quinta-feira, 21 de abril de 2016

É campeão!

O campeão da Primeira Liga é o Fluminense! A Primeira Liga, uma competição nascida da indignação contra os abusos de uma Federação perversa, é do Fluminense! Na vanguarda, como sempre, o Fluminense!

Qualquer crônica sobre o que aconteceu ontem à noite não maculará o bom estilo literário ao citar o Fluminense mil vezes. Hoje, portanto, me perdoem, mas repetirei propositalmente Fluminense tantas vezes quantas achar necessário.

O problema maior para um torcedor resenhar um jogo de decisão de seu time in loco, é que por noventa minutos ele está temporariamente cego. Não vê, apenas sente.

E foi o que aconteceu comigo ontem em Juiz de Fora. Senti a estrada, senti a chegada ao estádio, senti a torcida tomando assento, senti a tensão, senti a festa nas arquibancadas, senti o gol, senti o título!

Senti até o lacrimogêneo, mas não permitirei que isso atrapalhe o meu sentimento neste momento.

Foi uma noite de sentimentos maravilhosos, de reencontro do Fluminense com um título depois de quase quatro anos de jejum, de reencontro da torcida com o seu verdadeiro Fluminense.

Vistoso, impetuoso, decidido, imbuído, garboso, o Fluminense foi de tudo um pouco e não podia deixar de sair da Manchester Mineira sem esse título. Os sustos fazem parte do espetáculo e de uma estratégia absolutamente ofensiva que, vez por outra, deixa espaços atrás.

Mas a sorte, em alguns momentos, e a competência da equipe comandada por Levir Culpi, não permitiram que o Fluminense sofresse um revés que seria uma enorme injustiça. Uma injustiça também com o torcedor que saiu do Rio de Janeiro, ficou preso num engarrafamento monstruoso e entrou no estádio quase no intervalo da partida. Uma injustiça com os tricolores mineiros de Miraí, Bicas, Juiz de Fora, Varginha, da Flumineiros, da E.T. Nense, da Miraí Flu, que estavam por toda a parte do Estádio Mario Helênio e não mereciam pegar a estrada de volta para casa sem esse título na bagagem.

Quiseram os deuses do futebol, porém, que a taça ficasse nas melhores mãos e que o gol do título, aguardado há quase quatro anos, nascesse de um passe de um veterano e terminasse com a nova geração do Fluminense, a geração de Xerém, o encontro do passado com o presente fazendo a história tricolor.

Festa da torcida tricolor em Juiz de Fora e em todo o Brasil, festa do pequenino Lucas, tricolor de cinco anos, de Bicas/MG, que estava com a irmã, pais e avós ao meu lado na arquibancada e a quem fiz questão de dar uma faixa de campeão. O pequeno não podia voltar para casa sem ela e eu não podia voltar para a minha sem presenteá-lo com aquele singelo troféu.

Infelizmente, não pude tirar uma foto do tricolorzinho e de sua expressão de felicidade com a sua faixa, porque em seguida começaram a pipocar as bombas de gás lacrimogêneo atiradas por uma despreparada – como sempre – polícia militar.

Mas nem ela, a polícia, ofuscou a grandiosidade do título e a festa da torcida, uma torcida que soltou o grito de campeão engasgado há anos, fazendo-o ressoar pelos corações de cada um de nós, tricolores apaixonados.

E esse título, sejamos justos, tem três donos: Levir, que deu nova vida ao Fluminense; o time, que entendeu e aquiesceu à sua estratégia; e a torcida, que é o motivo disso tudo.

Ainda ouço os gritos de campeão. Estão impregnados em mim indelevelmente. São os meus troféus, guardados eternamente na minha alma.


Enquanto isso, o Fluminense é novamente campeão, campeão da Primeira Liga, campeão de cada um de nós. O primeiro e o último, o tudo.

Comemore, tricolor, porque hoje o dia nasceu mais bonito, porque hoje você é campeão! 

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