no seio dos jogadores tricolores o sentimento de total descrença na cúpula de futebol do Clube. Afinal de contas, ninguém se sentiu obrigado a ser profissional enquanto R10, com a fortuna que recebia, não o era.

Um aproveitamento de 41% no campeonato e de pouco mais de 20%, no segundo turno, além de ter sido, por enquanto, o time com o segundo maior número de derrotas na competição, não tem nada de positivo. É, na verdade, um ultraje às tradições e à história do Tricolor que, desde 2012, está carente de um título nacional.

O tiro que Peter Siemsen deu, designando Mario Bittencourt para a vice-presidência de futebol, saiu pela culatra. Seus planos tinham por finalidade torná-lo o responsável direto pelos eventuais sucessos da equipe, o que o tornaria o seu virtual sucessor na presidência do clube em 2016. Peter não contava, porém, com a incompetência e a vaidade de Mario Bittencourt.

Esses três anos de malogro futebolístico da gestão Peter Siemsen ainda podem custar mais caro do que já custaram: podem reconduzir ao Fluminense, através do pleito que se avizinha, figuras que já se imaginavam afastadas definitivamente do clube e que o tricolor que tem boa memória não deseja que retornem.

Peter só tem uma chance de fazer o seu sucessor na presidência do Flu: tornar o ano de 2016 diferente de tudo o que se viu nesses últimos três anos, a começar pela escolha de um departamento de futebol que esteja apto a comandar, com competência e desprendimento, os rumos do football Tricolor nas competições vindouras.

Temo que uma terceira via, alternativa a essas que estão postas, não tenha força política suficiente, além de capacidade econômica, para sair vitoriosa do sufrágio. Porque, infelizmente, penso que será incapaz, em virtude desses fatores, de mostrar de forma eficaz ao sócio torcedor tricolor – desta vez eleitor em muito maior número - a sua plataforma administrativa com a amplitude que merece.

É uma pena, porque tudo de que o Fluminense não precisa é de retrocesso, ou de alguém que não saiba distinguir um ano pífio de um ano positivo.


Acostumado às glórias, o Tricolor não pode se conformar com a mediocridade. Em 2016 deveremos saber dar a devida resposta a quem só tem o Fluminense para se locupletar, depositando nas urnas o voto da indignação, o voto da mudança.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Luto pela humanidade

Escolhi a sexta-feira à noite para falar do Fluminense e escrever minha coluna semanal para o Panorama Tricolor. Meu compromisso inalienável, intransferível, um dos meus maiores prazeres.

Sentei-me diante da televisão, como costumo fazer, a fim de otimizar o meu tempo e aproveitar para saber das notícias do dia. E o choque me veio, não súbito, porque à medida que as notícias iam sendo atualizadas, o número de mortes também ia crescendo.

O meu tema foi imediatamente absorvido pelas imagens, comentários e dor vindos de Paris. Desculpem-me os amigos, mas não tenho condições psicológicas de tratar aqui do assunto de que trataria. As eleições no Fluminense ficarão para outra oportunidade.

Não posso deixar de me manifestar, no calor do momento em que recebo as notícias – e observo na tela o número de mortes crescendo – sobre mais esse atentado contra a humanidade.

Ainda diante da TV, e continuarei, provavelmente, até terminar o que escrevo, consterno-me por outra barbárie protagonizada pelo ódio, pela intolerância religiosa, pelo desamor no mundo.

Não foi confirmado oficialmente, mas será em breve – talvez antes deste texto ser publicado – que os ataques que vitimaram os inocentes de Paris emanaram de radicais religiosos que não admitem outra forma de doutrina no mundo, arvorando-se para si o direito de eliminar, torturar, estuprar, quem não se converter à sua crença.

A violência, como sói acontecer, é o meio utilizado para que os fracos de espírito façam prevalecer os seus desígnios. E a violência contra inocentes é a covardia maior, forma de mostrar ao mundo que “não estão para brincadeira”.

A intolerância que sufoca as sociedades aos poucos é, sem dúvida alguma, uma das maiores causas desse massacre. Mas ela não vem apenas do Estado Islâmico, ela está enraizada, disseminada em outros intolerantes, menos conhecidos, mas igualmente ativos e potencialmente aptos a explodirem seus ódios a qualquer momento.

São os xenófobos, os racistas, os misóginos, os nazistas, gente como a gente – ao menos biologicamente – que estão por aí, quem sabe ao meu ou seu lado, disseminando a hipocrisia, o ódio e a intolerância nas redes sociais, no dia a dia das relações sociais, nos parlamentos, nos governos...

Aí está a fonte de tudo. O ódio. O E.I. tem apenas a vantagem de ser um grupo mais organizado e endinheirado, porque o mesmo ódio que o move, também move o racista que está ao nosso lado.

É esse combustível que faz a engrenagem funcionar; sem ele, os dedos não têm forças para apertar gatilhos e as mãos para empunhar facas.

Infelizmente, penso que estamos num caminho sem volta. A humanidade escolheu o seu caminho, desde os tempos da Lei de Talião, passando pelas guerras, colonizações, escravidões, genocídios e o resultado está aí.

Sinto-me triste, profundamente triste, porque o mundo está destruindo seu futuro, está matando seus filhos e ninguém, absolutamente ninguém, estará seguro em qualquer parte dele em pouquíssimo tempos.

Essa desesperança me corrói a alma, porque é a desesperança da minha filha, dos nossos filhos, de uma sociedade que está fadada ao perecimento. Resta saber quando.

Peço perdão pelo meu conteúdo pessimista, pela fuga do tema, mas não poderia tratar de outro assunto aqui que não fosse este.

Matar inocentes, seja em nome de quem for, jamais será sinônimo de honradez ou passe para a eternidade. É uma brutalidade sem tamanho contra a humanidade, é a morte em doses lentas de todos nós, de nossas esperanças, sonhos e futuro. É o assassinato prematuro de nossos filhos, é uma vida sem destino que só espera o momento do fim.


Enquanto a humanidade definha, tento sobreviver ao que me resta; mas não posso deixar, neste momento, de externar o meu luto, não por Paris ou pela França, mas por todos nós, vítimas dessa insanidade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Viver e vencer

Peço a permissão dos amigos para dividir a minha coluna de hoje em duas partes, uma delas em nada, mas em nada mesmo relacionada ao futebol. Infelizmente.

Escrevo esta coluna antes da partida do Fluminense contra a Chapecoense, apenas para que o texto, quando lido, seja inserido no contexto temporal adequado.

Perder propositalmente jogos contra equipes que disputam uma vaga fora do Z4 com o Vasco, apenas para prejudicar o rival carioca e decretar o seu descenso, não me passa pela cabeça.

Agir dessa forma seria atirar no lixo a própria dignidade, rebaixando-se ao mais vil dos comportamentos. Se já não há, no mundo que nos cerca, muitos exemplos de altivez de condutas, não seremos a colaborar para que a má-fé e a indignidade prevaleçam no futebol.

O jogo deve ser jogado dentro de campo, sem prévios acordos, sem manipulações. Fazer “corpo-mole”, assim, não deixa de ser uma forma de manipular o resultado de uma partida.

E o Fluminense, pela sua grandeza, pela sua história, deverá sempre buscar a vitória, mesmo que essa possa, de alguma forma, auxiliar o seu maior rival. É da natureza do clube, algo que não pode ser modificado.

Como salientado, porém, o Fluminense fará isso por ele mesmo e por sua rica e valorosa história. Não fará porque deveria “favores” ao Vasco. Bravata pura de dirigentes à beira do abismo que, desconhecendo a fidalguia tricolor, imaginam que o time poderia entrar para não vencer jogos que são fundamentais à sua permanência (dele Vasco) na primeira divisão.

São incautos, por certo. Ganhariam mais se tivessem permanecido em silêncio, pois, em primeiro lugar, o Fluminense nada deve a ninguém – Pagar o quê? está aí para ser lido e compartilhado – e, em segundo lugar, o Tricolor não se coaduna com negociatas escusas e outras parvoíces típicas de quem não nasceu em berço esplêndido.

Fluminense é sinônimo de boa-fé e dignidade, caso contrário não é Fluminense.

Assim, aos desavisados vascaínos que procuraram cobrar a inexistente dívida do Tricolor, que fique bem claro que o Fluminense pode não vencer Chapecoense e Avaí, afinal de contas, já passou por péssimos bocados neste campeonato, mas não faltará vontade de superá-los.

As bravatas de São Januário, portanto, não nos atingem. Trata-se de mera tentativa de transferência de responsabilidade por um ano pífio – e aí a prova de que o campeonato carioca foi arranjado – algo típico de vetustas figuras que já deveriam ter abandonado o futebol há tempos.

Façamos a nossa parte e que o Vasco faça a dele.

Agora a parte estranha ao futebol, mas que precisa ser lembrada, que precisa ser tocada como uma ferida dolorosa, para que a dor lancinante não deixe esquecer que a vida é um direito supremo, está acima das leis dos homens, e deve ser respeitada sempre.

Já me manifestei em mais de uma oportunidade aqui no Panorama Tricolor sobre aspectos criminais dessas condutas, por isso hoje falarei apenas sobre seu aspecto humano, ou melhor, desumano.

Não faço pré-julgamentos, nunca os fiz. Por isso, sem provas contundentes, não farei qualquer digressão sobre a atribuição de responsabilidades sobre o nefasto evento que vitimou de morte o torcedor vascaíno antes da partida entre Flu e Vasco no último domingo.

A culpa, na verdade, é da humanidade, que se definha, se diminui, se destrói a olhos vistos, e que nos dá sinal disso diariamente, desde as redes sociais até os noticiários internacionais.

O que difere um indivíduo que dá uma paulada na cabeça de um rival clubístico daquele que corta a cabeça de um descrente na sua religião? Os seus propósitos? Não. Na verdade, penso que nada os distingue. Ambos estão contaminados pelo vírus da desumanidade, do desamor, são ausentes de tudo. Guiam-se por sinais e grunhidos, protegem-se em bandos e atacam sem ter fome. Matam por matar.

A polícia mata, o bandido mata, o religioso radical mata, o marido traído mata, os inimigos se matam. Banalizou-se a morte. A vida não vale mais nada. Tornou-se um saco vazio esperando ser novamente enchido de amor, respeito e solidariedade, mas que de tão frágil é levado por qualquer lufada de vento. E talvez não se encha jamais.

Que Deus tenha piedade de nossas almas e proteja os nossos filhos.


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O ano ainda não acabou

O ano ainda não terminou para o Fluminense. Ainda que se diga que as chances de rebaixamento são remotas – e são – vale aquela máxima do futebol para o atual momento tricolor no campeonato brasileiro: “o jogo só termina quando acaba”.

Uma vitória, que diante das circunstâncias, seria obrigatória contra o Atlético/PR, não veio. A equipe fez um excelente primeiro tempo, perdeu diversos gols – muitos em razão da interveniência direta do excelente goleiro adversário – mas se perdeu no segundo tempo, após sofrer o gol em falha da defesa – mais uma – e mexidas equivocadas do nosso atual treinador. Mas isso já são águas passadas.

Faço alusão a essa derrota apenas para justificar o assertiva de que o ano ainda não acabou para o Fluminense, pois diante de um retrospecto absolutamente negativo, será improvável que consigamos pontos nas partidas que nos restam fora de casa. E se perdemos para o Atlético, todo o cuidado será pouco para não sofrermos reveses também contra os dois adversários que enfrentaremos no Rio, Chapecoense e Avaí, e de quem, por obrigação – e para nossa salvação – deveremos conquistar os seis pontos que livrarão definitivamente o Fluminense do rebaixamento.

Mas, desses seis confrontos que restam, talvez o deste domingo seja o mais importante. Procrastinar a conquista dos pontos para tentar “resolver” contra Avaí e Chapecoense pode ser perigoso. Para um time que não inspira confiança, o melhor é que esses pontos venham o mais rapidamente possível, em que pese o retrospecto não seja favorável ao Fluminense nos confrontos contra o Vasco.

Deixando de lado as confusões protagonizadas pelo senhor Eurico Miranda, a maior motivação para se vencer o rival deve vir da própria tradição do clássico, que o Fluminense não vence há dez confrontos ou quase três anos! Uma vitória logo mais será um alento para o torcedor que pouco ou nada teve para comemorar desde 2013.

O Fluminense, em jogos oficiais contra o Vasco, tem 115 vitórias, contra 140 do rival, com 102 empates. São 25 vitórias a mais cruzmaltinas, número forjado sobretudo a partir da década de 1990. De lá para cá, foram 44 vitórias vascaínas contra 22 tricolores, ou seja, o dobro.

É um quadro que precisa ser revertido e não há momento melhor do que este. Desclassificado da Copa do Brasil, em duas partidas em que a arbitragem teve influência preponderante, o Flu precisa mostrar-se “mordido” e disputar a partida como se fosse uma final de campeonato, pois para os cruzmaltinos será uma verdadeira decisão de campeonato. A final que não conseguiu alcançar contra o Santos, deve ser agora disputada contra o Vasco: vale a possibilidade concreta de afastar-se definitivamente do risco de rebaixamento, a chance de romper a sina de derrotas recentes e diminuir a péssima estatística frente ao rival e, por fim, de empurrar mais um pouquinho o adversário em direção ao rebaixamento.

Se o torcedor não teve motivos para comemorar 2015, que também não tenha motivos para lamentá-lo ante um improvável, mas ainda real, risco de rebaixamento. O tricolor não merece tamanha afronta.

E é bom que se pense logo numa total reformulação do departamento de futebol para 2016, a começar pelo vice-presidente, passando pelo treinador e chegando ao elenco.

Muito precisa ser modificado, mas para que o Flu possa retomar o caminho das glórias é preciso que a limpeza comece de cima, que o seu departamento de futebol seja composto de profissionais do ramo, que o seu treinador esteja à altura da grandeza do clube e que os seus jogadores estejam aptos a envergarem a gloriosa camisa tricolor.

Se não houver mudanças substanciais, não teremos um 2016 muito diferente do que vivenciamos nos últimos anos, e aí, definitivamente, teremos que esperar que o voto do torcedor mude esse quadro fantasmagórico que se instalou no futebol do Fluminense desde 2013.


Vamos, então, dar o primeiro passo rumo a um bom 2016 vencendo o Vasco. Depois, urgirá arrumar a casa.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

CNPJ tricolor

Meu saudoso pai me dizia que um árbitro, quando é um bom roubador, não marca lances capitais ostensivamente de forma a prejudicar a equipe que deseja “operar”. Ele é dissimulado, e consegue seu intento através de marcações que não “indignarão” a mídia desportiva. Por exemplo, inverte algumas faltas, “amarela” jogadores desnecessariamente, “picota” o jogo etc.

O senhor Vuaden, porém, useiro e vezeiro em prejudicar o Fluminense – minha lembrança alcança um Fluminense e Vitória no Barradão em 2008 como um dos seus primeiros descalabros – é daqueles que pouco se preocupam em dissimular seus intentos. É ao mesmo tempo sutil e ostensivo, ladravaz escancarado, que não se esconde atrás da embromação típica dos bons roubadores. Mostra logo a sua cara, amarra o jogo como manda o manual do bom vigarista, mas não se contém quando aparece aquela oportunidade de ouro, mesmo que esdrúxula, de definir os rumos de uma partida.

Vuaden é, portanto, um péssimo ladrão. Tanto é que naquela partida a que fiz referência em 2008, foi suspenso pela comissão de arbitragem, presidida pelo próprio Sérgio Corrêa, por ter deixado de assinalar dois pênaltis claríssimos a favor do Fluminense.

E de que adiantou? Sete anos depois, outras tantas partidas e prejuízos após, lá estava Vuaden novamente para tirar do Fluminense a oportunidade de ouro de praticamente definir a classificação para as finais da Copa do Brasil.

E de que adiantará nova suspensão? De nada. Porque se não for Vuaden – e não duvido de que torne a prejudicar o Flu futuramente – será outro. Mas não quero aqui falar sobre essa arbitragem desqualificada e tendenciosa que manipula jogos como peças num tabuleiro de xadrez, a fim de atender a interesses outros, que são tudo, menos relacionados ao futebol.

Prefiro enaltecer a atitude do Presidente Peter Siensen que, logo após o jogo, fez uso de sua condição de mandatário maior do Fluminense Football Club para repudiar, veementemente, a rapinagem que se viu dentro de campo.

Mais do que um direito, é um dever do Presidente fazer a defesa institucional do clube. Defesa esta que, em diversas outras oportunidades, não foi praticada, deixando à mercê de uma mídia hipócrita e de uma turba ignóbil o torcedor tricolor.

E, por isso, o presidente já foi muito criticado.

As suas palavras após o jogo contra o Palmeiras, portanto, surpreenderam a muitos, inclusive a mim. Uma surpresa positiva, por certo. Peter deixou de lado a sua habitual fidalguia, a sua excessiva parcimônia, para esbravejar, com a mais absoluta razão, contra o senhor Vuaden e a arbitragem comandada pelo senhor Sérgio Corrêa, o mesmo que suspendeu o “apitador” de Flu e Palmeiras há longínquos sete anos.

Penso que as palavras do presidente, de tão eloquentes, possuirão muito mais efetividade do que representações ou suspensões inócuas. Vale lembrar que o próprio Vuaden já foi suspenso por prejudicar o Fluminense e parece que a reprimenda apenas serviu para reverberar nele ainda maior rancor em relação ao clube das Laranjeiras.

Não percebi, na entrevista, qualquer desequilíbrio ou abuso, senão um desabafo sincero de um presidente, que antes de tudo é um torcedor, sobre os reiterados erros de arbitragem de que o Fluminense tem sido vítima. Vuaden foi apenas a gota d’água nesse turbilhão de malfeitos contra o Tricolor das Laranjeiras.

Alguém poderia sugerir que a posição de um presidente de um clube como o Fluminense deveria ser mais equilibrada, comedida e que Peter talvez pudesse agir através dos meios legais e administrativos que têm à disposição como mandatário do clube. Não discuto que outras medidas possam e devam ser adotadas contra esse árbitro e essa comissão de arbitragem, mas tolher o seu direito, melhor dizendo, dever, de defender a instituição Fluminense, seja por que via for, não me parece o melhor entendimento.

Peter Siemsen não é o presidente de uma empresa como a Avon, Boticário, Panco etc. Peter Siemsen é presidente do Fluminense Football Club, cujo CNPJ exprime muito mais do que um cadastro de pessoa jurídica, externa a paixão de milhões de torcedores ávidos por uma defesa plena, célere e efetiva do clube contra todos os descalabros de que é vítima.

Certamente será punido por suas palavras, punição esta que não afetará em nada o desempenho da equipe dentro de campo. Também não se deve argumentar que a manifestação do mandatário tricolor possa trazer outros malefícios ao Fluminense, como perseguições da CBF ou da comissão de arbitragem. Ora, isso já ocorre há tempos e era preciso que alguém se insurgisse, e ninguém melhor do que a figura mais importante do clube.

Pior do que está não pode ficar e, no mínimo, Peter Siemsen deixou consignado para milhões de pessoas o absurdo que é a arbitragem nacional hodierna. Talvez nada se modifique, Peter será sancionado, o Flu continuará a ser surrupiado, mas o presidente não perdeu a oportunidade de agir como presidente. Cumpriu seu papel institucional e orgulhou  uma torcida que ansiava há tempos por vê-lo defender o Fluminense como defendeu na última quarta-feira.


Que o arsenal do nosso presidente não tenha se esgotado, porque o Fluminense e a sua torcida precisam de quem os defenda sempre.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Foco e paz

Embora possa não parecer, eu gosto tanto de futebol quanto de política. São assuntos que, invariavelmente, ocupam parcela considerável das minhas elucubrações diárias. Mas tanto um quanto outro eu trato de forma reservada. Futebol, só com tricolores e, política, apenas com a minha consciência ou com um ou outro que me procure reservadamente.

Digo a política “política”, aquela que, gostemos ou não, vivenciamos no dia a dia e que, desde sempre, nos causa, com ou sem razão, enorme abjeção. Tramoias, negociatas, esquemas obscuros, corrupção, falsidades e outras manifestações nefastas que, justa ou injustamente, estão indissociavelmente relacionados aos políticos e às suas atividades.

Eu acreditava, porém, que essa “política rasteira” jamais pudesse se misturar ao futebol, ao ambiente clubístico e suas disputas eleitorais, uma vez que as eleições, em regra, e especificamente em relação ao Fluminense, sempre foram restritas aos seus sócios-proprietários, o que não extrapolava um quadro bastante restrito de eleitores.

As campanhas, assim, se desenvolviam de forma “mais ou menos” harmônicas, oportunidade em que as intrigas, as acusações levianas ou mesmo as fundamentadas, restringiam-se às discussões nas áreas sociais do clube sem maiores repercussões extramuros.

Ocorre, contudo, que as próximas eleições presidenciais do Fluminense ocorrerão daqui a aproximadamente um ano e dela poderão participar, por disposição contratual e estatutária, mais de vinte mil sócios, incluindo-se, aí, os da categoria sócio-torcedor.

Essa expansão abrupta do número de eleitores trouxe duas consequências imediatas: democratizou o processo eleitoral, proporcionando ao torcedor “comum” (leia-se aquele que não era sócio-proprietário ou contribuinte do clube) a oportunidade de decidir os rumos do Fluminense, mas, por outro lado, trouxe aquilo que há de pior na política cotidiana para a disputa eleitoral.

Com um colégio de eleitores que ultrapassa o de muitas cidades no Brasil, situação e oposição precisam mostrar serviço. Talvez por isso, a disputa eleitoral já esteja em plena efervescência há meses. E o pontapé inicial coube ao nosso atual presidente, que deixou clara a sua predileção pelo atual vice de futebol, Mario Bittencourt, para substituí-lo em 2016.

Transformou-o, de um dia para o outro, de advogado do clube a vice de futebol. Seria como, por exemplo, um prefeito que desejasse fazer o seu sucessor, o indicasse para a secretaria de obras do Município Com tratores e asfalto muitos votos são conquistados.

Pois foi exatamente isso o que o presidente fez, deu a Mario asfalto, tratores e tudo o mais para que, como vice de futebol, mostrasse ao eleitor que poderia ser tão brilhante quanto o é como advogado.

Acontece que o asfaltamento esburacou rapidamente e os planos de mostrar Mario Bittencourt como candidato imbatível à sucessão presidencial mostraram-se precipitados e irresponsáveis.

Crises, desmandos e outras turbulências foram a tônica da gestão do atual vice de futebol, situações que interferiram diretamente no desempenho do time dentro de campo.

O Fluminense tornou-se, então, campo fértil para que parte da oposição pudesse trazer à tona deslizes administrativos e criticar, construtivamente ou não, com razão ou não, os desmandos da atual administração.

Transmudaram-se, assim, todas aquelas práticas nefastas para o ambiente eleitoral do clube. A máquina administrativa trabalhando a todo o vapor pelo seu candidato e, parte da oposição, torcendo para o “quanto pior melhor”.

Ninguém pode antecipar quem levará a melhor nessa disputa, mas o que se pode dizer, de antemão, é que as disputas internas pelo poder no clube trazem ao futebol os reflexos das mazelas dessa guerra política, interferindo direta e negativamente nos resultados dentro de campo.

Se alguém auferirá frutos nas urnas dessa derrocada tricolor nos últimos anos, também não se pode prever. Há que se considerar, no entanto, que o Fluminense tem boas chances de conquistar mais um título nacional daqui a poucas partidas e, independentemente do que a conquista dessa competição possa acarretar em termos políticos, é preciso que situação e oposição estejam imbuídas de que o importante neste momento (e deveria sê-lo em todos os outros também) é o Fluminense.

Menos vaidade à situação, mais consciência à parcela da oposição é tudo de que o Fluminense precisa para seguir adiante o seu caminho rumo à conquista de mais uma competição nacional e à tão sonhada vaga na Libertadores de 2016.

Todos somos testemunhas de quanto as intercorrências políticas prejudicaram o desempenho tricolor nos últimos anos e ninguém, que se arvore verdadeiramente tricolor, deseja que esses conflitos internos prossigam atrapalhando os rumos do Fluminense.

O momento, portanto, é de foco na Copa do Brasil e de paz interna, nem que essa paz seja, na verdade, apenas uma trégua, porque o interesse maior sempre deverá ser o do Fluminense.




segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Vale a pensa processar Peninha?

Vale a pena processar Peninha?

Eduardo Bueno, jornalista gaúcho, a quem atribuem também o “status” de historiador – foi contratado para produzir uma série de livros sobre o descobrimento do Brasil; depois se empolgou e escreveu outros menos importantes – é também um sonoro babaca.

A torcida do Internacional já o conhece há tempos. A do Fluminense o conheceu melhor quando, no programa “Extraordinários”, do Sportv, perpetrou uma comparação esdrúxula entre a contratação de Ronaldinho Gaúcho – desafeto dos gremistas – e o Fluminense, anunciando em cadeia nacional, através daquele programa de TV por assinatura, que o Flu “é o clube mais mau caráter do Brasil” em alusão à permanência do Tricolor na série A do campeonato brasileiro em 2014.

Todos sabemos, e o senhor Peninha também sabe, que a permanência do Flu decorreu do imbróglio lusagate, a maior farsa do futebol brasileiro contemporâneo, onde a Portuguesa de Desportos foi comprada para escalar um jogador irregular e, assim, salvar o Flamengo do rebaixamento.

O senhor Peninha sabe disso, porque é um cara inteligente. Mas, tanto quanto inteligente, é um estúpido. Daqueles que vociferam asneiras apenas para tripudiar dos adversários, sem qualquer embasamento lógico ou fundamento palpável.

O problema é que as tolices do pseudo-apresentador e pseudo-historiador são engraçadas apenas para ele e para os seu séquito de bajuladores gremistas. No intuito de tripudiar, Peninha pode, eventualmente, cometer crimes, ou mesmo, praticar ilícitos civis que possam ser reparados pela via judicial.

É um risco que se corre.

Ao se referir ao Fluminense como “o clube mais mau caráter do Brasil”, o senhor Peninha se afasta da esfera da liberdade de expressão para praticar uma ofensa com repercussão na reputação ilibada do Fluminense Football Club. E essa ofensa gera um prejuízo moral – empresas, clubes, pessoas jurídicas têm reputação a ser protegida – que pode e deve ser perquirido pela via judicial.

E, por entender que o Fluminense foi ofendido em sua honra, o clube ajuizou ação judicial contra o senhor Eduardo Bueno. Situação semelhante já havia ocorrido quando o Flu impetrou ação judicial de reparação por danos morais contra o presidente da Portuguesa, Ilídio Lico. Em ambas, penso, o Flu está coberto de razão.

Não que as ações judiciais apaguem a pecha que a imprensa ajudou a criar de que o Fluminense seria um clube dado às “viradas de mesa” e outras “falcatruas”. Isso não se apaga. Dependeria de um processo muito mais longo e complexo, que abarcasse reiteradas matérias jornalísticas que mostrassem o quão desacertadas e irresponsáveis foram as máculas atiradas ao nosso Fluminense durante todos esses anos.

Mas isso não é do interesse do grande mídia.

Por enquanto, como disse, o caminho é, paulatinamente, identificar e processar os detratores do Fluminense. Um processo judicial de reparação por danos morais não apaga o que foi dito, mas poderá obrigar o condenado a desembolsar uma quantia para “compensar” – essa compensação nem sempre é total – os danos morais perpetrados.

 E quando dói no bolso, pensa-se duas vezes.

Alguém poderia sugerir que um processo judicial somente daria maior repercussão ao caso e notoriedade ao ofensor, o que, nos dois casos, seria ruim para o Fluminense.

É bem certo que esse é um risco que se corre, mas são consequências menores do que a que entendo principal: o efeito inibidor, preventivo da ação.

Além de prevenir prática semelhante por parte do condenado, porque este deverá pagar ao clube indenização pelo dano moral perpetrado, servirá como uma “advertência” a terceiros que, sabedores do risco que correm de serem processados, guardarão suas “opiniões” consigo.

Recorrer ao Poder Judiciário é uma forma legítima de se buscar direitos que se acreditam violados. E nada há de mal nisso, sobretudo quando, no caso do Flu, para um juiz negar procedência à ação deverá fundamentar a sua decisão no direito do réu (Peninha) exercer livremente a sua liberdade de opinião ou ficar provado que realmente o Fluminense é o maior mau caráter do futebol brasileiro.

Entendo que a mentira, a injúria, a difamação, nem de longe justificam o exercício da liberdade de expressão e, por outro lado, para o senhor Peninha tentar provar que o Fluminense é o que disse, fatalmente provaria que os vilões são outros e que o Tricolor é apenas vítima de uma conspiração antiga que tem por objetivo torná-lo o vilão do futebol nacional.

Seria de bom alvitre que o o juiz do caso, conhecedor das “virtudes” do réu Peninha, determinasse que ele provasse as suas alegações. Afinal de contas, para um “historiador”, isto não seria muito difícil e contribuiria para mostrar a todos, como referido alhures, que as “viradas de mesa” do futebol brasileiro nunca tiveram qualquer interferência direta do Fluminense Football Club.

Sugiro, ainda, se já não o fez, que o advogado da ação, Dr. Mario Bittencourt, junte como prova número 1, o livro “Pagar o quê?”, de autoria do companheiro Andel.

Se a administração tricolor errou e acertou, talvez tenha errado mais do que acertado, dessa vez está correta. Processar os desafetos tricolores é medida que se impõe, menos pela efetiva repercussão financeira nos cofres do clube do que pela obrigação a que estará o réu impelido, podendo ser executado e ter bens penhorados, caso não cumpra a determinação judicial.

Esse é o tipo de dor de cabeça que ninguém gostaria de ter, mesmo aqueles que se acham acima do bem e do mal e que, por frequentarem programas televisivos, mesmo os de qualidade duvidosa, se arvoram no direito de dizerem de forma irresponsável o que pensam.


Não é assim que a “banda toca” pelas bandas do Laranjal, e o senhor Eduardo Bueno sentirá o “doce prazer” de sentar-se no banco dos réus. Se gostar da sensação, bastará expelir novamente de seu repertório de asneiras outra ofensa contra o Fluminense. O Judiciário está de portas abertas a quem o procura.

sábado, 26 de setembro de 2015

Ufa!

Eduardo Baptista chegou ao Fluminense com o firme propósito de não desapontar os seus principais medalhões: Fred e Ronaldinho Gaúcho. As suas primeiras entrevistas, já como treinador do Flu, deixaram bem claro que Fred seria (a única) referência na frente e, mais cauteloso em relação a R10, afirmou que o gaúcho seria escalado de acordo com o seu merecimento, ante a sua inegável qualidade técnica. Vale lembrar que esse “merecimento” veio após a sua terceira partida no comando técnico da equipe – hoje -, quando Ronaldinho havia participado das duas anteriores de forma – para não dizer o menos – bastante discreta.

Outro dos cartões de visita do nosso novo treinador foi, diante de um elenco em ebulição, tentar conter a surreal série de derrotas tricolores no campeonato brasileiro. Contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, isso ficou bem claro: um time que se acertou razoavelmente defensivamente – pelo menos não sofreu gol -, mas que foi absolutamente inofensivo na frente, onde a única opção ofensivo era o Fred, sem qualquer apoio de um meio de campo que estava com as atenções totalmente voltadas para guarnecer a defesa. Veja-se, por exemplo, Cícero postado atrás da linha de meio de campo, raramente indo à frente auxiliar o ataque.

Foi com essa estratégia que o Flu iniciou a partida contra o Goiás, exceção feita ao retorno de R10 como titular no lugar do voluntarioso Marcos Junio.

Diferentemente da partida anterior contra o Grêmio, contudo, o tricolor, nos primeiros vinte minutos, conseguiu finalizar três vezes – ainda que “petelecos” – demonstrando que, se o empate contra os gaúchos foi um bom resultado – na concepção de Eduardo Baptista – não o seria, porém, contra o esmeraldino.

Mas no primeiro tempo o Flu continuou sendo um time atordoado, sem qualquer estratégia ofensiva, preocupado demais em não sofrer gols, em que pese Marlon ter sido displicente em pelo menos quatro oportunidades, situações que, por muito pouco, não resultaram em gol do Goiás. E ainda errou passes demais, sobretudo pelo lado esquerdo – lado mais acionado – com Léo e Scarpa. Cícero, apesar de importante função defensiva, arriscou alguns passes mais longos, acertando uns e errando outros. Eu o prefiro mais adiantadao, onde costuma proporcionar boas jogadas ofensivas e até aparecer como elemento surpresa para marcar gols.

R10 foi o mesmo R10. Abaixo da crítica. Começou como titular para não ser desagradado. Apenas isso.

E o gol? O Flu fez o gol de sua vitória parcial graças à “malandragem” de Ronaldinho. Nisso ele é bom, talvez porque sua vida desregrada, nesse quesito, o ajude. Cobrou rapidamente uma falta para Léo, que cruzou para Fred se antecipar aos zagueiros e fazer o tento tricolor. Fred, aliás, o melhor da primeira etapa. Como a bola chegava pouco, recuou para armar jogadas e as melhores surgiram justamente de seus pés.

Fred, se não foi brilhante, foi brioso.

E assim terminou o primeiro tempo, não sem antes algum sufoco do adversário e uma defesa espetacular de Cavalieri, salvando o Flu do empate no final.

O segundo tempo já se iniciou sem R10. Alteração acertada de Eduardo Baptista, uma vez que nem o nome, nem o currículo do jogador poderiam mantê-lo em campo ante tamanha inércia, sofreguidão e desinteresse.

Marcos Junio, seu substituto, deu mais movimentação à equipe e, antes dos cinco minutos, a mudança deu resultado. Fred deu um passe inteligente, verdadeira assistência, que deixou Scarpa livre para dar uma belo “lençol” no zagueiro e marcar um golaço, de bate-pronto. O Flu ampliou em ótimo momento, quando o Goiás ainda se arrumava em campo, resultado que lhe dava certa tranquilidade.

Logo após o gol, o Flu teve uma grande chance com Marcos Junio e passou, a partir daí, a admininstrar o resultado, esperando o Goiás para matar o jogo num contra-ataque.

A defesa se acertou, vacilando menos e o time foi mais incisivo, talvez pela necessidade de o Goiás avançar para tentar pelo menos um empate, mas de qualquer maneira, foi um segundo tempo muito melhor do que o primeiro, o melhor período, por certo, sob o comando de Eduardo Baptista.

Embora o Goiás passasse a ter mais posse de bola, o Tricolor administrava bem o jogo. Oswaldo ainda entrou para puxar os contra-ataques e Welington Paulista para poupar Scarpa que já estava amarelado. Cavalieri fez outra defesa sensacional em chute de Zé Love, consequência de um Flu mais recuado, propositalmente, à espera de um lance derradeiro para definir a partida.  Logo em seguida, fez outra boa defesa em cobrança de falta e, em outro tiro, o Flu foi salvo pelo travessão.

O terceiro gol não saiu, mas veio a primeira vitória no returno. Importantíssima, fundamental, principalmente porque o próximo jogo será contra o Santos.

Vá lá que o Goiás não tenha sido um adversário a impor muitas dificuldades ao Fluminense, mas depois de uma sequência tão negativa, os três pontos foram essenciais, sobretudo para recuperar o moral do grupo para afastar qualquer risco de rebaixamento no campeonato brasileiro e avançar na Copa do Brasil.

E se eu tivesse que resumir a partida de hoje em uma única palavra, esta seria: ufa!


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Operação em processamento

Os Bancos são locais onde tradicionalmente as pessoas costumam desabafar suas angústias enquanto aguardam atendimento. Acostumado a essa prática, não estranhei quando, sexta passada, numa agência bancária, um senhor diante de um caixa eletrônico começou a esbravejar palavras impublicáveis. Imaginei logo tratar-se de impropérios contra os terríveis banqueiros, suas criações e o descaso costumeiro com a clientela.

Intrigado e curioso por descobrir o motivo da irresignação daquele homem, que já atraía a curiosidade de bastante gente ao seu redor, dirigi-lhe a minha atenção. Xingava, bradava e procurava alguém que lhe desse ouvidos. Olhou em minha direção e, para não desapontá-lo – e também para mostrar minha insatisfação com os serviços bancários, mesmo sem ainda saber qual deles era o motivo da sua ira – assenti com um sorriso chocho, sinal que, para ele, foi suficiente para despejar sobre mim a causa de seu desatino:

- “Ta vendo isso! Bando de f...Olha ali, olha ali! Que demora!”, apontando para o caixa eletrônico.

Observei, então, para ver o que tanto o irritava. O display do aparelho mostrava um ícone rodando rapidamente ao redor de seu próprio eixo e, ao lado, o aviso: “Operação em processamento”.

Então entendi que aquele senhor, dentre todas as reclamações que poderia fazer -  e não seriam poucas: tarifas bancárias, usura dissimulada, impostos, lucros exorbitantes dos banqueiros etc – escolheu reclamar do processamento de sua solicitação que, para ele, extrapolara o limite do razoável.

Enquanto incrementava o repertório de suas ofensas, um cliente o cutucou alertando-o de que o dinheiro solicitado já estava disponível. Virou-se, então, rapidamente, pegou o dinheiro e saiu, deixando para trás apenas os ecos de sua revolta.

E então me veio a inevitável comparação com a realidade do atual Fluminense e as suas “operações em processamento”, questiúnculas que, exageradas, ganham a preferência do torcedor no quesito reclamação. Assim como no caso daquele cliente, muitos de nós enxergamos apenas os problemas mais aparentes, que nos afligem diretamente e nos esquecemos do restante do “iceberg”.

Evidentemente, Cristóvão, Drubscky e Enderson foram malfadadas apostas que não deram resultado. Pudera, nenhum deles tinha currículo para ser treinador do  Fluminense e, se um deles funcionasse, certamente seria obra do acaso. E aí está a “operação em processamento” que tanto nos irrita. E irrita tanto que deixamos de buscar a causa do descaso, o motivo pelo qual fomos submetidos à inépcia desses profissionais, para bradarmos contra treinadores ou mesmo jogadores inabilitados.

É preciso enxergar mais longe para perceber que se há um Drubscky, é porque alguém o trouxe. Se há conflitos internos, é porque quem deveria controlá-los é pusilânime. Se há dívidas, é porque quem deveria zelar pela ordem financeira do clube não o faz.

Observar e criticar somente o efeito é uma opção simplista demais. É preciso buscar a causa.

Nem tudo, porém, é divulgado pela imprensa. Nem todos têm acesso às informações privilegiadas que vêm do clube, mas nem por isso se deve aquiescer parcimoniosamente. Um pouco de sensatez nos permitirá concluir que o problema não está apenas no que é visível, mas está sobretudo naquilo que não podemos ver. Não podemos ver, mas podemos sentir.

O Fluminense precisa de uma reestruturação profunda em seu departamento de futebol, que já demonstrou ser inepto e omisso, sem capacidade para fazer as melhores escolhas técnicas e sem pulso para controlar as insatisfações internas, quando ocorrem - e em todos os clubes elas ocorrem, mas são incêndios apagados sem que, na maioria das vezes, extrapolem as suas paredes. Talvez essa seja a explicação das quedas vertiginosas de rendimento da equipe nos últimos anos, de times que vinham bem e, subitamente, protagonizaram inenarráveis vexames.

Trocar treinadores é medida paliativa. E se são trocados com frequência é porque foram mal escolhidos. Responsabilidade de quem os escolheu.

Eduardo Baptista é o novo nome. Outra aposta, pois um título pernambucano e uma copa do Nordeste não podem credenciar ninguém a ser treinador de um grande clube como o Fluminense. Particularmente, contudo, essa aposta me parece melhor do que as três anteriores e, como sempre costumo proceder, a ele também desejo a melhor sorte, porque quem ganhará com o seu sucesso será o Fluminense.

De qualquer forma, embora me pareça uma boa aposta, Eduardo não é fruto de um projeto. É apenas mais um remendo para salvar o clube dessa queda absurda e preocupante, evitando-se o fantasma do rebaixamento. E o Fluminense precisa de um projeto de retomada das glórias, não de paliativos.

Eduardo Baptista pode dar certo e permanecer no Flu para a temporada seguinte – assinou contrato até o fim de 2016. É o que deve acontecer se conseguir salvar o time do rebaixamento e avançar mais um ou dois degraus na Copa do Brasil, mas nunca será um projeto, nunca terá sido o nome idealizado para comandar o clube de volta às grandes conquistas. Se acontecer, como já disse, será obra do acaso, não do planejamento.

Portanto, o Fluminense de hoje está à mercê das intempéries. Se há um vento bom, navega boas léguas rumo ao seu destino final. Se não há vento, não vai a lugar algum e, se enfrenta uma poderosa tormenta, tende a naufragar.

A solução para esse Fluminense passa necessariamente pelo torcedor, que precisa enxergar além das problemáticas aparentes, da demora da “operação em processamento” que afligiu o cliente impaciente para entender que todo efeito tem causa e que essa causa pode estar na incapacidade de quem atualmente define os rumos do futebol tricolor.

Para esse problema há duas soluções: a atuação firme do presidente do clube renovando o quadro do departamento de futebol e a manifestação do torcedor que, chamado a depositar o seu voto na urna, deposite junto com ele o seu anseio por mudanças profundas na administração do Fluminense Football Club.

O torcedor tricolor precisa, assim, ler as entrelinhas, ser verdadeiramente crítico, consciente e politizado, porque até para reclamar, é preciso saber fazê-lo.






segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Pasárgada de Ronaldinho

Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei/ Lá tenho a mulher que eu quero/
Na cama que escolherei
...”. Este excerto de “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta maior Manuel Bandeira, foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao saber dos recentes desatinos de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense.

Faço aqui, primeiramente, o meu “mea culpa” por ter assumido publicamente que R10 seria imprescindível ao Flu por sua qualidade técnica. Graças a Deus a liberdade de expressão me permite reconhecer que errei no meu prognóstico em relação a esse jogador. Infelizmente, a técnica sem o comprometimento não serve de nada. Ronaldinho retornou do México não para ser o que foi no Atlético/MG, mas para ser menos do que foi no Flamengo.

Veio buscar no Rio de Janeiro e, mais especificamente no Fluminense, que lhe abriu as portas, a sua Pasárgada. Regiamente remunerado, cercado de bajuladores aos borbotões e de mulheres disponíveis à sua lascividade, tornou à sua mansão, a “casa da mãe Joana”, pretendendo fazer do Fluminense a sua extensão.

Fred percebeu isso; Enderson, também; a diretoria idem, mas esta, como sói acontecer, permaneceu inerte. A torcida já desconfiava, mas agora as informações já chegam não por boatos, e sim por veículos oficiais da imprensa. E não se diga que se trata de mais uma orquestração da famigerada flapress. A queda vertiginosa de produção do Fluminense não poderia ser atribuída unicamente ao fraco Enderson Moreira. Ele teria que ser pior do que um Drubscky para que permitisse que isso ocorresse apenas por sua deficiência profissional. Havia algo mais e o algo mais está aí: Ronaldinho Gaúcho e alguns outros que resolveram seguir seu “Ronaldinho way of life”.

A insatisfação com a reserva, as desculpas rotas, a ressaca quase diária e a indolência no campo de jogo são a prova cabal de que Ronaldinho retornou ao Rio de Janeiro para fazer o que mais gosta na vida: curti-la adoidado. Todo o resto está em segundo plano, inclusive o Fluminense.

Por isso, Fred se insurgiu. Percebendo que a laranja podre poderia contaminar outras, inclusive a jovem safra de Xerém, agiu como se deve agir um líder. Chamou para si a responsabilidade, separou o joio do trigo e preservou os garotos de Xerém da perniciosa influência de R10. É claro que, se tivéssemos uma diretoria menos pusilânime, esse papel não caberia a ele e, provavelmente, R10 nem mesmo tornaria a vestir a camisa tricolor.

De toda a sorte, parece que esse foi o motivo de terem preservado, depois de tantos malogros, o medíocre Enderson Moreira. O momento, agora, é de apostar na base e nos que estiverem comprometidos, aqueles que atenderam ao chamado de Fred, e torcer para que esse prejuízo enorme seja pelo menos amenizado com a possibilidade de se voltar à luta pelo G4.

Quanto ao R10 fica a certeza de que não quer nada com o Fluminense, quer dele apenas o seu salário e, de preferência, em dia. E a incerteza: rescindir seu contrato seria o melhor caminho? Provavelmente o prejuízo seria do tricolor, tanto pela multa, quanto pela possibilidade de se continuar pagando o seu salário até o fim de seu contrato. Ou seria menos oneroso mantê-lo no elenco, mesmo sem a menor intenção de se dedicar dentro de campo e ainda correndo o risco de que seu contato diário com outros jogadores possa interferir em seus comportamentos e no bom ambiente do grupo? Esta é uma pergunta retórica para você, tricolor. Quem deve respondê-la é o responsável pela sua contratação.

Eu, como torcedor, tenho o direito de errar ao analisar uma contratação. Um profissional do clube pode até fazê-lo, mas deve responsabilizar-se por seus atos. É assim numa empresa, deveria ser assim num clube de futebol.

Enquanto isso torçamos para que o Fluminense se ajuste. Imbuído das veementes palavras de Fred, que nossos jogadores entendam que vestem a camisa de um grande clube, que a ele devem respeito e que por ele e por sua torcida devem se almejar sempre a vitória.


E que Ronaldinho Gaúcho reúna seus pagodeiros, mulheres e bajuladores e encontre outra Pasárgada para levar sua trupe, porque o Fluminense é a minha e a sua Pasárgada, tricolor apaixonado,  e lá não entra quem não é amigo do rei.