segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sonho tricolor

Informo ao leitor, de antemão, que este não é um estudo de viabilidade técnico-financeira ou qualquer esboço de projeto. Não tenho conhecimento profissional para isso. É apenas – e peço permissão a você – um sonho em forma de desabafo que desejo compartilhar. 

Nos últimos anos, grandes clubes do futebol nacional têm se mobilizado para reformar ou construir modernos estádios. Um desejo inerente a todo torcedor, certamente, é ter uma casa moderna, que possa chamar de sua.

Internacional, Grêmio, Palmeiras, Corínthians, Atlético Paranaense modernizaram seus estádios ou construíram novas arenas. Não entrarei no mérito das eventuais facilidades obtidas do poder público, como por exemplo no caso da construção do Itaquerão, arena do Corinthians.

Prefiro citar o exemplo do Palmeiras que, através de uma parceria empresarial aparentemente legal, construiu a sua moderníssima arena – ao custo de 630 milhões - sobre os escombros do seu antigo estádio Palestra Itália. Trata-se de uma arena multiuso, uma tendência mundial, com capacidade para 43.600 torcedores – espectadores de futebol, para shows o público aumenta - onde o clube recebe integralmente a receita de seus jogos e a empreendedora assume todas as despesas correntes para funcionamento do estádio e aufere seus lucros da exploração da publicidade, shows, camarotes, cadeiras especiais, lanchonetes, restaurantes, lojas etc.

Gradativamente, o clube palestrino passará a receber participação também nas demais atividades geridas pela empreendedora até a integralização de todo o custo para a construção, acordo, cujo prazo final foi fixado em 30 anos; ao fim do contrato, a parceria com a empresa será encerrada e a arena definitivamente incorporada ao patrimônio do clube.

Não é preciso dizer que uma arena própria alavancaria qualquer projeto de sócio-torcedor, como se viu exatamente com o torcedor palmeirense que saltou diversas posições no ranking de associação após a construção do estádio. Além disso, o retorno financeiro é colossal. De todos os clubes das séries A, B e C do futebol nacional, o Palmeiras é o segundo no ranking de público pagante com uma média de 28.913 torcedores por jogo – perde apenas para o Corinthians, com 31.844 pagantes -, com o bilhete de entrada a uma preço médio de R$80,00, gerando uma renda bruta de R$23.325.941,00.

Em quatro meses – campeonato paulista e fase inicial da Copa do Brasil -, o Palmeiras “enriqueceu” quase 24 milhões de reais, sem contar a renda oriunda do projeto de associação. Uma previsão minimalista impõe reconhecer ganhos muito maiores durante as demais competições nacionais que, em regra, atraem muito mais público.

O torcedor sente-se estimulado a ir ao estádio, gastar em produtos do clube e associar-se, além é claro, do fator psicológico, pois jogar em sua própria casa, com a torcida praticamente inteira a favor, é sempre um obstáculo a mais para o adversário transpor.

Evidentemente, um contrato de parceria dessa envergadura precisa ser muito bem estudado a fim de que não haja conflitos, principalmente quanto às datas dos eventos comercializados pela empreendedora e as partidas de futebol, ou mesmo quanto à forma de comercialização de camarotes e cadeiras especiais.

Como eu disse, estou aqui sonhando. Já ficaria bastante satisfeito se o nosso lendário Estádio das Laranjeiras pudesse ser transformado em algo como um Craven Cottage, o também centenário e simpático estádio do Fulham F.C., de Londres, com capacidade atual para cerca de 25 mil torcedores confortavelmente instalados, após recente reforma.

Um clube da grandeza do Fluminense não pode caminhar na contramão da modernidade. Se eu fosse seu presidente, e isso é apenas elucubração, não tenho qualquer pretensão política, trataria o assunto como uma das suas prioridades e criaria um departamento exclusivo, composto de profissionais experimentados e comprometidos para alcançar uma solução viável para a construção de uma estrutura completa de futebol: centro de treinamento e um novo estádio.

O Fluminense merece um estádio moderno à altura de sua grandeza, onde exerça a sua “soberania” e não se submeta a desmandos de terceiros ou a incompatibilidades para atuar num ou noutro campo; e o seu torcedor uma casa que possa chamar de sua.


Como eu disse, trata-se apenas de um desabafo, um desejo incontido de poder um dia levar minhas filhas ao novo estádio do Fluminense e dizer: esta aqui é nossa casa, onde continuaremos a escrever uma história gloriosa, sintam-se à vontade.

Imagem: Google

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