Ricardo Drubscky já é passado, mas não há como
deixar de tocar em seu nome quando se pretende qualificar a atual gestão do
futebol tricolor: catastrófica. Drubscky foi o mais emblemático exemplo da atual
falta de planejamento e descaso com as coisas do Fluminense.
Durou uma desclassificação no fraco campeonato
carioca e dois jogos no brasileiro, de tão ruim que é. Nada pessoal contra o
homem. Despediu-se elegantemente do clube, parece ser uma pessoa de bem, mas
não está e nunca esteve à altura de dirigir o Fluminense. A sua demissão em
tempo quase recorde somente serviu para corroborar o enorme equívoco que foi a
sua contratação, fruto de uma gestão temerária que pouco se importa com os
destinos do Flu.
Qualquer tricolor com um átimo de discernimento
vaticinou que a sua saída seria questão de tempo. Na média do que vi por aí, o
seu prazo de validade seria entre cinco e dez rodadas de duração. Foram duas.
Quando comentei a sua contratação, publiquei aqui no panorama um texto
intitulado: “Um tiro no escuro”.
Evitei a crítica contundente sobre um treinador
que se apresentava ao Flu com um currículo bastante humilde, para não dizer
menos. Fui benevolente a ponto de lhe dar a chance de queimar a minha e quase
todas as línguas tricolores com a possibilidade de que, por um acaso, desse
certo. A mesma possibilidade de se acertar um alvo com um tiro às escuras.
Não pretendo aqui me vangloriar do anunciado
fracasso de Drubscky. Na verdade, desejei que tivesse êxito no comando do
Fluminense, mas as chances disso acontecer eram tão ínfimas que qualquer
tricolor fora de Álvaro Chaves certamente já sabia o resultado de sua
desastrosa contratação.
Pois bem. A sua rápida demissão foi um alento
para a torcida tricolor, um alento que durou menos de 24h.
Enquanto muitos sonhavam com Cuca, Dorival,
Abel e até o velho RG, a cúpula tricolor apresenta o substituto de Drubscky:
Enderson Moreira.
Da mesma forma que não fui leviano com o
ex-treinador, não serei com Enderson. Não criticarei o seu trabalho antes mesmo
de ter se iniciado. O que eu posso dizer, contudo, é que se Drubscky foi um
tiro no escuro, Enderson é um tiro à luz opaca, aquela bem tênue, crepuscular.
Com um currículo ligeiramente melhor, o novo treinador tem a chance de ter um
desempenho superior ao de seu antecessor, o que não significa dizer que seja um
profissional à altura do Fluminense.
Soube que cogitaram primeiramente Dorival, mas
a sua pedida, de cerca de quinhentos mil mensais, foi rechaçada. A Enderson
Moreira o Flu deverá pagar metade disso. Parece, então, que tudo se resume a
quem cobra menos. Não há planejamento, nem o sentido de importância que tem um
treinador para uma equipe.
Quando foram renovados os contratos de Jean,
Wagner, Cavalieri e Fred, a cúpula tricolor deveria ter conferido a mesma
relevância à contratação de um novo treinador, alguém experiente e notoriamente
competente. Poderia não funcionar no comando do Flu, mas ninguém pecaria por
omissão.
Drubscky cai, quase simultaneamente grassa nas
redes sociais a informação de que Cuca fora demitido do seu empregador chinês.
A esperança da torcida, assim, recai sobre uma eventual proposta tricolor ao
melhor técnico brasileiro em atividade. Ledo engano. Dorival não seria de todo
ruim, mas preferiram, novamente, como se desejassem testar a paciência da
torcida, a opção pela incerteza, pela pequenez.
Enderson, assim como Drubscky, é um
profissional sério. Diante, porém, do desempenho do Tricolor nos últimos anos,
o Fluminense precisa de algo mais. Precisa voltar ao cenário dos líderes,
precisa disputar títulos, voltar à Libertadores.
Não se trata de mera cornetagem. Trata-se da
constatação de que os assuntos mais importantes estão sendo relegados a segundo
plano, o que se demonstra pela contratação de técnicos de segunda categoria
como Cristóvão, Drubscky e, agora, Enderson.
Assim como desejei queimar a língua com
Drubscky, também desejo estar errado quanto a Enderson. Torcerei como nunca para
que seja no Fluminense o que ainda não foi em outros clubes que dirigiu, porque
acima de tudo sou tricolor.
Por fim, faço um apelo ao torcedor. Não
importam os malfeitos praticados contra o clube por quem deveria cuidar dele,
não importam os resultados negativos ou um elenco aquém daquele que deveria
envergar o manto tricolor, não importam os Cristóvãos, Drubsckys ou Endersons;
os Peters, Marios e Fernandos. A única coisa que verdadeiramente importa é o
Fluminense.
Não desista dele jamais. Seja sócio independentemente
do momento vivido pelo clube para poder, com a sua ajuda, torná-lo um dia
autossuficiente, e, para com o seu voto, interferir diretamente no seu destino.
Boa sorte Enderson Moreira. Boa sorte para
todos nós.
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