O Fluminense parece aquele carro possante, com
mais de 200 cavalos de potência, mas que não pode desenvolver toda a sua
potência e atingir a velocidade que dele se espera, porque está amarrado a
diversos pilares por inquebrantáveis grilhões. Num desses pilares estão
depositadas a incompetência e a inabilidade de alguns de seus jogadores;
n’outro, a desídia, a preguiça e o descompromisso e o último representa o seu
próprio treinador.
Hoje, apesar da disposição demonstrada dentro
de campo e do domínio das ações na maior parte do jogo, o Fluminense foi
“seguro” por dois desses pilares: o primeiro consistente na quantidade
inaceitável de gols perdidos; foram pelo menos três claríssimas (com Fred,
Sóbis e Wagner) antes do gol de empate baiano. O segundo representado pela
incompetência do treinador que, talvez insatisfeito com a vitória e com a
superioridade tricolor dentro de campo, resolveu dar mais emoção à partida
sacando Conca da equipe.
Foram esses os dois fatores preponderantes para
que o Fluminense abdicasse de uma vitória praticamente certa e que garantiria
um passo importante rumo a uma vaga no G4.
Conca, mesmo nos seus piores dias, se não for
por uma causa extrema e justificável, não pode ser substituído, nunca!
Cristóvão cometeu um ato de heresia. Errou gravemente ao retirar a segunda
cabeça pensante da equipe, a primeira havia sido Cícero, e deixando a equipe
retraída, impotente e submetida ao Bahia, que até então pouco ameaçara.
E continuou ameaçando pouco. O problema é que encontraram
um gol e aí ficou complicado demais buscar a vitória. Edson é bom jogador, mas
não é Conca. Conca não tem substituto, é ele quem se mata dentro de campo, que
acredita até o último minuto e a chance de reação estancou no momento em que
ele não estava mais dentro de campo. Talvez até não houvesse tempo para uma
reação, mas a sua ausência deu mais confiança ao Bahia que, a partir de sua
saída, despreocupou-se mais com a marcação e partiu para cima do Flu, mesmo,
como se disse, sem obter grandes chances.
Mas o erro crasso de Cristóvão foi mitigado
pelos erros ofensivos do Flu. Fred e Sóbis perderam gols sem goleiro à frente.
Wagner perdeu outro ao demorar a fazer um passe para Fred, livre, na cara do
gol. Neste lance do Wagner, tive a impressão de que foi empurrado pelo
marcador, o que o teria desequilibrado dentro da área. Mesmo a suposta
irregularidade não afasta a absoluta “irresponsabilidade” dos atacantes do Flu
em concluir em gol.
Outra vez ficou bastante claro que o Fluminense
podia mais e alcançou menos. E talvez seja este o tom até o fim do campeonato,
a de um time que podia muito e conquistou pouco, talvez nada. O medo não
combina com o Tricolor e o pavor de Cristõvão diante da possibilidade de não
conquistar os três pontos deu ao Bahia a chance que esperava para marcar seu
gol e segurar o empate até o final.
Vale lembrar, até para que Cristóvão não seja crucificado sozinho pelo equívoco que cometeu, que a responsabilidade pela perda de dois pontos importantíssimas deve ser repartida com quem teve a chance de fazer gols e não fez.
O Fluminense, para alçar voos mais altos,
precisa se libertar dos grilhões que o amarram. De dentro ou de fora de campo,
é preciso ter força para rompê-los, sob pena de Clube e torcida amargarem outra
dolorosa decepção.
Avante, Fluminense! St
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