O Fluminense é o campeão da Primeira Liga,
torneio que ajudou a criar, o que revela um sabor ainda mais especial à
conquista. O Flu, também, tem boas chances de avançar para as finais do
carioca.
Se isso acontecer, poderemos levar duas taças
para as Laranjeiras em cerca de dois meses.
Quem, num exercício de sã consciência, esperava
que isso pudesse acontecer, sobretudo após o início caótico do time, comandado
por um treinador inexperiente que jamais deu à equipe um aspecto coletivo e
pouco ou nada explorou das potencialidades de cada jogador.
Vale lembrar que Gum e Henrique, sob a gestão anterior,
era candidatos fáceis a piores jogadores do Fluminense. Hoje, porém, firmam-se
como uma zaga que atua com sobriedade, bem menos vulnerável do que há poucos
meses.
Não há mágica que faça um jogador transmudar-se
do dia para a noite, senão a batuta – e a labuta - de um treinador que entenda
do riscado.
Justamente por isso, sou reticente em criticar
jogadores que, claramente, não estão sendo bem aproveitados, ou são expostos
ante a fragilidade de um esquema de jogo mal montado.
Não dá para cobrar de um jogador se o seu
treinador não explora a fundo suas qualidades. Um sistema de jogo organizado,
cobertura, estratégia e inteligência fizeram, por exemplo, Gum e Henrique se
acertarem em campo.
E o Fluminense, que era candidato a nada,
recebeu um banho de competência com a acertada contratação do responsável por
essa mudança quase milagrosa: Levir Culpi.
Enaltecer um treinador assim, ainda no começo
de temporada, é arriscado, mas Levir já deu sinais de que é o homem de que o
Fluminense precisava para novamente tornar ao rumo de sua história gloriosa.
É antes de tudo, um boa praça. Também é humilde
e sincero. Além, é claro, de ser competente.
Logo depois da conquista em Juiz de Fora, Levir
foi taxativo ao falar para a imprensa: “Sou
um cara de sorte, estou há um mês e meio no clube e já conquistei um título. Só
tenho a agradecer ao Peter. Vocês não imaginam como é a sala de troféus do
Fluminense, poder levar mais um para lá é especial”.
Foi mais ou menos o que ele disse: que o
Fluminense está acima dele, e isso se chama humildade.
Perguntado também sobre eventual favoritismo no
clássico contra o Botafogo, revelou com sinceridade: “O Fluminense é favorito, porque joga por dois resultados”.
O futebol está cheio de profissionais que se
preocupam demais com o que dizem, com medo de desagradar a um e a outro. Levir
diz o que pensa, virtude rara hoje em dia, e talvez esse também seja um dos
motivos de seu sucesso recente no Tricolor.
Nada como a verdade, doa a quem doer.
Não sei se alcançaremos os maiores objetivos em
2016, ainda é cedo para dizer, mas se isso acontecer terá nome e sobrenome:
Levir Culpi.