sábado, 15 de fevereiro de 2014

Cegueira Coletiva

Somente a redundância pode conceituar um ato de racismo: abjeto, nefasto e hediondo.

Tão ou mais odioso quanto, é o fato de que essa prática tenha ocorrido dentro de um espaço destinado ao esporte, onde teoricamente as pessoas devem conviver em harmonia, e direcionada a um jogador de futebol no exercício de sua profissão.

E se ainda pode haver algo que agrave as ofensas perpetradas contra o ser ...humano Tinga, é que promanaram das mentes, corações e bocas de um povo igualmente vitimizado por colonizadores europeus.

A população peruana, segundo pesquisa da UNB de 2008, é formada predominantemente por contribuição indígena, cerca de 73%, africana, 11,9% e europeia, 15,1%.

Aquela parcela de torcedores que reproduziu sons simiescos deveria ter celebrado o ser humano Tinga como a um filho da própria terra, um vitorioso, pois a sua mera presença ali representava o resgate de uma pequena parte daquilo que a História havia tomado de ambos, as suas dignidades.

Nenhuma punição seria capaz de devolver ao Tinga o que lhe tiraram naquela noite. Nenhum de nós pode verbalizar o sentimento do jogador ao ouvir os sons grotescos da arquibancada.

A ofensa foi contra todos nós que repugnamos o odor fétido do racismo, mas a dor é só dele, do ser humano Tinga, cuja dignidade, seu bem mais valioso e sublime, foi barbaramente vilipendiada.

O cego, para aqueles ofensores, não é como reza o dito popular, apenas aquele que não quer ver; para esses, a verdadeira cegueira está em não se enxergar além da cor da pele do seu semelhante.

A torcida tricolor, tenho certeza, repudia qualquer forma de discriminação odiosa, manifesta a sua solidariedade ao ser humano Tinga e exige que as autoridades competentes sancionem de forma exemplar o clube Real Garcilaso pelo irresponsável e criminoso comportamento de parte da sua torcida.

#FechadoComoTinga
 
Avante, Fluminense! ST.

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