Quando,
em dezembro de 2013, o pleno do STJD confirmou a decisão em 1ª instância que
puniu Flamengo e Portuguesa por escalarem jogadores em condições irregulares na
última rodada do campeonato brasileiro daquele ano, sancionando-os com a perda
de pontos que rebaixou o time paulista, evitou o rebaixamento do clube da Gávea
e manteve o Fluminense Football Club, legitimamente, na primeira divisão do
futebol nacional, a imprensa esportiva, em sua esmagadora maioria, grunhiu todo
o seu ódio contra o Tricolor, acusando-o, de forma injusta, irresponsável e
covarde, de ter sido o causador, através de manobras de bastidores, do
rebaixamento da Portuguesa.
Transformaram,
através do imenso poderio que detêm, da força incomensurável dos meios de comunicação, que
atingem os mais distantes rincões deste País e até fora dele, a Lusa em vítima e o Fluminense em
vilão. Nada que pudesse ser mais conveniente. A Portuguesa, a queridinha de São
Paulo, segundo time de muitos lá pelas bandas do Tietê, era a injustiçada; até
o Roberto Leal foi às ruas protestar contra a tal da “CBFlu”, tudo, é claro,
com amplíssima divulgação da imprensa. E o Fluminense, em razão de uma falsa
reputação de armações nos bastidores, também fomentada de forma covarde pela
mídia, era o vilão perfeito.
Nada
poderia ser mais perfeito para esconder a maior fraude do futebol brasileiro de
todos os tempos, tudo convenientemente acobertado e manipulado por
irresponsáveis travestidos de jornalistas que, com maestria, blindaram o
verdadeiro responsável pela bandalheira que ocorreu na fatídica derradeira
rodada da competição nacional. Na verdade, Fluminense e Portuguesa foram
vítimas; o primeiro, do rancor, do despreparo e irresponsabilidade de
jornalistas e dos interesses sórdidos que comandam o futebol brasileiro; o
segundo, vítima de si mesmo, de uma administração autofágica, que dilapidou o
patrimônio do clube em benefício de seus gestores e vendeu a sua alma, a paixão
do seu torcedor – que é a sua própria existência - para salvaguardar os interesses
financeiros das grandes corporações que comandam o futebol.
Apesar
de indícios veementes de toda a falcatrua, como as declarações do advogado da
Portuguesa de que teria avisado ao clube que o jogador não poderia ser escalado
em razão da punição sofrida, ou das publicações jornalísticas, na véspera do último jogo do Flamengo,
que davam conta de que o jogador rubro-negro estava suspenso e também não
poderia ser relacionado para o jogo, nada disso teve qualquer repercussão na
imprensa, absolutamente nada. Preferiram, por ser mais cômodo e oportuno, atirar
toda a responsabilidade desta inventada “virada de mesa” no futebol brasileiro ao
Fluminense.
E
esse ódio reverberou pela sociedade. Não apenas torcedores de outros clubes
despejaram a sua intolerância sobre o Tricolor e sua torcida; todos, mesmo os
indiferentes ao futebol, resolveram atirar a sua pedra. E foram muitas pedradas.
Humilhada, a torcida, através de parcas vozes, procurou, da forma que podia,
mostrar ao Brasil a injustiça que se cometia. Enquanto tentava, e não
conseguia, era alvo de agressões verbais e físicas e o clube tinha o seu nome
chafurdado na lama mais uma vez.
Foi
uma luta heroica. Orgulho-me de ter participado dela juntamente com outros tricolores que usaram os poucos canais que tinham à disposição para
tentar mostrar a verdade à massa de manobra forjada por uma imprensa vendida.
Fomos ofendidos e vilipendiados em nossas honras, perdemos noites de sono
angustiados, amargurados...
Enquanto
a honra do Fluminense era maculada e a sua torcida discriminada, a
administração tricolor se calava. Lembro-me de ter lido e escutado diversas
vezes o torcedor tricolor perguntar: onde está o Presidente? Por que não se
manifesta?
Estivemos
sós nesta luta inglória, abandonados à própria sorte por quem tem o dever
institucional de defender o nome do clube e a sua torcida. Para a massa
ignóbil, para quem o que vale é o “quem cala consente”, a responsabilidade pela
famigerada “virada de mesa” que decretou o descenso da Lusa passou a ser do Fluminense e ponto final; o
eterno vilão, o culpado de todas as mazelas do futebol nacional.
Parece,
porém, que a Justiça ainda pode ser feita. Há poucos dias, o atual presidente
da Portuguesa, senhor Ilídio Lico, revelou ao blog do Jorge Nicola (https://esportes.yahoo.com/blogs/jorge-nicola/presidente-da-lusa-admite-culpa-por-rebaixamento-mas-233734399.html), que a escalação do jogador Hevérton foi premeditada, ou seja,
arquitetada, planejada. Para quem, como o senhor Renato Maurício Prado, não
enxergava, talvez por ser cego ao que não lhe interessa, a existência de dolo
na conduta da Portuguesa, não existe dolo – que significa consciência e vontade
– mais cristalino do que este.
Essa
declaração, por si só, seria suficiente a dar azo à instauração de inquérito
policial ou provocar a intervenção direta do Ministério Público, cuja atuação até
agora pareceu inócua. Ponham-se frente a frente os senhores Ilídio Lico e Da
Lupa, promovam-se as quebras dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos dos
supostos interessados, inclusive, por óbvio, dos gestores do Flamengo e dos
patrocinadores e organizadores do campeonato brasileiro. É simples, basta
vontade e iniciativa para agir. Se aqueles indícios apontados acima não foram
suficientes para ensejar uma investigação firme e isenta, por certo, esta
declaração do mandatário da Lusa é relevante o bastante para se movimentar a
máquina persecutória estatal.
E
deveria ser, também, para que os mesmos arautos da moralidade que blasfemaram
contra o Fluminense, transformassem seus blogs, colunas, programas televisivos
etc, em palcos para a devida, se não ainda retratação, repercussão da fala do
senhor Ilídio.
E é
a oportunidade para que a administração do Fluminense repare a omissão na
defesa de seus interesses e aja prontamente, seja exigindo uma investigação
isenta, seja convocando a imprensa para que dê repercussão à acusação do
Presidente da Portuguesa. Nota oficial em rede social é medida vazia. A torcida
exige mais, exige um presidente atuante na defesa da honra da torcida e da
reputação do clube que comanda.
Silenciar
neste momento, em que se descortina toda a espúria trama, é atuar contra os
interesses do Fluminense e de seu torcedor e é, sobretudo, submeter-se aos
inescrupulosos interesses que manipulam o futebol nacional.
O Presidente Peter pode fazer história; para isso, precisa agir.
Avante, Fluminense! ST
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