Alguns torcedores se mobilizaram para realizar
uma grande festa, a fim de receber o time na partida inaugural do campeonato
brasileiro contra o Joinville.
Foi uma manifestação espontânea de torcedores
apaixonados que entenderam que a situação atual do clube é difícil, política e
financeiramente, e que somente com o apoio integral da torcida, o Fluminense
pode almejar algo melhor nesta competição.
Também foi uma espécie de desagravo por tudo o
que impuseram ao Tricolor no finado campeonato carioca, com o propósito de
demonstrar à equipe que as atrocidades praticadas contra o Flu em virtude da
sua posição de contrariedade aos desmandos da FERJ já faz parte do passado e
que agora se inicia uma nova competição, sem – espera-se – a interferência
nefasta de dirigentes inescrupulosos.
Os abnegados organizadores gastaram preciosos
tempo e dinheiro para promover o evento, tudo por amor ao Fluminense e sem
esperar nada dele.
Passada a rodada inicial, porém, a festa deve continuar.
O movimento se ampliou, outros torcedores encamparam a ideia e agora se organizam
para que os jogos do Fluminense em casa sejam sempre um grande evento, com o
objetivo de que a torcida compareça e, além de ser o décimo segundo jogador da
equipe, encha os combalidos cofres do clube do dinheiro que anda tão escasso
por estes tempos.
O propósito é louvável e não poderia partir de
outra torcida que não a tricolor.
Ocorre que o sucesso do evento depende do
cumprimento de alguns pressupostos. O primeiro deles diz respeito ao torcedor,
pois sem ele não há festa e o clube deixa de arrecadar.
A torcida tricolor precisa imbuir-se de que ela
é a força motriz do Fluminense, pois é o seu canto que faz vibrar o jogador e é
o seu maciço comparecimento o maior incentivo ao atleta dentro de campo. A presença
do torcedor é sempre importante, mas em tempos de vacas magras, ela é
fundamental.
Por isso, é preciso abandonar a tradição vetusta
de que o torcedor somente apoia o time quando este está num bom momento. Hoje o
tricolor vai ao estádio quando a equipe está bem, mas é preciso que ele entenda
que deve ir para o time jogar bem. Além da contribuição financeira, a presença
da torcida influencia no fator psicológico do jogador, incentivando-o a
desempenhar um melhor futebol e a buscar a vitória com motivação redobrada.
O sucesso da empreitada também depende da ajuda
do principal interessado, o Fluminense.
Como eu disse, foram abnegados torcedores que
planejaram e organizaram a mobilização para a primeira partida do campeonato e
que, agora, pretendem dar continuidade ao movimento de aproximar clube e
torcida durante todo o restante da competição.
Não soube de qualquer interferência do clube no
assunto, quando este deveria ter sido o principal interessado em trazer o
torcedor para perto de si, colhendo os resultados financeiros desse apoio.
Mas o que esperar de um departamento de
marketing inepto que, deitado em berço esplêndido, observa o árduo trabalho de
torcedores que trabalham pelo Flu apenas por amor ao seu clube de coração. Por
que não cria, por que não pensa e, sabedor de que a mobilização se articula no
seio da torcida, por que não ajuda? A resposta é simples: porque não tem
compromisso com o Fluminense, apesar de seus membros serem remunerados – e bem
– pela instituição.
Eu imagino que o esforço do torcedor em atrair
público para o Maracanã poderia atingir seu fim de uma forma bastante efetiva
se o Fluminense, através de seu departamento de marketing, contribuísse para o
sucesso da empreitada. Afinal, o interesse maior é o do clube, em dinheiro e motivação,
para que o time alcance boas posições na tabela, o que, invariavelmente, também
se reverte em lucros futuros.
As campanhas disseminadas pela internet teriam
maior alcance se veiculadas pelos canais oficiais do Fluminense, e até mesmo
pela grande mídia esportiva; além disso, promoções poderiam ser criadas para
ajudar a levar o torcedor ao estádio, como o sorteio de prêmios atrativos.
Não seria nada irrazoável pensar em prêmios
como automóveis e viagens pelo Brasil e exterior. Retira-se da parte da renda
que cabe ao clube – inflada pela presença maciça da torcida – trinta ou
quarenta mil reais, o que não é um absurdo e pode, inclusive, ser subsidiado
pela empresa fornecedora do produto através da sua visibilidade, e se garante
ao torcedor a possibilidade de voltar para casa duplamente feliz: por ter
assistido ao seu time do coração e ganhado um excelente presente.
Infelizmente, contudo, a torcida age por si só,
movida apenas pelo sentimento de amor, enquanto quem é pago para pensar e
produzir para o clube permanece inerte, sob a complacência inexplicável de seus
administradores.
Portanto, é bastante provável que o
voluntarioso torcedor continue a sua luta inglória de tentar convencer a
torcida a comparecer ao Maracanã durante o restante do campeonato, enquanto o
Fluminense assiste a tudo de braços cruzados.
Não sei se é vaidade, ou simplesmente pura
incompetência. O fato é, porém, que clube e torcida devem trilhar o mesmo rumo,
sobretudo quando esse caminho leva a um único objetivo que é o engrandecimento
do Fluminense.
A cúpula Tricolor precisa se livrar das travas
que impedem o Fluminense de crescer, expurgar seus inimigos internos e atuar
sem vaidades sempre em prol da Instituição. A torcida é a alma do Fluminense e
sempre será a sua mais fiel parceira. E é esse mutualismo que deve nortear as
ações institucionais entre torcedor e clube, porque sem a torcida ele será
apenas um corpo sem espírito, um número de cadastro de pessoa jurídica ou um
nome sem história.
Somos todos Fluminense? Parece que,
infelizmente, essa regra tem exceção na Álvaro Chaves, 41.
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