Foi um jogo sem riscos, pelo menos riscos
planejados, até porque de temerária já basta a zaga tricolor, suficiente, por
si só, para deixar apavorado qualquer tricolor. Os dois times não ousaram,
utilizaram a estratégia da cautela, por mais que o empate não fosse um bom
resultado para ambos. O flamengo pretendeu jogar no erro Tricolor e fez isso
com eficiência na primeira etapa. E o Flu não tinha muita estratégia, eram
toques para o lado e para trás, pouquíssimo aproveitamento das laterais e
algumas bolas alçadas à área.
E os excessivos erros de passes do time do Flu no
primeiro tempo foram responsáveis pelas maiores chances ofensivas rubro-negras,
dentre elas o gol, decorrente , também, de sucessivos equívocos do sistema
defensivo: Henrique, Valência e, por fim, Elivélton.
O flamengo foi melhor no primeiro tempo, porque
foi rápido e organizado. O Flu foi novamente um arremedo de time, porque foi
lento e desorgnizado. Além da preguiça, os passes errados oriundos
principalmente da dificuldade em encontrar um parceiro livre para receber a
bola, deram origem às principais chances do adversário.
Ainda que mal, o Flu aproveitou bem uma falta
cobrada por Conca que Fred, bem ao seu estilo, desviou para dentro empatando o
jogo.
O Tricolor voltou para o segundo tempo mais
arrumado e minimamente mais aplicado, o que foi suficiente para equilibrar as
ações e tornar o Flu melhor que o fla nos minutos iniciais, momento em que Fred
obrigou Paulo Vítor a realizar espetacular defesa. Houve mais uma boa chance
perdida logo após e só. Pelo menos um alento: Cristóvão conseguiu, no
intervalo, melhorar e não piorar o time.
Cristõvão, manietado pelas substituições que
fez por conta das contusões (Henrique e Valência) pouco pôde fazer para mudar o
panorama da partida, que se desenrolou, a partir dos quinze minutos da segunda
etapa, como um jogo que agradava a ambas as equipes, afinal de contas, com o
empate o fla se distanciava ainda mais da zona do rebaixamento e o Flu, em que
pese o empate ter sido terrível para as pretensões de retorno ao G4, amainava
um pouco o vexame de Salvador. Além disso, como um empate num clássico é sempre
um resultado que pode ser considerado normal, a pressão sobre Cristóvão também
dever arrefecer, pelo menos até a próxima partida.
Está claro que o Flu precisa de um homem de
velocidade que faça a rápida ligação da defesa ao ataque. Isso é óbvio.
Acontece, porém, que nos melhores dias de Cristóvão no Flu, essa carência era
suprida por um toque de bola rápido e envolvente, e por uma marcação forte à
saída de bola adversária. Havia um time compacto que, se não era rápido, era
eficiente sem possuir um jogador com a característica da velocidade.
Então a ausência do “elo de ligação veloz”
explica, mas não justifica os recentes malogros do Tricolor. A zaga, sim, essa
justifica bem mais algumas derrotas. Elivélton é temerário, para dizer o menos.
Henrique tem técnica, mas é lento e, ao que parece, tem jogado no sacrifício
por conta de lesões que, oxalá, não sejam crônicas.
Conca, cujo sacrifício dentro de campo sempre é
capaz de apagar seus erros, está mal. E não é de hoje. Tem feito muita falta a
sua contribuição efetiva na criação, principalmente quando Cícero é
posicionado, como hoje, mais à frente, quase como um segundo atacante. Wagner,
embora cumpra função tática importante, nunca foi e nunca será o parceiro ideal
do argentino na criação.
Fred tem se esforçado; isso é visível. Fez um
gol e poderia ter feito outro. Seu mérito é estar buscando jogo a jogo voltar à
forma física e técnica dos tempos da Copa das Confederações. Não sei se isso um
dia será possível, mas é preciso dar-lhe um voto de confiança, crédito que ele
merece.
O resultado acabou sendo justo, mas o Flu, se
forçasse um pouco mais poderia ter saído com a vitória. De qualquer forma, a se
lamentar apenas a terrível derrota para o lanterna da competição, não o empate
de hoje, resultado normal para um clássico desse porte e suficiente para evitar mais uma crise, daquelas que têm assolado o Tricolor nos últimos tempos.
Avante, Fluminense! ST
Foto: Lancenet.
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