Sou contra as soluções violentas para
os problemas da vida. Mesmo no futebol, quando a paixão, a emoção, por vezes,
falam mais alto, a violência nunca deve ser a medida adequada.
Por isso, quando li o depoimento que
Fred publicou em seu perfil oficial no Facebook, logo imaginei que o jogador
tivesse sido agredido, ou que seu carro tivesse sido destruído por vândalos
travestidos de torcedores.
Parece que não foi bem isso o que
aconteceu. Se houve algum tipo de exagero, não ultrapassou a esfera dos gritos
de ordem, talvez alguns xingamentos.
Fred faz um ataque direto às torcidas
organizadas, responsabilizando-as pelas supostas agressões sofridas na saída do
clube na tarde do último sábado, comparando sua conduta
com outras bem mais graves, como a morte do torcedor “Kevin” e a invasão do CT
corinthiano.
Não penso como ele. A torcida tricolor é,
tradicionalmente pacífica e seus protestos, via de regra, resumem-se a palavras
de ordem, faixas e tiradas inteligentes nas redes sociais.
É claro que sempre há a exceção a
justificar a regra, mas são casos esporádicos, nada que se compare, por
exemplo, à destruição, furto e roubo ocorridos no CT corinthiano em data
recente.
E foi por isso que estranhei, quando
Fred, aparentemente magoado com a conduta de cerca de vinte torcedores (número
estimado por ele mesmo), esperou três dias para manifestar-se sobre um fato
que, segundo o próprio, foi gravíssimo. Onde estaria a alegada gravidade, se
não houve nem mesmo comunicação de crime às autoridades públicas no momento dos
fatos? Onde estariam as fotos de seu veículo depredado, uma vez que, se tivesse
sido danificado, não há dúvidas de que Fred postaria imediatamente as fotos em
seus perfis nas redes sociais, dando ampla divulgação ao ocorrido.
Ao que parece, Fred transformou uma
manifestação pacífica e legítima de pouquíssimos torcedores, numa “quase”
tragédia sem precedentes. E ainda lhes atribuiu a pecha de bando de desocupados
e “à toa”. Quem seriam esses torcedores organizados para Fred? Por que não
identificou, ou se identificou alguma torcida organizada envolvida, por que não
divulgou em seu depoimento?
O que quer que sejam, torcedores
integrantes de organizadas, desocupados ou “à toa” (expressão utilizada por
Fred), são, antes de tudo, torcedores do Fluminense e nada lhes retira o
direito de protestar, pacificamente, contra o líder, artilheiro e maior salário
do clube que, já há algum tempo, parece estar se guardando apenas para a
seleção brasileira, esquecendo-se de que é funcionário do Fluminense Football
Club e que sempre deverá satisfação ao clube e aos seus torcedores.
Fred precisa entender que, num clube
grande, se as coisas não vão bem, a cobrança sempre existirá. Se a direção é
omissa nessa cobrança, os torcedores não precisam ser.
Todos sabemos o quanto foi e ainda é
importante para o Fluminense e, é exatamente por isso, por reconhecermos todo o
seu potencial, que Fred é cobrado.
As declarações públicas, além do
inconveniente do momento (às vésperas de um jogo decisivo) soaram como uma
tentativa exagerada de desviar o foco de suas más atuações, ou, talvez,
expressem seu desejo incontido de deixar o Flu, transformando-o, assim, de, um
dos responsáveis pela péssima fase da equipe tricolor em vítima de uma
perseguição orquestrada por vândalos e baderneiros.
Fred saboreou conquistas, idolatria,
recebe todos os meses, sem atrasos, seu vultoso salário, enfim, conhece bem os
bônus de ser empregado de um clube, cuja torcida sempre o acolheu com amor.
Precisa, agora, que as coisas não vão bem, assumir os seus ônus, reconhecer suas falhas, demonstrar humildade. Eximir-se
dessa obrigação e transferir responsabilidades, fazendo-se de
vítima, quando não o é, revela-se pura covardia, principalmente quando tem ao seu lado uma imprensa ávida por dar repercussão ao que divulga, seja verdadeiro ou não.
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