domingo, 20 de novembro de 2016

Respeito eleitoral

Confesso que ainda não digeri os efeitos dessa campanha eleitoral para a presidência do Fluminense. Muita roupa suja lavada, ofensas, bloqueios e outras condutas pouco civilizadas dão o tom desse período pré eleições.

Talvez seja porque pela primeira vez o pleito tricolor ganhará um alcance muito maior que os anteriores, com a participação dos sócios-torcedores e, também, em razão do eficaz instrumento de propagação de ideias e, infelizmente, violências, chamado internet.

Tenho amigos que apoiam os, agora, três candidatos e nunca me indispus com qualquer deles, mas percebo, da distância que guardo de tudo isso, que são muito frequentes os casos de agressões entre partidários das candidaturas. E isso ocorre por três motivos: primeiro pela falta de argumentos; segundo, porque ainda existe a falsa crença de que por detrás de um teclado se é invisível e, terceiro, pela falta de educação.

Pode parecer um clichê, mas quando candidatos concorrem a qualquer cargo, até o de síndico, é preciso debater ideias. Todos os concorrentes à presidência do Fluminense têm suas plataformas expostas em suas páginas e sites de campanha, mas não consigo perceber, ou raramente consegui, partidários de uma ou de outra candidatura discutindo os exatos termos dessas plataformas, comparando-as e até mesmo criticando-as através de argumentos sólidos.

Basicamente, tem-se procurado desconstruir o concorrente trazendo à tona suas mazelas pessoais ou profissionais, ou seja, o lado negativo de cada um tem sido elevado à quinta potência, enquanto o que cada um tem de bom – e deve haver algo de bom – é relegado ao ostracismo.

Talvez essa seja uma tática da política, jogo que ainda não aprendi a jogar, embora reconheça a sua importância, mas de toda a sorte, para o eleitor verdadeiramente preocupado com os rumos do Fluminense, o que deveria importar são as propostas que poderão retirar o Tricolor desse mar de mediocridade em que está mergulhado há quatro anos.

Antes que digam que só vejo o lado ruim desta Administração, qualquer consulta aqui mesmo no Panorama Tricolor revelará o contrário. Há muito o que ser comemorado na gestão Peter, mas a sua preocupação com o futebol foi um ponto negativo num quesito que tem peso três.

Mas falar desta gestão não é o propósito desta coluna. Meu intuito é dizer que as eleições se aproximam e que toda essa violência virtual que descamba para o ódio e que, invariavelmente, põe em trincheiras contrárias tricolores que até bem pouco tempo estavam comemorando juntos vitórias do Fluminense, só tem uma consequência: destruir laços de afeição e amizade que poucas torcidas podem se orgulhar de ter.

Não há mais tempo para que isso seja corrigido, e, mesmo se houvesse, talvez não pudesse sê-lo, porque o ser humano é estranho quando é contrariado. Dificilmente sabe ouvir argumentos contrários e, quando não há argumentos para defender seu ponto de vista, simplesmente ataca como uma forma de defender-se de uma agressão que não houve. Um complexo de perseguição quase esquizofrênico que se transforma em ódio  por qualquer palavra mal compreendida ou qualquer argumento que não se possa refutar com outro argumento.


O que eu posso esperar, portanto, é que no dia 26 de novembro o torcedor possa fazer a sua escolha com consciência, baseado nas melhores ideias e no potencial que o candidato terá para desenvolvê-las, mas, sobretudo, que todos sejamos, em espírito, tricolores novamente.

domingo, 13 de novembro de 2016

Um treinador vencedor em 2017

A seleção brasileira tem sido um claro exemplo de como um treinador pode fazer a diferença para o bem ou para o mal. A mudança de uma única peça deu nova vida a uma equipe que corria sério risco de não se classificar para a próxima Copa do Mundo e já vinha colecionando uma série de malogros, sendo o mais emblemático e vexaminoso a sonora goleada para a Alemanha em 2014.

Daí que sempre tive a opinião de que um treinador deve ser sempre a peça primordial na montagem de uma equipe e a sua escolha cercada de redobrados cuidados.

Nunca deveria ser, para um time da grandeza do Fluminense, um profissional que se escolhesse à revelia de critérios técnicos, de uma reputação vitoriosa. Basear sua contratação na sua folha de pagamento é dar um tiro no escuro.

Foi assim, de uma forma totalmente antiprofissional, que o Tricolor trouxe para o seu comando do futebol nomes como Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira e Eduardo Baptista para gerir equipes que, se não eram o sonho de consumo da torcida, tinham nomes de respeito que, bem comandados, poderiam ter apresentado resultados muito melhores do que os que foram colhidos.

Cansado da mesmice e da mediocridade, a atual gestão tricolor resolveu mudar sua estratégia e focar num nome que, pelo menos, tivesse uma reputação dentro do futebol, nada de muito glorioso, mas infinitamente superior aos currículos de seus antecessores.

E então, após a preferência da torcida apontar para Cuca, alguma diferença nos pedidos salariais direcionou a pretensão da gestão tricolor para Levir Culpi.

Nada de muito especial, mas um alento para o torcedor cansado de tanta incompetência. Mesmo estando num patamar bem acima de seus companheiros de profissão, Levir, porém, não participou da escolha do elenco nem da pré-temporada, pegando, como se diz, o bonde andando.

Contudo, poderia ter feito mais. Sempre pareceu desinteressado e alheio às necessidades de uma renovação no elenco. No começo, pediu reforços, e esses vieram em quantidade, mas em qualidade bastante discutível, e Levir, assim, deixou de tocar no assunto. Resignou-se com a realidade do clube e preferiu acomodar-se ao seu gordo salário e deixar o tempo passar.

Foi exatamente o que disse ao repórter quando respondeu a uma pergunta sobre o motivo pelo qual veio para o Fluminense: “pelo salário”. Embora possa ter parecido mais uma das bravatas e gracejos do treinador, foi a mais pura expressão da verdade.

A única nota relevante de Levir no Flu, além da título da Primeira Liga, cuja competição já pegou em andamento, foi o imbróglio com Fred. Quando fizeram as “pazes” escrevi que a trégua era temporária, que tudo parecia uma grande encenação e, infelizmente, não deu outra. Na primeira oportunidade que teve, Fred saiu, perdemos um líder e um artilheiro e permanecemos com um treinador de quem se esperava que colocasse a equipe nos trilhos, que unisse o grupo e trabalhasse duro por títulos.

Nada disso ocorreu. Desde então, o Flu foi sempre menos do que fora até então. Teve oportunidades na Copa do Brasil e no Brasileiro e nunca demonstrou ambição de conquista a exemplo de seu desinteressado técnico.

Poucos treinos, bravatas, piadas sem graça, más escolhas, más mudanças, más estratégias. Esta foi a realidade de Levir no Flu, onde mostrou menos profissionalismo que o desejo de ver passar o tempo e engordar sua conta bancária.

Agora, sem ele, quando o leite parece definitivamente derramado, Marcão assume interinamente o time para tentar nessas últimas quatro rodadas fazer o que Levir abriu mão de fazer, seja pela incompetência, seja pelo desinteresse: levar o time à Libertadores.

Quem sabe Marcão não provoca no grupo um sentimento de renovação e motivação, suficiente para dar à torcida em belo presente de fim de ano, presente que nem o time nem a diretoria merecem, por tudo o que não fizeram pelo Fluminense. Quem sabe Marcão, guardadas as devidas proporções e a sua condição de interino, não dê à equipe a vida que Tite deu à seleção nacional, transformando um bando perdido em campo num grupo coeso e ambicioso.

Em quatro jogos, Marcão terá a chance de deixar seu nome mais uma vez marcado na história do Flu, e ninguém melhor que ele, neste momento, para cumprir essa gloriosa missão.


E se almejamos um grande time em 2017, que o vencedor do pleito de novembro adote como primeira medida no âmbito do futebol a contratação de um treinador verdadeiramente vencedor. É a partir daí que se forja uma equipe vencedora.

domingo, 6 de novembro de 2016

Respeito e eleições

O Fluminense vive um momento de acirrada disputa política que antecede o pleito de 26 de novembro, data em que será escolhido o seu próximo presidente pelos próximos três anos.

O colégio eleitoral tricolor, ampliado desde que foi garantido ao sócio-torcedor o direito de voto, sem exagero, supera o de muitas cidades no interior do Brasil, o que garante uma participação mais democrática do torcedor na escolha da nova gestão do clube.

As quatro candidaturas – Cacá Cardoso, Celso Barros, Mário Bittencourt e Pedro Abad – também conferem um ar de eleições que se comparam aos pleitos a que estamos acostumados quando escolhemos nossos representantes no Executivo ou no Legislativo.

Infelizmente, contudo, toda essa grandiosidade conferida ao pleito tricolor também o aproxima das principais mazelas das eleições políticas do país: hostilidades entre candidatos e correligionários, bravatas, rancor, pouco debate de ideias e o baixo nível das campanhas.

Guardadas as devidas proporções, é claro, esse ambiente pouco saudável tem contaminado torcedores adeptos das candidaturas, cabos eleitorais e outros interessados e gerado um clima conflituoso que não combina com a disputa que deveria ser exclusivamente fulcrada no debate de ideias e argumentos.

Diferentemente dos pleitos eleitorais para cargos executivos e legislativos, onde o antagonismo exacerba-se, por vezes, ante as profundas diferenças de pensamento político e doutrinário dos candidatos, provocando raivosas contendas entre seus seguidores, a disputa eleitoral para a presidência de um clube de futebol deveria pautar-se apenas pela divergência de ideias, uma vez que todos, invariavelmente, seguem a mesma doutrina: a doutrina tricolor.

O objetivo comum dos candidatos à presidência do Fluminense Football Club é, presume-se, engrandecer o clube. Todos são torcedores apaixonados pelo Tricolor, portanto, todas as plataformas almejam o mesmo fim, mas por caminhos diferentes.

É nesse sentido que o respeito mútuo deveria nortear os debates entre os adeptos de uma ou outra chapa e as próprias manifestações dos candidatos. Não apenas o respeito entre si, mas sobretudo o respeito ao torcedor, destinatário de suas mensagens. Promessas vãs, bravatas, não devem ser lançadas irresponsavelmente somente com o objetivo de angariar votos, afinal de contas, o maior prejudicado por essas condutas será o próprio Fluminense, que não será aquele prometido na campanha eleitoral.

Todos os torcedores, e também os candidatos, desejamos um Fluminense maior, vitorioso, autossuficiente, o que naturalmente ensejaria o nascimento de uma candidatura única que reunisse os melhores quadros para compor a próximas administração.

Não foi assim, porém. Os melhores quadros estão divididos entre os quatro candidatos que pretendem, por suas próprias convicções, chegar à presidência do clube. Essa diversidade, por outro lado, pode ter um ponto positivo: dar ao torcedor a oportunidade de escolher a melhor proposta para a gerência do Flu nos próximos três anos.

De uma forma ou de outra, a campanha está aí, efervescente, com quatro candidatos que, do seu jeito, pretendem o melhor para o Fluminense.

Diante disso, aceitei todos os convites que recebi para curtir páginas de candidatos. Fui às explanações que me foram possíveis, assisti às suas entrevistas e curti, quando me agradaram, postagens de todos, indistintamente. Fiz o que achei que deveria fazer para conhecer melhor as propostas de cada um, sem rancor, sem preconceitos.

Evidentemente, já tenho o meu escolhido que, se vitorioso, seja aquele que conduzirá o Tricolor aos mais elevados patamares do futebol nacional e internacional.

Deixo aqui, então, minha sugestão para esta reta final de campanha: que os indecisos escolham com consciência, que os que já se decidiram respeitem as decisões alheias e que no dia 26 de novembro a vitória de um candidato não signifique a derrota dos demais, porque estaremos todos, sempre, do mesmo lado da arquibancada.


E, por fim, que a retidão moral e a grandeza de espírito do presidente Sylvio Kelly, cuja perda nos faz doer o coração tricolor, norteie os passos de quem assumir a gloriosa missão de conduzir os destinos do Fluminense Football Club pelos próximos três anos.

domingo, 30 de outubro de 2016

O último erro

Tenho insônia todas as vezes que o Fluminense joga partidas como essa que jogou contra o Vitória. Nunca pelo placar, mas pela forma como a equipe se apresenta em campo. Passo algumas horas matutando, digerindo meu ódio interno, sentindo minha boca amarga, até que o sono, de tanto bater à porta, consiga entrar.

Ultimamente, porém, o Tricolor não me tem feito perder noites de sono com tanta frequência. Creio que tenho retribuído a sua indolência dentro de campo com uma certa resignação, afinal de contas, estava escrito desde o fim da temporada passada que este ano não daria certo.

A Primeira Liga foi a primeira impressão que não ficou, um título que não retira o Fluminense de onde está, mergulhado num tremedal de incompetência. Foi bom, gritamos “é campeão”, levamos gás lacrimogêneo nos olhos e só.

No estadual e nas competições nacionais mais importantes, malogramos.

A escolha de Levir, depois de uma sucessão de “bons, bonitos e baratos”, me pareceu acertada diante da situação financeira do clube. Um treinador de verdade, pelo menos isso. Eu mesmo o defendi, relevando erros e teimosias que um treinador moderno não poderia praticar.

Levir, enfim, foi uma tentativa válida que deu errado. Mas deu errado porque o seu antecessor foi uma escolha equivocada, porque assumiu a equipe após a pré-temporada, não participou da escolha do elenco. Não há planejamento que suporte tantos equívocos.

É provável que Levir, mesmo se tivesse tido todas essas oportunidades, cometesse os mesmos erros que comete agora no comando do Fluminense, mas as chances disso acontecer certamente seriam menores. Levir é, assim, o produto final de uma sucessão de equívocos potencializados, agora se vê isso nitidamente, por sua falta de competência para comandar um clube como o Fluminense.

Um time medíocre como esse que veste a camisa tricolor talvez não pudesse ser salvo por nenhum outro treinador em atividade no futebol brasileiro, mas talvez esse treinador ousasse a ponto de barrar os irrecuperáveis e exigisse reforços à altura do que se espera para formar um grande time. E quem sabe, fosse menos teimoso e mais dedicado aos treinamentos.

Levir Culpi foi o último erro – espera-se – de uma Administração que relegou o futebol a segundo plano. Reconheço o seu valor no que concerne a outros aspectos, sobre os quais já discorri exaustivamente em outras oportunidades, mas a desídia com que tratou o carro-chefe do clube é quase um crime de lesa-Fluminense.

Em novembro conheceremos nosso novo presidente e que seja verdadeiramente novo em ideias e atitudes. Está nas mãos do torcedor mudar o destino do clube e, para tal, independentemente de quem escolha como candidato, é preciso que o faça com conhecimento de causa, avaliando as propostas e, sobretudo, os nomes que eventualmente participarão da nova gestão.


A torcida está cansada da mesmice a que foi relegado o clube nos últimos quatro anos, está cansada de torcer para o ano acabar para que se renovem as esperanças no ano vindouro, está cansada de traçar objetivos de 45 pontos, está cansada de não estar na Libertadores. O Fluminense é muito maior do que isso e está nas mãos do torcedor mudar o fim dessa história. Votemos com consciência, liberdade e amor ao clube.

domingo, 9 de outubro de 2016

As metades de Peter Siemsen

Peter Siemsen dá seus últimos passos no comando do Fluminense Football Club. Em novembro, elegeremos um novo presidente no mais democrático pleito que a história do clube já presenciou. Os sócios-torcedores, com mais de dois anos de contribuição – e eu me incluo entre eles – poderemos exercer plenamente a cidadania tricolor.

Esse parágrafo inicial seria apenas um sonho, porém, se a democratização nas eleições presidenciais do Fluminense não tivesse sido planejada e implementada pelo próprio Peter.

Escrevi há mais de um ano, quando a disputa eleitoral embrionariamente se desenhava, que os então eventuais candidatos deveriam tratar a disputa com respeito recíproco e, sobretudo, respeito maior ao Fluminense. O Fluminense está acima de todos.

E isso inclui ser honesto nas opiniões, reconhecendo valores positivos nos seus adversários. Bater por bater, criticar sem argumentos é mesquinho e chega a ser vil, quando se tem por trás a ambição de ocupar o mais alto cargo na hierarquia Tricolor.

Peter cuidou de Xerém como se cuida de sua própria casa, transformando um abrigo sujo e mal administrado num centro de excelência e referência das divisões de base no Brasil. E é de lá que abastecemos nossas equipes e ainda fazemos dinheiro para sobreviver em tempos difíceis. E ainda temos um CT de primeiro mundo, sonho antigo que faz o Fluminense pisar definitivamente na modernidade, tornando-o ainda maior. Foi Peter, também, quem nos deu sobrevida após a saída da Unimed, quando nove entre dez “entendidos” de futebol previram o nosso fim. Administrou e escalonou dívidas, obteve certidões negativas fundamentais para que possamos estar aptos à obtenção de patrocínios e sobreviver ao PROFUT.  E quanto à internacionalização da marca, tratou o tema com pioneirismo, levando o Fluminense para o centro da Europa através da compra do STK Samorin, o Flu-Samorin. Não olvidemos, também, do Projeto Guerreirinhos, com filiais em diversos estados e até no exterior, que também se propõe à valorização e difusão da marca Fluminense e cujos frutos serão colhidos pelo clube muito em breve.

Peter foi um administrador zeloso e responsável, o que não o impediu de ter cometido erros. Esta  foi a metade boa de sua Administração.

Por outro lado, foi imperdoável como tratou a repercussão do caso Flamenguesa, quando deixou à própria sorte, alvos das iras nas redes sociais e nas ruas, muitos tricolores que, de forma independente, defenderam a honra do clube. A sua omissão foi quase criminosa e, por pouco, não terminou numa tragédia.

Ao se calar, deu passe livre para a imprensa nos bombardear com infâmias manipulando a opinião pública para que acreditasse que o Fluminense era, mais uma vez, o grande vilão do futebol nacional. Este foi um dos maiores equívocos de seu mandato.

O outro foi o futebol. Suas escolhas para o departamento de futebol do clube jamais foram as mais acertadas e sua Administração pecou pela falta de comando nos momentos em que era preciso ser firme. Levemos em conta o baixo orçamento, sobretudo após a saída da Unimed, mas ainda assim temos exemplos próximos de clubes semifalidos que conseguem montar times aguerridos com baixo orçamento. E crises internas, complôs, panelinhas covardes poderiam ter sido evitados.

Quatro anos de insucessos para o torcedor foi um terrível pesadelo, especialmente quando já estava se acostumando a novamente ser referência nacional e a participar com qualidade das competições sulamericanas.

Parece claro que Peter entendeu que era mais importante cuidar de outros assuntos e relegou o futebol a segundo plano. Futebol é o carro-chefe do Fluminense e delegá-lo a ineptos foi um erro crasso.

Uma boa administração financeira não precisa necessariamente fechar as torneiras do futebol. Um investimento, ainda que comedido, mas criterioso dentro de campo, certamente traria dividendos maiores ao clube. Apesar da verba escassa, o que havia foi desperdiçada em péssimas contratações de técnicos e jogadores. Muito dinheiro e planejamento jogados no lixo.

Houve, portanto, na Administração Peter Siemsen um verdadeiro paradoxo: a boa mão que cuidou das contas e da marca Fluminense não soube cuidar do futebol com o mesmo zelo.

É claro, nada pode ser perfeito e o torcedor, que é paixão, talvez tivesse preferido menos equilíbrio financeiro e mais títulos.

Peter deixará um legado formidável para seu sucessor: projetos encaminhados, um CT de primeiro mundo e dívidas equacionadas. E isso deve ser lembrado sempre. Por outro lado, o novo presidente deverá ser diferente em tudo do que Peter foi na gestão do futebol. E essa é a parte de sua Administração que deve ser esquecida.


De toda a sorte, não há como se negar que Peter Siemsen escreveu seu nome na história do Fluminense Football Club. Para o bem ou para o mal. Em novembro, a sua verdadeira avaliação será dada nas urnas, o local adequado para expressarmos a nossa vontade. Afinal de contas, o Fluminense somos todos nós, agora literalmente.

domingo, 25 de setembro de 2016

Houve justiça

Enfrentar novamente o Corinthians, logo após ter sido prejudicado pela arbitragem na partida que o desclassificou da Copa do Brasil, parecia um castigo para o Fluminense. Como se portaria diante de de seus algozes, o próprio Corinthians e a arbitragem?

O Flu, no entanto, foi maior que ambos. Deixou de lado a celeuma da injusta desclassificação e conquistou uma vitória à altura de sua tradição, sobrepujando toda a sujeira que envolve o time alvinegro, a arbitragem e os interesses escusos que a manipula.

O primeiro tempo do Fluminense teve mais cara de decisão que a verdadeira decisão da última quarta-feira, quando foi desclassificado da Copa do Brasil pelo mesmo Corinthians. Talvez movido pelo sentimento de injustiça decorrente dos dois pênaltis flagrantemente não marcados a favor do Flu naquela partida, o Tricolor começou o jogo com redobrada vontade, marcando a saída de bola adversária e criando as melhores oportunidades.

W. Mateus e Wellngton se entenderam bem pela esquerda, e Marco Junio e Scarpa não ficaram atrás pela direita. O quarteto ofensivo deu muito trabalho à defesa corintiana e foi responsável pelas principais oportunidades do jogo a favor do Fluminense.

Primeiro, uma falta cobrada por Scarpa, que Marco Junio não alcançou. Depois, um bom chute de Scarpa para a defesa de Valter. Aos 24`, a melhor chance do Flu, quando Scarpa fez belo passe para Marco Junio que entrou livre e chutou para uma bela defesa do goleiro alvinegro. Só aí o Corinthians chegou com algum perigo, no lance imediatamente posterior, quando após confusão na área tricolor, o time paulista quase  marca.

Mas o Fluminense continuava melhor. Após escanteio pela esquerda, cobrado por Scarpa, o goleiro corintiano espalmou para não ser surpreendido num gol olímpico.

E, como não poderia deixar de ser, mais uma vez a arbitragem deixou de assinalar um pênalti mais claro que a luz solar a favor do Flu, quando M. Junio foi puxado pelo zagueiro adversário para que não alcançasse a bola alçada à área num escanteio tricolor.

Sobre os reiterados “erros” de arbitragem, escrevi ontem para o Panorama o texto: “O futebol é uma farsa”, ao qual remeto os leitores.

O Fluminense iniciou o segundo tempo sem alterações, algo pouco usual no modo de pensar de Levir. E na mesma sintonia. Logo aos 5`, M. Junio quase fez após chute cruzado que o goleiro pôs para escanteio com brilhantismo. No córner que se seguiu, Gum perdeu livre, arrematando para fora.

A partir daí, contudo, o Flu perdeu o meio-campo para o Corinthians (cansaço?), e a equipe paulista passou a dominar as ações, chegando ao gol tricolor com mais facilidade, oportunidade em que Júlio César fez boas intervenções.

Aos 21`, Levir substitui Douglas (mal no jogo) por Marquinho e, logo em seguida, M. Junio (lesão) por Richarlisson. Aos 32`, Magnata entrou no lugar de Wellington. O jogo, contudo, ainda estava à feição do Corinthians, que quase marca aos 34`, numa meia bicicleta que foi concluída em cima de Julio César.

O Fluminense claramente se ressentia de não ter um goleador e não tinha mais forças para puxar bons contra-ataques.

Aos 38`, quase a tragédia num lance em que Gum por muito pouco não marcou contra. Gol salvo pela melhor defesa de J. César na partida.

Aos 42`, após jogada de Richarlisson, Scarpa perdeu um gol que não costuma perder, a melhor chance de gol do Flu na segunda etapa, quando limpou o adversário e concluiu de curva, com a canhota, bola que passou rente à trave direita do goleiro adversário.

Mas aos 49`, os deuses do futebol fizeram justiça ao Fluminense. Igor Julião, na sua primeira jogada ofensiva, sofre falta. Scarpa cobra, a bola é cabeceada para o meio da área e sobra para Cícero marcar o gol da vitória tricolor. Uma vitória maiúscula, sobrenatural, que faz justiça, embora no futebol ela não exista, a um time que, mesmo tendo sido absurdamente prejudicado contra o mesmo Corinthians no meio da semana, levantou a cabeça e não desistiu da vitória em momento algum.


Resultado merecido duas vezes, pelo que fez em campo e pela injustiça da desclassificação na Copa do Brasil. Agora é focar no Sport e nessa vaga de Libertadores que, mais uma vez, nos aparece bem possível à frente. Parabéns, Fluminense!

domingo, 18 de setembro de 2016

Vitória e esperança

O Tricolor foi ao Sul envolto em especulações de que Levir deixaria o clube e após uma derrota frustrante contra a Chapecoense em casa. A vitória, portanto, que veio após um jogo equilibrado contra o Grêmio, não poderia ter vindo em melhor momento, às vésperas de uma importante partida pela Copa do Brasil na próxima quarta-feira.

O Flu foi hoje o que a Chapecoense fora contra ele próprio na última quinta-feira.

O Fluminense, contudo, começou o jogo como se não precisasse vencê-lo, respeitando demais um time que acabara de perder seu treinador. Encolheu-se tanto, que deu ao Grêmio todas as oportunidades da partida até então – primeiro quarto de jogo -, a melhor delas aos 13`, com boa intervenção de Júlio César que evitou que a bola chegasse ao atacante gaúcho em condições para concluir livre.

Permissivo, o Flu assistia ao Grêmio jogar e concluir em direção ao gol, ainda que sem perigo real – foram seis ou sete finalizações gremistas na primeira metade do primeiro tempo, contra apenas uma do Tricolor, numa falta mal cobrada por Scarpa, aos 20`. Reflexos de um meio de campo que não criava e de um atacante inoperante, representado pelo terrível Henrique Dourado.

Tudo o que não havia feito até então, porém, fez num único e feliz lance aos 39`: após retomada de bola no meio de campo tricolor, Marco Junio, sumido na partida, fez belíssima enfiada entre gremistas para Scarpa que, livre, diante de Marcelo Grohe, tocou na sua saída para fazer o gol Fluminense.

Aos 46`, W. Silva fez uma falta absolutamente irresponsável e desnecessária quase na risca da grande área, que só não resultou em perigo maior de gol, porque foi mal executada.

O Grêmio, assim, teve mais posse de bola, mais presença de ataque, mas esbarrou em sua péssima fase e no nervosismo diante de uma torcida aflita. O Flu, por sua vez, foi o time de uma única oportunidade que, bem executada, resultou em gol.

Assim terminou a primeira etapa, com o Grêmio pressionado pela torcida, circunstância que foi bem aproveitada pelo Fluminense durante o segundo tempo e lhe garantiu a vitória na Arena, a primeira desde a sua construção.

Como não poderia deixar de ser, Levir começou o segundo tempo com novidades: Marquinho no lugar de Dourado, visivelmente pretendendo garantir o resultado. Não chiei, porque qualquer um seria melhor que o nosso inepto atacante.

O Grêmio deixou a pressão da torcida de lado e partiu para cima, como fizera na primeira parte do jogo, perdendo uma ótima oportunidade aos 9`, após um cruzamento que, traiçoeiramente, não encontrou a cabeça de ninguém e parou numa boa defesa de J. César. Aos 12`, perdeu outra boa chance após um escanteio.

Aos 15`, o Flu fez sua primeira boa jogada, numa troca de passes entre Scarpa e M. Junio, que terminou na finalização deste último para boa defesa de Grohe. M. Junio vinha melhor que no primeiro tempo, mas Levir entendeu por bem trocá-lo logo em seguida por Richarlisson.

Aos 22`, J. César quase foi novamente traído numa cobrança de falta de Douglas. O Grêmio continuava com mais posse de bola, mas o Flu estava bem postado em campo. E a pressão da torcida, a partir dos 25`, passou a ser mais um fator favorável ao Fluminense, que só precisava administrar com inteligência a vitória parcial diante de um adversário desestruturado psicologicamente.

A entrada de Marquinho foi importante para dar ao Flu mais consistência no meio, melhor recomposição e tranquilidade à equipe, que se defendia bem e saía em contra-ataques. Num deles, Scarpa sofreu falta que cobrou rapidamente para o próprio Marquinho, que perdeu a melhor oportunidade do Flu na partida chutando livre por cima do travessão de Grohe, aos 38`.

O Tricolor fez seu gol quando foi pior na partida, mas venceu com justiça.

Aliás, vencer o Grêmio em casa, mesmo mal das pernas, é sempre um feito. E um destaque, ou dois, que não costumam ser destaques: Gum e Henrique, que foram impecáveis na defesa. Junto à galeria dos melhores do Flu, também J. César e Scarpa.

As mudanças de Levir, dessa vez foram corretas e o Tricolor obteve essa importante vitória, para a qual também contribuiu um pressionado Grêmio que não se encontrou em campo.

Como enfrentaremos o Corinthians pela Copa do Brasil, e diante do retrospecto recente de vitória sobre os grandes, quem sabe a sorte não nos bafejará na quarta-feira?


A gangorra tricolor continua a pleno vapor, mas que esteja no alto com mais frequëncia doravante.

domingo, 11 de setembro de 2016

Aqui se faz, aqui se paga

“Aqui se faz, aqui se paga”, quem nunca ouviu? Ou, talvez, “não se faz” ou “faz mal feito”. Qualquer uma dessas ações ou omissão pode explicar o motivo por que o Fluminense há quatro anos não cumpre o seu papel de clube vencedor. E não será desta vez, novamente.

Realmente, é com pesar que faço essa constatação. Há possibilidade matemática de se alcançar uma vaga para a Libertadores na América, mas quem, em sã consciência, crê que o Fluminense, diante do futebol que vem apresentando, seja capaz disso.

Depois de quatro anos e sucessivos equívocos, a atual gestão tricolor não entendeu que para gerir o futebol a inteligência, o olhar aguçado, a “malandragem futebolística” são, às vezes, mais importantes que o dinheiro, sobretudo quando esse dinheiro é mal empregado.

Cristóvãos, Drubscks, Eduardos, Endersons um dia cobrarão seus preços. E aí está. Levir, com toda a sua teimosia, ainda é melhor que todos esses que elenquei, mas não é milagroso. Nenhum planejamento sério prescinde de um bom treinador desde o início da temporada, que participe da escolha do elenco e da formação técnica e física da equipe para as principais competições do ano.

Ao errar tanto na escolha de seus treinadores, o Flu jogou todo o planejamento por água abaixo. E sem planejamento não se vai a lugar algum.

O mesmo pode se dizer quanto à infindável série de contratações equivocadas. São tantas, que certamente me esquecerei de algumas: Richarlisson (10 milhões!), Osvaldo, Henrique Dourado (Ceifador?), Jonathan, Aquino etc, etc, etc...

Pior mesmo e mais dolorido é saber que entre Maranhão e Camilo, escolhemos Maranhão!

E ainda que Fred se foi e o seu melhor substituto é o longevo Magno Alves, cujo valor jamais deve ser esquecido, mas que não está à altura do que foi seu antecessor e do que o Fluminense precisa.

Imagino quanto dinheiro jogado no lixo. Quem paga essa conta? Penso que toda a ação lesiva ao clube, temerária, deveria doer no bolso de seu gestor. Assim, quem sabe, o dinheiro poderia ser mais bem valorizado.

Errar é humano, mas  há erros que têm mais cheiro de incompetência que de equívoco propriamente dito. E o Fluminense tem sido uma sucessão de atos temerários e incompetências na gestão de seu futebol.

E é por toda a falta de planejamento, pela má gestão que o Tricolor patina nas posições intermediárias da tabela e isso muito graças ao “caldeirão de Edson Passos”, porque, ouso dizer, se ainda jogássemos para 500 ou 600 em Volta Redonda, estaríamos brigando para não cair.

Infelizmente é melancólica a constatação: torcer para o ano acabar e que tenhamos para a próxima temporada, além de um presidente novo, uma mentalidade nova, voltada exclusivamente para o futebol tricolor. É preciso pensar grande para o Fluminense tornar a ser grande dentro de campo.


Enquanto isso, torçamos para que, de tanto patinar, o Flu não escorregue e caia. Atinjamos nossos parcos objetivos e sonhemos com um 2017 melhor. É o que temos por agora.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Lições para aprender

Ao ser entrevistado à beira do campo, Levir anteviu o que seria a partida: um jogo de muita força física. Normalmente, Fluminense e Botafogo fazem partidas encardidas, para o alvinegro, jogar contra o Flu é sempre uma decisão de campeonato, mas o estado do gramado em nada favoreceu a qualidade do espetáculo.

O Tricolor conteve bem o Botafogo na primeira etapa, sobretudo seus principais jogadores: Camilo e Sassá. E não se omitiu, quando teve a bola procurou ser agressivo, principalmente pelas pontas, mas sem organização e qualidade no último passe. Apesar disso, teve dois bons momentos, o primeiro com Wellington, num cruzamento que mudou de rumo e atingiu o pé da trave do boleiro botafoguense e depois noutra bola lançada na área que Henrique cabeceou livre para defesa de Cidão.

O Botafogo teve a sua principal chance com Camilo, numa das poucas vezes em que pôde criar, quando aproveitou um rebote mal dado da zaga e carimbou o travessão tricolor.

Foi um primeiro tempo amarrado, desorganizado, mas com muita disposição por parte das duas equipes. Paradoxalmente, houve belos momentos individuais de jogadores como Cícero e Wellington, que serviram para dar um pouco de alegria ao torcedor.

O Flu voltou para o segundo tempo com Douglas no lugar de Edson – Cavalieri já havia dado lugar a Júlio César por contusão -, repetindo o erro da partida contra o Figueirense, o time voltou mais frouxo na marcação, dando o meio para o Botafogo, que logo aos cinco, após já ter chegado duas vezes sem muito perigo, marcou o seu primeiro gol após, a meu ver, falha de Henrique que se deixou surpreender pelo quique da bola.

Só aos 13` o Flu deu o ar da graça e Willian Matheus acertou um chute que carimbou a trave esquerda de Cidão. O Tricolor passou a ser mais incisivo, mas dava espaço aos contra-ataques alvinegros, e Sassá e Camilo passaram a aparecer mais.

O ímpeto arrefeceu e o Botafogo, então, passou apenas a administrar um jogo que parecia à sua feição. E foi assim, sem o Fluminense saber o que fazer com a bola, até Levir novamente e pôr Magnata em campo no lugar de Pierre, dessa vez por necessidade de reverter o quadro da partida.

O Fluminense, assim, com dois atacantes, prendeu mais o Botafogo atrás e o sufocou, mais no abafa, é verdade, mas ainda assim não seria injusto um gol de empate, que esteve muito próximo de acontecer em oportunidades perdidas por Samuel e pelo próprio Magnata, já nos acréscimos.

O Botafogo, com um bom meia, um bom atacante e um treinador que não inventa consegue obter boas vitórias, apesar de seu limitadíssimo elenco. Parece, contudo, que o Flu ainda não aprendeu essa lição.


Torçamos, assim, para que contra o Galo seja tudo diferente e a vitória seja a recompensa para esse torcedor que não se cansa de sofrer pelo Fluminense. Até lá.

sábado, 3 de setembro de 2016

Ufa!

A visita da campeã olímpica, a judoca e tricolor Rafaela Silva, trouxe bons ares para o Fluminense. Levir havia dito que a equipe precisava incorporar a sua atitude, e foi isso que se viu do Tricolor, sobretudo no primeiro tempo, quando fez dois gols e poderia ter feito mais no Figueirense.

Mas não foi apenas o espírito que mudou. Levir entrou com Pierre o que, por incrível que pareça, deixou o time mais ofensivo, possibilitando ao meio de campo,  uma aproximação maior na frente, principalmente com Scarpa e Cícero, que não precisaram se preocupara tanto com a marcação. Além disso, o time jogou mais pelas pontas, com os dois Wellingtons. Aliás, foi de Wellington, o de Xerém, a jogada que originou o primeiro gol do Flu, um cruzamento da esquerda que Scarpa completou de cabeça e com perfeição para as redes alvinegras.

O jogo estava completamente à feição do Tricolor que, logo depois, após uma cobrança de escanteio, marcou o segundo com Renato Chaves, também de cabeça, aproveitando rebote do goleiro catarinense.

O destaque negativo da primeira etapa foi para o Ceifador, que perdeu duas oportunidades incríveis praticamente sem obstáculos, a não ser a si próprio.

O Flu começou o segundo tempo com Marquinho no lugar de Pierre, que havia levado um cartão amarelo. Logo as três minutos, já demonstrando que recuaria como fez contra o Corinthians, o Tricolor cedeu espaços e o time de Santa Catarina diminuiu com um belo chute de Carlos Alberto, livre, de fora da área.

A saída de Pierre deixou o Flu visivelmente vulnerável no meio, que passou a ser do Figueira, tanto é que empatou aos 15`. Erro de estratégia de Levir, que poderia ter optado por Edson. Assim, tudo o que havia feito de bom no primeiro tempo, jogou fora em poucos minutos, repetindo-se o erro da partida contra o Corinthians.

Magno Alves entrou no lugar de Henrique Dourado, o time passou a pressionar mais e Marquinho perdeu uma boa chance aos 23`, chutando em cima do goleiro. A equipe alvinegra, porém, tinha muitos espaços para puxar contra-ataques perigosos.

O treinador tricolor ainda trocou Douglas por Marco Junio, sem entender que o maior problema do Flu era o meio de campo, enfraquecido após a equivocada substituição de Pierre por Marquinho.

Por sorte, o Figueira pareceu se contentar com o empate e o Tricolor, mesmo vulnerável no meio, partiu para cima. Magnata, então, escalado pelo torcedor, aproveitou bom cruzamento de Wellington Silva e marcou o terceiro tricolor de cabeça, o gol da vitória, parecido com o que Scarpa havia feito no primeiro tempo, aos 35`.

A partir daí, o Figueirense assumiu novamente as rédeas da partida e foi para cima, perdendo boa oportunidade com uma cabeçada no travessão aos 42` e outra boa chance, também de cabeça, aos 46`.

No último minuto, porque drama não pode faltar, uma confusão na sinalização do árbitro deu entender que teria validado um gol ilegal do Figueira. Felizmente, tudo foi esclarecido.

Em resumo, o Flu fez um ótimo primeiro tempo e um péssimo segundo, graças, repito, ao erro de Levir. Saiu com a vitória, porque Magnata, o eterno Magnata, nos salvou.

Duas considerações finais: Renato Chaves, acredito, tem lugar no time titular no lugar de qualquer dos nossos dois zagueiros titulares. Se eu pudesse escolher quem sairia, escolheria Henrique; a segunda, as palavras de Carlos Alberto no fim. São graves e Levir precisa dar a sua versão, para que essa mancha não paire sobre a sua personalidade e seu trabalho como treinador de futebol.


Que venha o Botafogo, e seja o que Deus quiser!

domingo, 28 de agosto de 2016

Dura realidade

O Fluminense foi a Brasília exercer o seu pseudo-mando de campo contra o líder do campeonato, que contava com o retorno do campeão olímpico Gabriel Jesus. Sem o apoio da torcida, engolida pela alviverde, o Tricolor sentiu a falta do “calor” de Edson Passos, onde as suas deficiências são supridas pelo gás que a torcida dá no caldeirão da Baixada e foi uma equipe apática e totalmente envolvida por outra que, aguerrida, mostrou do primeiro ao último minuto por que é líder e almeja ser campeã.

O primeiro tempo começou com o Palmeiras acossando o Fluminense, engessando-o nas articulações ofensivas e deixando-o vulnerável na defesa. Com a sua criatividade anulada e vacilante na defesa, o Flu defendia-se como podia e nada produzia na frente. Mesmo assim, a equipe paulista também pouco criava e as principais jogadas dos dois times resumiam-se às bolas paradas decorrentes de faltas marcadas próximas às áreas. O Tricolor teve três a seu favor e não aproveitou. Na segunda para o Palmeiras, Cavalieri falhou gravemente e Dudu aproveitou para marcar quase sem ângulo.

Até então a partida caminhava equilibrada, mas o gol tratou de acrescentar nervosismo ao já bagunçado Fluminense e, cinco minutos após, sofreu o segundo, de Jean, após uma bola mal rebatida na defesa.

Somente após os dois a zero, o Flu partiu com mais efetividade para cima do Porco e perdeu a sua única grande chance na primeira etapa: Wellington driblou o goleiro e bateu para o gol, mas o arqueiro palmeirense se recuperou a tempo e fez excepcional defesa. Além desse lance, apenas o lindo chapéu de Cícero marcaram o que o Flu fez de bom no primeiro tempo.

Bem marcado (inclusive com muitas faltas), não soube marcar. À rapidez adversária, respondeu com irritante lentidão. Dessa forma o ataque quase nada produziu, menos por sua culpa do que pela inoperância do meio de campo Tricolor.

Para o segundo tempo, Levir mexeu logo duas vezes: Marquinho no lugar de Douglas e Aquino, o estreante, no lugar de Henrique Dourado.

No começo, o Flu pareceu mais ofensivo. E foi, mas sem qualquer objetividade. Lá pelos 15`, Scarpa fez uma boa cobrança de falta, que o arqueiro alviverde defendeu para córner. O problema é que as mudanças deixaram o Tricolor ainda mais vulnerável atrás. Marquinho e Aquino não entraram bem e o Palmeiras passou a explorar oc contra-ataques que foram bastante frequentes e perigosos. Num desses, logo depois da falta de Scarpa, Cavalieri e a trave nos salvaram do terceiro gol.

Levir ainda trocou Scarpa por Danilinho, mas o Flu, logo após a pressão inicial, jamais deu esperanças ao torcedor de que pelo menos brigaria pelo empate. Foi presa fácil para o Palmeiras, que desde os 30 minutos já ensaiava olé, aos 43` ainda perdeu outro gol com Dudu e apenas administrou a fácil vitória até o fim.

O jogo serviu para duas constatações: a primeira, que a distância que Palmeiras e Fluminense guardam na competição não é por acaso e demonstram claramente a diferença entre uma equipe que teve planejamento e outra que não teve, montada aos trancos e barrancos durante o campeonato; a segunda, que se ainda pode sonhar com uma vaga na Libertadores, é porque temos uma partida a menos na competição, e os números ainda nos dão esperança.


De resto, não há outras expectativas. Parece-me que não correremos riscos de rebaixamento, portanto, aguardemos as próximas eleições para que o novo presidente seja alguém empenhado não apenas em pagar as contas em dia e dar equilíbrio financeiro ao clube (o que é muito importante), mas, principalmente, enxergar o futebol como o carro-chefe do Fluminense Football Clube.

domingo, 21 de agosto de 2016

Vitória Santa

O Fluminense foi a Recife enfrentar um dos últimos colocados no campeonato brasileiro com a firme pretensão de conseguir a sua segunda vitória seguida na competição, o que não havia conseguido até então. E a conseguiu, não com brilhantismo, mas com eficiência e dedicação dentro de campo.

O Tricolor começou o jogo como costuma fazer quando joga fora de casa: cauteloso e esperando o erro do adversário para contra-atacar. Mas a falta de criatividade no meio foi um empecilho aos objetivos dos atacantes Danilinho e Henrique Dourado até os 28 minutos do primeiro tempo, quando Henrique, o zagueiro, acertou bela cobrança de falta posta para escanteio pelo arqueiro do Santa Cruz. Na cobrança do córner, a bola sobrou limpa para outro Henrique, o Ceifador, que completou sozinho para o gol vazio e fez o gol do Fluminense.

Até então, apenas um chute torto de Scarpa para fora. Muito pouco para uma equipe que tem maiores pretensões no campeonato.

O Santa Cruz até arriscou alguns chutes, finalizou mais, porém sem perigo algum para Cavalieri.

No fim da primeira etapa, Wellington Silva se contundiu, sendo substituído por Igor Julião, desfalcando uma equipe que já jogava sem Marcos Junio e Cícero.

No segundo tempo, o Flu retornou ainda mais recuado, pedindo, como se diz no jargão futebolístico, para tomar um gol. A pressão inicial do Santa Cruz foi, porém, inócua porque se trata de uma equipe fraquíssima, que nem mesmo comandada pelo estreante Doriva conseguiu se motivar.

Para corrigir a perda do domínio no meio de campo, Levir observou bem os demasiados erros de Edson e o retirou pondo em seu lugar Pierre. Não mexeu no esquema, trocou seis por meia dúzia, mas o time passou a errar menos e tornou a partida mais tranquila, com Danilinho, inclusive, aparecendo mais no jogo. O Santinha passou a ameaçar menos, e o Flu perdeu uma ótima oportunidade de ampliar num contra-ataque desperdiçado após péssima finalização de Scarpa.

O Fluminense continuou sem ameaçar, mas nada que fosse um obstáculo à sua vitória, que já estava praticamente assegurada ante o baixíssimo nível técnico do adversário.

Henrique Ceifador, pelo gol, Willian Matheus, Danilinho (especialmente no segundo tempo), Scarpa e Douglas foram os destaques de uma partida fraca tecnicamente. Wellington, retornando de contusão, não produziu o que temos nos acostumado a ver dele, mas a equipe em momento algum deixou de ser aguerrida, o que contribuiu decisivamente para o sucesso da equipe.

O Tricolor, enfim, conseguiu a sua segunda vitória seguida no campeonato e ainda disputará uma partida adiada contra o Figueirense, estando, portanto, vivas as chances de se alcançar pelo menos uma classificação para a Libertadores. Precisará, contudo, fazer mais do que tem feito, sobretudo nas partidas em que não tem o mando de campo.

De qualquer forma, foi mais uma vitória santa, a cereja no bolo de um domingo em que o tricolor já se regozijava da belíssima conquista do Ouro Olímpico do Voleibol nacional.


O torcedor tricolor despede-se das Olimpíadas e, agora, volta os seus olhos exclusivamente para um campeonato brasileiro que é um caminho, ainda que mais tormentoso do que a Copa do Brasil, para que o Fluminense retorne à disputa da competição mais importante das Américas.

sábado, 13 de agosto de 2016

O imparcial e o parcial

Enquanto Michael Phelps continua fazendo história e David Lee fazendo mais marketing que o Marketing Tricolor, o NetFlu permanece fora do Fluminense.

Sem qualquer justificativa da alta Administração Tricolor, o abuso se perpetua no tempo.

Isso tem uma explicação: não se justifica o injustificável. Mas, de fora, todos podemos imaginar os motivos. Estamos em ano de eleições no clube e notícias ruins não são bem-vindas a quem pretende emplacar um sucessor.

Mesmo que essas supostas “más notícias” sejam veiculadas por um site que tem por objeto a informação, doa a quem doer.

E informação é diferente de opinião. A informação, no jornalismo ético, é o fato noticiado tal qual ocorreu, notório ou confirmado por fontes idôneas e contraditado sempre que possível. A opinião, ao contrário, é a manifestação subjetiva do articulista acerca de determinado tema ou fato, ou seja, nem sempre é o que ocorre, mas é como o autor vê ou sente o que acontece ao seu redor.

A informação jornalística deve ser imparcial. A opinião não precisa sê-lo.

Está aí o motivo pelo qual a NetFlu continua alijada do direito de informar o torcedor tricolor: a parcialidade, segundo os olhos da Administração do Fluminense.

Dado o elevado alcance do site, evidentemente, qualquer matéria que exponha as mazelas da atual gestão tricolor pode causar prejuízos que repercutirão no pleito de novembro. Daí a represália.

Dar ao NetFlu, porém, a pecha de parcial, é também outra injustiça. A parcialidade está em todos nós, que temos sentimentos. A parcialidade só não está no estoico.

Um juiz eleitoral que julga uma causa que envolva um partido político nem sempre coaduna com os seus dogmas partidários. Provavelmente votou, escolheu seus candidatos e possui uma identidade política própria. Mas é preciso julgar com isenção, afastar seus desejos pessoais e aplicar a lei. A isso se chama imparcialidade.

Ser imparcial não é não ter vontade própria ou desejos e preferências recônditos, ser imparcial é não deixar que isso afete a sua decisão ou a sua manifestação profissional, qualquer que seja.

Não me parece, portanto, que o NetFlu, ao reportar o dia a dia do Fluminense seja parcial ou atue contra os interesses de quem quer que seja, senão contra a mesquinhez e o autoritarismo de quem põe seus objetivos pessoais acima dos do clube.


Michael Phelps é mito. David Lee é tricolor. E a NetFlu deve ser respeitada como instituição jornalística a serviço do torcedor tricolor, e de mais ninguém. Simples assim.

domingo, 31 de julho de 2016

Em busca do novo torcedor

Simone de Beauvoir afirmava que ninguém nascia mulher, tornava-se mulher. Parafraseando-a, com muito mais segurança, posso dizer que ninguém nasce torcedor, torna-se torcedor.

Normalmente essa escolha, que acompanhará os mais fiéis por toda a vida, é feita na infância, por influência do pai, da mãe, dos avós, de um padrinho, de um amigo da escola e até mesmo por vontade própria.

Eu sou tricolor por meu pai. Minha filha o é por mim. Em algum momento, porém, esse ciclo pode ser rompido, surgindo daí o desgarrado, aquele ou aquela que seguirá outras influências e torcerá por outro time ou mesmo não torcerá por time algum.

Há também aqueles ou aquelas que pela total abstinência futebolística em seus meios sociais nunca se apegaram ao futebol a ponto de torcer por qualquer clube, manifestando-se, eventualmente, nas grandes competições internacionais de que participa a seleção brasileira como torcedores sazonais que só se aproximam do futebol nesses períodos.

Está aí um filão que precisa ser melhor explorado. Não digo apenas pelo Fluminense, mas por qualquer clube que deseje criar vínculos com esse desapaixonado, esse desgarrado que, por qualquer motivo, não tem o futebol como primeiro esporte ou não o tem como esporte algum.

É certo que, diante das recorrentes falcatruas que envolvem o cenário do futebol –nacional e internacionalmente – essa aproximação torna-se cada vez mais difícil, mas, por outro lado, a tentativa é válida na medida em que agregar mais fãs ao clube significa trazer mais receitas para seu cofre.

Não digo apenas direcionar o marketing para aquele torcedor que já torce para o clube, fortalecendo-o. Isso é importante e tem sido feito pelo próprio Fluminense no projeto Tricolor em Toda Terra, mas é preciso mais: buscar a ovelha desgarrada, ou seja,  além de manter, acrescer.

Grandes clubes do futebol europeu, como Real Madrid, Barcelona e Manchester United já possuem escolinhas de futebol no país. Aqui na minha cidade, houve até pouco tempo, uma escolinha do Cruzeiro. Imagino que os primeiros, pela força transnacional que possuem, angariam pequenos torcedores em todos os cantos do planeta, mas os clubes nacionais também podem seguir esse caminho, caminho que, por sinal, trilha muito bem o Fluminense.

O Projeto “Guerreirinhos” de escolinhas de futebol do Fluminense é o melhor exemplo dessa expansão que pode gerar frutos inestimáveis para o clube: jogadores para a sua base, receita e novos pequenos torcedores. Com mais de cinquenta unidades pelo Brasil, em diversos municípios do Estado do Rio, em Brasília, Espírito Santo, Alagoas, Ceará e em breve na Paraíba, além de escolas também no exterior, em Córdoba, Santiago e com tratativas para um novo centro nos Estados Unidos, o projeto é um alento para o futuro tricolor.

O Fluminense dá um passo importante, mas outros podem ser dados. Um novo torcedor significa mais dinheiro para o clube – inclusive as importantes receitas televisivas - e o Flu tem um potencial inesgotável de valorização de sua marca e visibilidade que podem e devem ser explorados pelo seu marketing.

Lembro-me de que há algum tempo sugeri numa rede social que o clube poderia investir naquele turista que chega ao Maracanã aos borbotões trazido por guias para cumprirem o ritual de assistirem a uma partida no ex-maior do mundo. Um kit com uma revista contando a história do clube em inglês, uma flâmula, um boton...pronto, lá vai o turista de volta para o seu país de origem com o Fluminense na bagagem. Um marketing que pode ser efetivo e é barato.

Não me parece que o Projeto Guerreirinhos tenha sido criado com o objetivo principal de alavancar o crescimento da torcida tricolor, mas indiretamente, essa será uma consequência. Portanto, é preciso também pensar em outras ações que sejam específicas visando a criar no torcedor o gosto de torcer pelo Fluminense; afinal de contas, a maioria da população brasileira - 19,4%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas - não torce por time algum e esse percentual precisa ser melhor explorado.

As eleições se avizinham e seria importante que o novo presidente pensasse preponderantemente num marketing ativo e eficiente para o Fluminense, justamente para que sejam criadas campanhas de crescimento da torcida, o que se faz com boas ideias e títulos.

Mesmo as boas ideias, contudo, não sobrevivem por muito tempo sem a formação de times competitivos e vencedores, de preferência sob a regência de um ídolo.


Assim, é preciso fomentar o gosto de se torcer para o Fluminense, manter o fã tricolor, evitando-se o esvaziamento da torcida e estimular ainda mais a parceria do torcedor fiel, porque a torcida é e sempre será a maior parceira e patrocinadora de qualquer clube.

domingo, 24 de julho de 2016

Obrigado, Panorama Tricolor

Hoje completo a centésima primeira coluna no Panorama Tricolor com um orgulho que não cabe dentro de mim. Escrever sobre o Fluminense já seria motivo suficiente de satisfação, mas escrever sobre o Fluminense num espaço tão democrático, cultural, crítico, visionário e eclético, cercado de algumas das mais distintas inteligências tricolores, é mais do que uma satisfação, é uma imensa honra.

Não imaginei, cem colunas atrás, após o convite feito pelo escritor Paulo Roberto Andel, que hoje ainda estaria escrevendo com a efusividade da primeira vez, mas o amor pelo Fluminense tem dessas coisas, renova-se diariamente, cada vez com mais intensidade.

Mesmo após as inconsoláveis derrotas, mesmo nos dias menos inspirados, o Fluminense se reinventa como uma chama que enfraquece, mas nunca morre, tornando-se sempre a maior fonte de inspiração que se possa ter. Inspiração para se escrever, inspiração para se viver.

E se nos dias ruins o Fluminense é inspirador, imaginem vocês nos dias bons.

É por isso que a cada linha contada da história do Fluminense nesta Casa imagino-me fazendo parte dessa própria história, porque não há como dissociar o Panorama Tricolor – e sua excelência literária – da trajetória recente do Fluminense Football Club.

No Panorama, vê-se o Fluminense também sob outro viés, não aquele que se percebe apenas do aspecto literal de um texto, mas literariamente, metaforicamente, uma forma diferente e, acredito, pioneira, de se produzir conteúdo sobre um clube de futebol.

E não apenas isso. Também é um bastião da defesa democrática dentro e fora do clube e um guardião de seus interesses e os de sua torcida. Quem não se lembra de 2013?

Fica aqui, portanto, o meu agradecimento ao Panorama Tricolor por tudo o que representa para o Fluminense e para o futebol nacional e, sobretudo pela oportunidade que me foi dada de cerrar fileiras com tão dignos representantes da torcida tricolor na lida diária de levar o nosso amado clube, de uma forma diferenciada, a milhares de leitores.

Aproveito a oportunidade homenagear a causa primeira, a origem de tudo, com este singelo poema:



Obrigado, Fluminense


Amo-te em silêncio e efusivamente
penso-te diariamente
como quem pensa com a razão
e com o coração.

Sou grato à tua existência
porque se não existisses
eu seria menos eu
seria menos um pouco
de cada coisa que já fui.

Seria mais, certamente,
o insuportável fruto
de um destingido
e imprestável
destino.

Agradeço, também, às lembranças
proporcionadas em cores nítidas
em três cores bem vivas
embaciadas de pó-de-arroz
ao som de gritos de guerra
que fazem vibrar
até o mais estoico dos estoicos.

Obrigado, Fluminense,
pelos dias de luz e escuridão
porque todos, sem exceção,
foram dias de paixão
porque paixão não se entende
não se mede, não se aprende
sente-se inexoravelmente
sem razão.

Obrigado, Fluminense,
por esse inefável
e inconsumível desejo
de sentir-te sempre
pulsando em meu peito,
ainda que meu tempo se esgote
mesmo que a vida passe
mesmo num outro mundo,
obrigado por tudo,
Fluminense.


Felipe Fleury

sexta-feira, 15 de julho de 2016

O que se passa?

Após a pífia atuação contra o Ypiranga/RS, Levir disse mais ou menos o seguinte: “A responsabilidade é minha. Eu peço uma coisa, mas eles não cumprem. Amanhã conversarei com o Presidente e resolveremos”.

Não precisou ser mais direto. Estava claro que pretendia pôr à disposição seu cargo de treinador no clube. Para a nossa sorte, Levir permanece no Fluminense.

Uma mudança no comando técnico, no atual e conturbado momento tricolor, - mais uma no ano – serviria apenas para retardar ainda mais os progressos de uma equipe que, desde o começo da temporada, mas involuiu do que evoluiu tecnicamente.

Levir não sairia por incapacidade profissional como seus antecessores, afinal todos conhecemos seus méritos, mas por uma estranha dificuldade de comunicação, de fazer-se ouvir.

Eu acreditaria nessa suposta dificuldade se Levir fosse daqueles que transmitem seus conhecimentos aos jogadores como se estivesse dando aula num curso de mestrado. A sua fala simples, seu jeito simples, porém, não indicam, minimamente, que não possa ser entendido pelos destinatários de suas determinações.

Logo após a partida contra a equipe gaúcha, ainda sob o calor da emoção, tratei o fato como uma sabotagem. Talvez tenha exagerado, mas certamente a ausência de sintonia entre comandante e comandados possui motivação subjetiva e passa necessariamente pela desmotivação do grupo.

Há a justificativa da mediocridade da equipe, mas mesmo jogadores medíocres correm e se doam dentro de campo e não é isso que se vê no Fluminense desde a conquista da Primeira Liga.

Fred faz falta como um líder e motivador, mas a Liga foi conquistada sem ele. Então, o que há?

Os jogos em Volta Redonda, as constantes mudanças na equipe, a personalidade do treinador podem ser motivos, assim como outros que desconheço, mas nada disso justifica essa espécie de motim denunciado por Levir.

Ao que parece, alguns jogadores desse grupo não perderam o ranço de tempos não tão distantes assim, quando demonstravam suas insatisfações pessoais no campo de jogo, prejudicando sobremaneira os interesses do Fluminense por questiúnculas particulares normalmente de cunho financeiro.

Essa desmotivação coletiva pode não ter a contundência de uma sabotagem, mas não deixa de ser um desrespeito ao próprio treinador, ao clube e à torcida.

Como funcionários do Fluminense, pagos em dia, a motivação deveria ser obrigatória. Mas, se o fato de vestirem a camisa de um dos maiores clubes do Brasil não serve de fator motivador, cabe ao Departamento de Futebol Tricolor identificar e coibir qualquer ação que vise ao prejuízo dos interesses do Fluminense.

Para tanto só é preciso pulso, rigor nas ações, clareza ao expor as regras: disciplina.

Levir identificou, mas não expôs publicamente o problema. Está no Flu, mas com as malas prontas.

Contra o Vitória, saberemos se a repercussão de suas declarações, a conversa com o Presidente, a pressão da torcida terão surtido algum efeito no moral dos jogadores. Se tudo continuar como está, teremos a certeza de que o que se passa dentro das quatro linhas não poderá ser mudado por nenhum treinador, pois transcende o seu poder e, quem tem atribuição para dar a solução, definitivamente não se interessa em resolver o problema.

Com a saída de Fred, Levir, é a estrela da companhia. Sem ele, o que já está ruim ficará pior. Para o bem do Fluminense, que todos entendam isso e se irmanem num único propósito: tornar o Flu novamente vencedor.


E reforços são imprescindíveis. Para ontem.