Cristóvão Borges parece conformado com a sua
incapacidade de fazer o time do Fluminense produzir mais. Já anunciou algumas
vezes que a equipe tem empatado demais e que é preciso uma sequência de
vitórias; seus apelos, no entanto, desacompanhados de medidas efetivas que
produzam o resultado almejado, têm sido inócuos.
Suas últimas entrevistas demonstram que atingiu
seu limite técnico e motivacional. Cristóvão não sabe mais o que fazer para o
Flu voltar a vencer com regularidade, circunstância necessária para alcançar
uma vaga no grupo daqueles que se classificam à Libertadores da América. Sua
expressão combalida e sua postura de inválido esmorecido refletem as últimas
atuações do Tricolor, sem contar, é claro, a exuberante vitória sobre o São
Paulo, que parece ter sido a exceção a confirmar a regra de que toda regra tem
exceção.
A torcida já percebeu que Cristóvão é treinador
de uma nota apenas, que inventa, mas não reinventa, de recursos restritos e que
raramente consegue desconstruir um adversário que possua um sistema defensivo
sólido ou alterar um panorama adverso dentro de uma partida. E Cristóvão também
já percebeu que a torcida descobriu o quanto é frágil e o quão distante está de
ser um treinador à altura da grandeza do Fluminense.
Essa situação visivelmente o incomoda, mas
ainda não foi suficiente para repetir o gesto de demissão voluntária praticado
no Vasco em 10 de setembro de 2012. Naquela oportunidade, após uma acachapante
derrota para o Bahia em São Januário, e com apenas uma vitória em oito partidas
disputadas, Cristóvão deixou o comando técnico do clube cruzmaltino. Reproduzo
abaixo excerto da reportagem publicada no site globoesporte.com de 12/09/2012 a
fim de que se perceba a similitude entre as duas situações:
Pressionado pela torcida frequentemente - e ainda mais
por causa dos últimos resultados -, Cristóvão deixa o clube pouco depois de
completar um ano no cargo. Assumiu o comando da equipe em 28 de agosto de 2011,
quando Ricardo Gomes sofreu um AVC durante o clássico contra o Flamengo. Desde
então, saltou do posto de auxiliar para o de técnico titular. De acordo com o
técnico, a possibilidade já vinha sendo amadurecida em outros momentos, mas foi
decidida a partir da noite de domingo. Nos últimos oito jogos, o time
conquistou apenas uma vitória. Ele revelou que chegou a telefonar para Gomes,
que não aprovou a atitude, assim como sua família. Mas foi irredutível em sua
posição. (globoesporte.com -10.09.2012).
Com duas vitórias na dez últimas rodadas e com
um time melhor do que aquele que comandava no Vasco, a condição de Cristõvão
hoje é pior do que aquela que o levou a pedir para sair em 2012. Pressão da
torcida já existe, maus resultados também e se Cristóvão está esperando apenas
uma derrota acachapante dentro de casa (como aconteceu em São Januário) para
pedir as contas, é melhor que poupe a torcida de um novo vexame – pois de
vexames a torcida está saturada - e saia já. Se não tiver coragem para isso,
como teve outrora, que a alta Administração tricolor entenda que o melhor
caminho para que o Flu volte a progredir no campeonato é a sua demissão.
A torcida não precisa de mais um enganador, a
torcida precisa de alguém que explore o potencial de uma equipe tecnicamente
qualificada que não produz como poderia e deveria e que esteja à altura do
Fluminense. E esse é um problema de quem decidiu trazê-lo ao privilegiar a
política do “bom, bonito e barato”,
política que, ao menos quanto à escolha do comandante, se mostrou equivocada e
incompatível com a história grandiosa do Fluminense.
Um bom treinador faz a diferença e é por ele
que se deve começar o planejamento para 2015, porque retardar a demissão de
Cristóvão inevitavelmente causará dois sérios problemas ao clube: o primeiro é
a perda da vaga na Libertadores; o segundo, o atraso no planejamento para a
próxima temporada, que deve se iniciar desde já, de preferência sob a
orientação do novo comando técnico da equipe.
A sinalização da renovação do contrato com a
Unimed, mesmo que em patamares menores, dá lastro suficiente para que a
contratação de um bom treinador seja prioridade, até porque alguns contratos
não serão renovados e uma boa economia salarial poderá ser praticada. Portanto,
dinheiro não será o maior problema, problema mesmo é a contumaz incapacidade da
gestão tricolor em agir com presteza e eficiência, sobretudo quando o assunto é
futebol.
Avante, Fluminense! ST
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