sábado, 26 de setembro de 2015

Ufa!

Eduardo Baptista chegou ao Fluminense com o firme propósito de não desapontar os seus principais medalhões: Fred e Ronaldinho Gaúcho. As suas primeiras entrevistas, já como treinador do Flu, deixaram bem claro que Fred seria (a única) referência na frente e, mais cauteloso em relação a R10, afirmou que o gaúcho seria escalado de acordo com o seu merecimento, ante a sua inegável qualidade técnica. Vale lembrar que esse “merecimento” veio após a sua terceira partida no comando técnico da equipe – hoje -, quando Ronaldinho havia participado das duas anteriores de forma – para não dizer o menos – bastante discreta.

Outro dos cartões de visita do nosso novo treinador foi, diante de um elenco em ebulição, tentar conter a surreal série de derrotas tricolores no campeonato brasileiro. Contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, isso ficou bem claro: um time que se acertou razoavelmente defensivamente – pelo menos não sofreu gol -, mas que foi absolutamente inofensivo na frente, onde a única opção ofensivo era o Fred, sem qualquer apoio de um meio de campo que estava com as atenções totalmente voltadas para guarnecer a defesa. Veja-se, por exemplo, Cícero postado atrás da linha de meio de campo, raramente indo à frente auxiliar o ataque.

Foi com essa estratégia que o Flu iniciou a partida contra o Goiás, exceção feita ao retorno de R10 como titular no lugar do voluntarioso Marcos Junio.

Diferentemente da partida anterior contra o Grêmio, contudo, o tricolor, nos primeiros vinte minutos, conseguiu finalizar três vezes – ainda que “petelecos” – demonstrando que, se o empate contra os gaúchos foi um bom resultado – na concepção de Eduardo Baptista – não o seria, porém, contra o esmeraldino.

Mas no primeiro tempo o Flu continuou sendo um time atordoado, sem qualquer estratégia ofensiva, preocupado demais em não sofrer gols, em que pese Marlon ter sido displicente em pelo menos quatro oportunidades, situações que, por muito pouco, não resultaram em gol do Goiás. E ainda errou passes demais, sobretudo pelo lado esquerdo – lado mais acionado – com Léo e Scarpa. Cícero, apesar de importante função defensiva, arriscou alguns passes mais longos, acertando uns e errando outros. Eu o prefiro mais adiantadao, onde costuma proporcionar boas jogadas ofensivas e até aparecer como elemento surpresa para marcar gols.

R10 foi o mesmo R10. Abaixo da crítica. Começou como titular para não ser desagradado. Apenas isso.

E o gol? O Flu fez o gol de sua vitória parcial graças à “malandragem” de Ronaldinho. Nisso ele é bom, talvez porque sua vida desregrada, nesse quesito, o ajude. Cobrou rapidamente uma falta para Léo, que cruzou para Fred se antecipar aos zagueiros e fazer o tento tricolor. Fred, aliás, o melhor da primeira etapa. Como a bola chegava pouco, recuou para armar jogadas e as melhores surgiram justamente de seus pés.

Fred, se não foi brilhante, foi brioso.

E assim terminou o primeiro tempo, não sem antes algum sufoco do adversário e uma defesa espetacular de Cavalieri, salvando o Flu do empate no final.

O segundo tempo já se iniciou sem R10. Alteração acertada de Eduardo Baptista, uma vez que nem o nome, nem o currículo do jogador poderiam mantê-lo em campo ante tamanha inércia, sofreguidão e desinteresse.

Marcos Junio, seu substituto, deu mais movimentação à equipe e, antes dos cinco minutos, a mudança deu resultado. Fred deu um passe inteligente, verdadeira assistência, que deixou Scarpa livre para dar uma belo “lençol” no zagueiro e marcar um golaço, de bate-pronto. O Flu ampliou em ótimo momento, quando o Goiás ainda se arrumava em campo, resultado que lhe dava certa tranquilidade.

Logo após o gol, o Flu teve uma grande chance com Marcos Junio e passou, a partir daí, a admininstrar o resultado, esperando o Goiás para matar o jogo num contra-ataque.

A defesa se acertou, vacilando menos e o time foi mais incisivo, talvez pela necessidade de o Goiás avançar para tentar pelo menos um empate, mas de qualquer maneira, foi um segundo tempo muito melhor do que o primeiro, o melhor período, por certo, sob o comando de Eduardo Baptista.

Embora o Goiás passasse a ter mais posse de bola, o Tricolor administrava bem o jogo. Oswaldo ainda entrou para puxar os contra-ataques e Welington Paulista para poupar Scarpa que já estava amarelado. Cavalieri fez outra defesa sensacional em chute de Zé Love, consequência de um Flu mais recuado, propositalmente, à espera de um lance derradeiro para definir a partida.  Logo em seguida, fez outra boa defesa em cobrança de falta e, em outro tiro, o Flu foi salvo pelo travessão.

O terceiro gol não saiu, mas veio a primeira vitória no returno. Importantíssima, fundamental, principalmente porque o próximo jogo será contra o Santos.

Vá lá que o Goiás não tenha sido um adversário a impor muitas dificuldades ao Fluminense, mas depois de uma sequência tão negativa, os três pontos foram essenciais, sobretudo para recuperar o moral do grupo para afastar qualquer risco de rebaixamento no campeonato brasileiro e avançar na Copa do Brasil.

E se eu tivesse que resumir a partida de hoje em uma única palavra, esta seria: ufa!


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Operação em processamento

Os Bancos são locais onde tradicionalmente as pessoas costumam desabafar suas angústias enquanto aguardam atendimento. Acostumado a essa prática, não estranhei quando, sexta passada, numa agência bancária, um senhor diante de um caixa eletrônico começou a esbravejar palavras impublicáveis. Imaginei logo tratar-se de impropérios contra os terríveis banqueiros, suas criações e o descaso costumeiro com a clientela.

Intrigado e curioso por descobrir o motivo da irresignação daquele homem, que já atraía a curiosidade de bastante gente ao seu redor, dirigi-lhe a minha atenção. Xingava, bradava e procurava alguém que lhe desse ouvidos. Olhou em minha direção e, para não desapontá-lo – e também para mostrar minha insatisfação com os serviços bancários, mesmo sem ainda saber qual deles era o motivo da sua ira – assenti com um sorriso chocho, sinal que, para ele, foi suficiente para despejar sobre mim a causa de seu desatino:

- “Ta vendo isso! Bando de f...Olha ali, olha ali! Que demora!”, apontando para o caixa eletrônico.

Observei, então, para ver o que tanto o irritava. O display do aparelho mostrava um ícone rodando rapidamente ao redor de seu próprio eixo e, ao lado, o aviso: “Operação em processamento”.

Então entendi que aquele senhor, dentre todas as reclamações que poderia fazer -  e não seriam poucas: tarifas bancárias, usura dissimulada, impostos, lucros exorbitantes dos banqueiros etc – escolheu reclamar do processamento de sua solicitação que, para ele, extrapolara o limite do razoável.

Enquanto incrementava o repertório de suas ofensas, um cliente o cutucou alertando-o de que o dinheiro solicitado já estava disponível. Virou-se, então, rapidamente, pegou o dinheiro e saiu, deixando para trás apenas os ecos de sua revolta.

E então me veio a inevitável comparação com a realidade do atual Fluminense e as suas “operações em processamento”, questiúnculas que, exageradas, ganham a preferência do torcedor no quesito reclamação. Assim como no caso daquele cliente, muitos de nós enxergamos apenas os problemas mais aparentes, que nos afligem diretamente e nos esquecemos do restante do “iceberg”.

Evidentemente, Cristóvão, Drubscky e Enderson foram malfadadas apostas que não deram resultado. Pudera, nenhum deles tinha currículo para ser treinador do  Fluminense e, se um deles funcionasse, certamente seria obra do acaso. E aí está a “operação em processamento” que tanto nos irrita. E irrita tanto que deixamos de buscar a causa do descaso, o motivo pelo qual fomos submetidos à inépcia desses profissionais, para bradarmos contra treinadores ou mesmo jogadores inabilitados.

É preciso enxergar mais longe para perceber que se há um Drubscky, é porque alguém o trouxe. Se há conflitos internos, é porque quem deveria controlá-los é pusilânime. Se há dívidas, é porque quem deveria zelar pela ordem financeira do clube não o faz.

Observar e criticar somente o efeito é uma opção simplista demais. É preciso buscar a causa.

Nem tudo, porém, é divulgado pela imprensa. Nem todos têm acesso às informações privilegiadas que vêm do clube, mas nem por isso se deve aquiescer parcimoniosamente. Um pouco de sensatez nos permitirá concluir que o problema não está apenas no que é visível, mas está sobretudo naquilo que não podemos ver. Não podemos ver, mas podemos sentir.

O Fluminense precisa de uma reestruturação profunda em seu departamento de futebol, que já demonstrou ser inepto e omisso, sem capacidade para fazer as melhores escolhas técnicas e sem pulso para controlar as insatisfações internas, quando ocorrem - e em todos os clubes elas ocorrem, mas são incêndios apagados sem que, na maioria das vezes, extrapolem as suas paredes. Talvez essa seja a explicação das quedas vertiginosas de rendimento da equipe nos últimos anos, de times que vinham bem e, subitamente, protagonizaram inenarráveis vexames.

Trocar treinadores é medida paliativa. E se são trocados com frequência é porque foram mal escolhidos. Responsabilidade de quem os escolheu.

Eduardo Baptista é o novo nome. Outra aposta, pois um título pernambucano e uma copa do Nordeste não podem credenciar ninguém a ser treinador de um grande clube como o Fluminense. Particularmente, contudo, essa aposta me parece melhor do que as três anteriores e, como sempre costumo proceder, a ele também desejo a melhor sorte, porque quem ganhará com o seu sucesso será o Fluminense.

De qualquer forma, embora me pareça uma boa aposta, Eduardo não é fruto de um projeto. É apenas mais um remendo para salvar o clube dessa queda absurda e preocupante, evitando-se o fantasma do rebaixamento. E o Fluminense precisa de um projeto de retomada das glórias, não de paliativos.

Eduardo Baptista pode dar certo e permanecer no Flu para a temporada seguinte – assinou contrato até o fim de 2016. É o que deve acontecer se conseguir salvar o time do rebaixamento e avançar mais um ou dois degraus na Copa do Brasil, mas nunca será um projeto, nunca terá sido o nome idealizado para comandar o clube de volta às grandes conquistas. Se acontecer, como já disse, será obra do acaso, não do planejamento.

Portanto, o Fluminense de hoje está à mercê das intempéries. Se há um vento bom, navega boas léguas rumo ao seu destino final. Se não há vento, não vai a lugar algum e, se enfrenta uma poderosa tormenta, tende a naufragar.

A solução para esse Fluminense passa necessariamente pelo torcedor, que precisa enxergar além das problemáticas aparentes, da demora da “operação em processamento” que afligiu o cliente impaciente para entender que todo efeito tem causa e que essa causa pode estar na incapacidade de quem atualmente define os rumos do futebol tricolor.

Para esse problema há duas soluções: a atuação firme do presidente do clube renovando o quadro do departamento de futebol e a manifestação do torcedor que, chamado a depositar o seu voto na urna, deposite junto com ele o seu anseio por mudanças profundas na administração do Fluminense Football Club.

O torcedor tricolor precisa, assim, ler as entrelinhas, ser verdadeiramente crítico, consciente e politizado, porque até para reclamar, é preciso saber fazê-lo.






segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Pasárgada de Ronaldinho

Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei/ Lá tenho a mulher que eu quero/
Na cama que escolherei
...”. Este excerto de “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta maior Manuel Bandeira, foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao saber dos recentes desatinos de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense.

Faço aqui, primeiramente, o meu “mea culpa” por ter assumido publicamente que R10 seria imprescindível ao Flu por sua qualidade técnica. Graças a Deus a liberdade de expressão me permite reconhecer que errei no meu prognóstico em relação a esse jogador. Infelizmente, a técnica sem o comprometimento não serve de nada. Ronaldinho retornou do México não para ser o que foi no Atlético/MG, mas para ser menos do que foi no Flamengo.

Veio buscar no Rio de Janeiro e, mais especificamente no Fluminense, que lhe abriu as portas, a sua Pasárgada. Regiamente remunerado, cercado de bajuladores aos borbotões e de mulheres disponíveis à sua lascividade, tornou à sua mansão, a “casa da mãe Joana”, pretendendo fazer do Fluminense a sua extensão.

Fred percebeu isso; Enderson, também; a diretoria idem, mas esta, como sói acontecer, permaneceu inerte. A torcida já desconfiava, mas agora as informações já chegam não por boatos, e sim por veículos oficiais da imprensa. E não se diga que se trata de mais uma orquestração da famigerada flapress. A queda vertiginosa de produção do Fluminense não poderia ser atribuída unicamente ao fraco Enderson Moreira. Ele teria que ser pior do que um Drubscky para que permitisse que isso ocorresse apenas por sua deficiência profissional. Havia algo mais e o algo mais está aí: Ronaldinho Gaúcho e alguns outros que resolveram seguir seu “Ronaldinho way of life”.

A insatisfação com a reserva, as desculpas rotas, a ressaca quase diária e a indolência no campo de jogo são a prova cabal de que Ronaldinho retornou ao Rio de Janeiro para fazer o que mais gosta na vida: curti-la adoidado. Todo o resto está em segundo plano, inclusive o Fluminense.

Por isso, Fred se insurgiu. Percebendo que a laranja podre poderia contaminar outras, inclusive a jovem safra de Xerém, agiu como se deve agir um líder. Chamou para si a responsabilidade, separou o joio do trigo e preservou os garotos de Xerém da perniciosa influência de R10. É claro que, se tivéssemos uma diretoria menos pusilânime, esse papel não caberia a ele e, provavelmente, R10 nem mesmo tornaria a vestir a camisa tricolor.

De toda a sorte, parece que esse foi o motivo de terem preservado, depois de tantos malogros, o medíocre Enderson Moreira. O momento, agora, é de apostar na base e nos que estiverem comprometidos, aqueles que atenderam ao chamado de Fred, e torcer para que esse prejuízo enorme seja pelo menos amenizado com a possibilidade de se voltar à luta pelo G4.

Quanto ao R10 fica a certeza de que não quer nada com o Fluminense, quer dele apenas o seu salário e, de preferência, em dia. E a incerteza: rescindir seu contrato seria o melhor caminho? Provavelmente o prejuízo seria do tricolor, tanto pela multa, quanto pela possibilidade de se continuar pagando o seu salário até o fim de seu contrato. Ou seria menos oneroso mantê-lo no elenco, mesmo sem a menor intenção de se dedicar dentro de campo e ainda correndo o risco de que seu contato diário com outros jogadores possa interferir em seus comportamentos e no bom ambiente do grupo? Esta é uma pergunta retórica para você, tricolor. Quem deve respondê-la é o responsável pela sua contratação.

Eu, como torcedor, tenho o direito de errar ao analisar uma contratação. Um profissional do clube pode até fazê-lo, mas deve responsabilizar-se por seus atos. É assim numa empresa, deveria ser assim num clube de futebol.

Enquanto isso torçamos para que o Fluminense se ajuste. Imbuído das veementes palavras de Fred, que nossos jogadores entendam que vestem a camisa de um grande clube, que a ele devem respeito e que por ele e por sua torcida devem se almejar sempre a vitória.


E que Ronaldinho Gaúcho reúna seus pagodeiros, mulheres e bajuladores e encontre outra Pasárgada para levar sua trupe, porque o Fluminense é a minha e a sua Pasárgada, tricolor apaixonado,  e lá não entra quem não é amigo do rei.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Sem desculpas

Enderson Moreira é um cara sortudo. Tem contado com a infeliz coincidência das arbitragens catastróficas que nos prejudicam para justificar seu pífio comando técnico à frente do Fluminense. E quando não são as arbitragens, tem uma falha aqui, outra ali, um cansaço, ou outra qualquer desculpa para atenuar a sua incompetência.

Perder sete das últimas nove partidas disputadas não é para qualquer um; não é apenas para um azarado. Tem que ser ruim mesmo. Talvez Enderson tenha tido alguma sorte quando fez esse time correr e ganhar alguns jogos mais na transpiração do que na inspiração.

Refiro-me à sorte, porque nunca houve nesse Fluminense de hoje, como nos outros que vimos sob os também desastrosos comandos anteriores, qualquer esboço de organização tática. Um esquema retrancado, que fosse, mas organizado. Nem isso se viu. Estamos há um tempo pra lá de longo à mercê de desmandos da nossa direção do Futebol, que se esforçou para montar uma equipe que poderia ser competitiva, mas não deu a ela um comandante digno das tradições tricolores.

Quando Enderson assumiu, depois – só para ficar nos dois – das apostas em Cristóvão e Drubscky, escrevi que o nosso treinador seria um “tiro à luz opaca” da diretoria tricolor. Disse isso, porque em relação a Drubscky, o imaginei como sendo “um tiro no escuro”. Portanto, dei um pouquinho mais de claridade, ainda que tênue, ao nosso atual treinador.

O problema é que isso não é suficiente. O Fluminense precisa de luz fulgurante, viva, resplandecente e não de um fanal que emana frouxo de um técnico que não tem currículo para comandar um Fluminense.

Mas Enderson desempenha o seu papel tosco, porque alguém o contratou e o mantém no cargo. A responsabilidade, então, precisa ser compartilhada, afinal de contas, errar é humano, persistir no erro é burrice. Insistir, portanto, em desconhecidos para comandar o Fluminense deve ser algo impublicável. É a chamada economia “porca”.

E o resultado aí está. Uma equipe que, apesar dos desfalques e das limitações, poderia estar disputando novamente um título nacional, chegou a sonhar com uma vaga da Libertadores e, agora, gradualmente, vai se afastando cada vez mais de seus maiores objetivos para se contentar, talvez, com uma posição intermediária, sem sustos de rebaixamento.

Me desculpem os amigos mais otimistas. Eu também sou um otimista, mas antes de tudo sou realista. Quando assisti ao Fluminense acovardado contra o Atlético MG, a minha reação não foi de raiva, mas de decepção, resignação ante a incapacidade de quem estava à beira do campo de fazer algo novo pela equipe. Enderson nunca deu forma ao Fluminense e, parece que agora, nem consegue mais dar o ímpeto que ao menos se viu em alguns jogos no início da competição.

Ainda há a Copa do Brasil. Sim, há. Já houve casos em que equipes que vão mal numa competição se reinventam em outra. Pode acontecer. O Flu pode ser campeão da Copa do Brasil e voltar à Libertadores, nosso sonho mais desejado. E eu torço por isso, mas no fundo, no meu âmago, duvido que aconteça. Menos pela qualidade do elenco que temos do que pela inaptidão do senhor Enderson Moreira.

Escrevo este texto resignado, pois diante do nosso atual comando técnico do futebol, nem mesmo posso torcer para que Enderson seja demitido, pois o seu substituto pode ser de qualidade ainda mais duvidosa. É a velha história de que se está ruim com ele pode ficar pior sem ele.

O Fluminense das Laranjeiras, portanto, tem deprimido a cada jogo o seu torcedor, transformando-o em melancólico assistente de partidas em que o Tricolor, disforme dentro de campo, reiteradamente é derrotado.

Mas se o Fluminense das Laranjeiras vai mal, o de Xerém nos agraciou com um retumbante título nacional na categoria sub-20. Em campanha invicta, mostrou a todo o Brasil a força da nossa base, fruto de um trabalho que se deve creditar ao Presidente Peter por sua ação para reconstruir em estrutura física e pessoal a casa de nossos garotos. Lá, mais do que jogadores de futebol, o Fluminense forma homens, praticando uma função social que deveria ser exemplo para todos os demais clubes brasileiros.


Esse é o Fluminense que nos têm orgulhado, mas que precisa ser um só. Que a melancolia do Fluminense das Laranjeiras sorva o vigor do Fluminense de Xerém para que, com ou sem Enderson Moreira, torne a ser novamente uma equipe competitiva e briosa dentro de campo.