quinta-feira, 29 de maio de 2014

Acordou Tarde


Atlético Mineiro e Botafogo, a meu ver, possuem algumas semelhanças que vão desde as cores alvinegras até o complexo mesquinho de eternos injustiçados. Mas entre estas há outra que lhes é peculiar: contra o Fluminense jogam como se fosse a partida da vida, exagerando na disposição, que extrapola, quase sempre para a violência, além da catimba natural de quem protege um resultado positivo contra o Flu como se fosse um troféu.
 

Foi o que aconteceu hoje: estádio com carga total vendida, Diego Tardelli, que há muito não via a cor da bola, fez partida brilhante e Levir Culpi em noite de Cuca, e tudo isso depois de um empate frustrante contra o Criciúma no mesmo local e há poucos dias. É claro que contribuíram para a vitória atleticana erros infantis cometidos pelo goleiro e pela defesa de um modo geral.



O Fluminense fez um primeiro tempo ruim, bem distante das melhores partidas sob o comando de Cristóvão. Sóbis e Walter ficaram isolados na frente, a equipe não marcou a saída de bola adversária como em outras oportunidades, perdeu divididas, foi lento na saída para o ataque e não criou no meio.



Mesmo com mais posse de bola e finalizações, o Flu não conseguiu ser verdadeiramente perigoso, dando muito campo ao adversário no meio.



Apesar disso, a defesa esteve bem postada, exceto por uma ou duas rebatidas equivocadas, e evitou maiores problemas.



Salvo uma boa jogada de Carlinhos que culminou numa ótima cabeçada de Sóbis, o Flu pouco fez. Walter, de tão isolado, voltou para buscar jogo e, num único lance em que conseguiu se desvencilhar da marcação, arrematou mal. Foi um tempo de muita ligação direta defesa (às vezes goleiro) – ataque, o que impediu que o setor ofensivo recebesse bolas em condições de criar reais situações de perigo ao galo mineiro.


Não faltou, contudo, a disposição costumeira.



O Flu começou melhor o segundo tempo, mas num contra-ataque fulminante, e após erro do goleiro Felipe ao hesitar em sair na bola alçada, o galo marcou seu gol. A partir daí, o Tricolor passou a correr, demonstrando claramente que fez um primeiro tempo acomodado com o empate.
 

Acordado, partiu para o ataque, mas num novo contragolpe, Chiquinho, falhou na marcação e permitiu que a adversário conduzisse livre a bola e centrasse, bola que passou a 20 cm das mãos do goleiro Felipe sem que este esboçasse sequer reação para cortá-la, para Tardelli entrar livre e empurrar para as redes.
 

A partir daí o Flu tentou no abafa, mas ainda desorganizado. Teve boas chances, uma com uma falta bem cobrada por Conca no travessão, outra num bom chute de Walter defendido à queima roupa pelo goleiro atleticano e duas chances claras perdidas por Kennedy.
 

E ainda teve Michael, que nem mesmo tocou a bola, expulso infantilmente, irritado pela catimba adversária, o que prejudicou, é claro, eventual reação.
 

Apesar da luta, repetiram-se os erros das derrotas para Vitória e Grêmio, inclusive a ineficiência ofensiva, com uma agravante: hoje o Flu (comparando-o consigo mesmo) foi bem pior em todos os aspectos. Exceto pelo abafa final, fruto da necessidade de se buscar o gol e da reação instintiva do galo em se defender, não vi no tricolor 10% daquele Flu de Cristóvão que empolgou a torcida tricolor nas primeiras partidas do brasileiro, não sendo justo atribuir-se a derrota apenas às falhas do goleiro.
 

O Flu não foi no primeiro tempo o que foi no segundo, principalmente após sofrer o primeiro gol, quando, aí, sim, pareceu acordar para a partida. O Fluminense só desejou ganhar quando começou a perder, mas essa estratégia, via de regra, não funciona.
 

De qualquer forma, porém, ainda estamos no topo, e com os reforços que já despontam caberá a Cristóvão corrigir as deficiências, que já parecem claras, para lutarmos pela liderança e, quem sabe, pelo campeonato.



Avante, Fluminense! ST
 
 

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