Torcedor tricolor, cuidado com o 19 de julho. Nessa
data, o Fluminense enfrentará o Vasco pelo campeonato brasileiro no Maracanã. A
advertência, que seria desnecessária se estivéssemos tratando apenas de futebol,
faz-se prudente quando, do lado de lá, dita as regras um mafioso travestido de
dirigente de futebol chamado Eurico Miranda.
Eurico, ou Pança, como é conhecido, é um homem
inteligente. Perverso, porém inteligente. Ele sabe, assim como todos sabemos,
que o antigo Estádio Jornalista Mário Filho não existe mais, que a nova arena
construída em seu lugar herdou apenas o apelido, Maracanã e a sua localização
geográfica. A arena foi concedida pelo Estado à iniciativa privada, que
iniciou uma nova gestão, rompendo-se todos os vínculos jurídicos ou consuetudinários
anteriores.
Eurico é advogado e sabe que os contratos devem
ser respeitados. Tem plena ciência de que o Novo Maracanã firmou contrato com o
Fluminense e, dentre tantas outras cláusulas, estipulou-se que a torcida
tricolor teria um local fixo no estádio à direita das cabines de rádio. Assim,
não importa o suposto direito alegado pelo Vasco de que desde 1950 à sua
torcida foi garantido o posicionamento no mesmo local. Tal direito, mesmo que
decorrente de um costume, está enterrado junto aos escombros do antigo estádio.
O dirigente vascaíno, contudo, não abre mão de
lutar por essa mentira, à revelia do direito – com quem, por sinal, nunca se
entendeu tanto na sua vida política, quanto pessoal ou mesmo como dirigente de
clube – decorrente de estipulação contratual válida e que deveria ser
respeitada por todos. Evidentemente, através de seu ufanismo exacerbado e
leviano, tenta passar ao torcedor vascaíno que é o maior defensor de seus
interesses, embora a história tenha mostrado que sempre pensou em si próprio.
Aqui vale lembrar o episódio do sumiço da renda que transportou consigo para
casa depois de um jogo do Vasco e a final da Copa Havelange contra o São
Caetano, quando impediu o socorro de torcedores vascaínos dentro de campo após
a queda do alambrado do estádio.
Esse poder que tem sobre uma incauta parte da
torcida é com que devemos nos preocupar. As suas bravatas comumente servem de
incentivo às hordas mais radicais para o cometimento de atos de violência.
Quando Eurico afirma que “não abrirá mão” de que a torcida do Vasco se
posicione do lado direito das cabines de rádio e outras insanidades do gênero,
ele não apenas avaliza, mas também incentiva atos hostis por parte de sua
torcida.
Foi assim quando Flu e Vasco se enfrentaram no Engenhão
pelo campeonato carioca. Dezenas de tricolores foram presos porque se
defenderam de ataques vascaínos insuflados pelas falácias do vetusto dirigente.
Foram acusados, inclusive, de formação de quadrilha. De forma alguma a
violência deve ser defendida, mas se as autoridades tivessem apurado a fundo,
saberiam que os conflitos que precederam aquela partida decorreram única e
exclusivamente das declarações inoportunas e irracionais do senhor Eurico
Miranda que transformaram o Fluminense e a sua torcida em usurpadores do
legítimo direito do vascaíno de sentar-se no lado direito do estádio.
Torna, agora, à mesma ladainha, às vésperas de
novo confronto e, mais uma vez, induzindo seus seguidores à violência.
Uma autoridade pública isenta, diante de um
novo quadro de agressões, deveria responsabilizar, além dos contendores, o
malfeitor cruzmaltino. A sua conduta, além de temerária, é uma verdadeira
declaração de coautoria de corresponsabilização, de incitação explícita à
violência.
Não me apraz passar tanto tempo falando de um
sujeito que mereceria, por tudo que fez de mal ao futebol e à coisa pública,
estar atrás das grades, - sobretudo quando vivenciamos uma semana em que
comemoramos os vinte anos do épico Fla-Flu de 1995 e disso poderia tratar -, mas
diante do que ocorreu no último embate, mister se faz a advertência. Não me
agradaria em nada saber de atos de violência que vitimem torcedores dos dois
clubes, ou mesmo de prisões por obra de alguém que estará fumando
tranquilamente o seu charuto enquanto o “circo pega fogo”.
Oxalá possamos, após a partida, tratar apenas
do que ocorreu dentro de campo, porque a prática de crime é caso de polícia. O
meu “sexto sentido”, todavia, me diz que Eurico não se calará e agirá o quanto
for preciso para alcançar seu objetivo e, se não o alcançar, tratará de tumultuar
o quanto puder a realização do jogo, tentando encobrir o malogro de sua equipe
dentro de campo com as bravatas fora dele.
Atenção, portanto, às autoridades. Cuidado,
torcedor tricolor. Vá ao jogo ver o seu time do coração e apenas torça. Deixe
que a Polícia cumpra o seu papel institucional e impeça atos de violência que,
se houver, devem ser apurados com rigor e isenção, inclusive quanto à
participação do malfeitor da Colina e a sua devida responsabilização.
E se ele determinar que o seu time não enfrente
o Fluminense, nada há que se lamentar, ou que se estranhar. Afinal de contas,
em W.O. o Vasco é expert.