terça-feira, 21 de abril de 2015

A quinta-coluna

Na Espanha, em 1936, generais fascistas se insurgiram contra o governo republicano recém-eleito e deram início a uma guerra sangrenta que pôs no poder, três anos depois, o general Franco. Um de seus generais, Emílio Mola, comandante de quatro colunas de soldados durante um cerco à capital espanhola, Madri, revelou a um jornalista à época que, além das quatro colunas que comandava, contava com outra dentro da cidade sitiada pronta a se revoltar e apoiar o levante, a que chamou de quinta-coluna. Eram simpatizantes nacionalistas misturados à população local e que praticavam atos de sabotagem contra o governo republicano.

Desde então, o termo quinta-coluna passou a ser entendido como inimigos infiltrados, traidores e sabotadores que agem às escondidas.

Inimigo pode parecer um termo forte, mas todo tricolor consciente sabe que hoje o Fluminense, além dos adversários dentro de campo, possui inimigos fora dele. Temos a imprensa vendida que manipula a informação de acordo com interesses escusos; um presidente de federação arbitrário que usa o seu poder para visivelmente prejudicar os interesses do clube, seja através de atos abusivos, seja pela manipulação da arbitragem; há ainda os dirigentes venais que se aliaram à máfia que comanda a direção de futebol no estado e membros do Tribunal de Justiça Desportivo que não têm a idoneidade moral para julgar uma causa de que seja parte o Fluminense.

Há ainda outros inimigos que vez por outra despontam do anonimato em busca de fama efêmera para destilar seus venenos contra o Tricolor, o que conseguem com relativo sucesso, pois possuem lugares cativos sob os holofotes da grande mídia. Nós, torcedores, e o clube como instituição, estamos acostumados a esse ódio gratuito, que se baseia em deprimente sentimento de recalque ante a grandeza do nosso amado Fluminense.

A eles, o nosso desprezo.

Não podemos nos acostumar, contudo, aos inimigos que estão dentro de nossas próprias fileiras, os quinta-colunas que sabotam o Fluminense como funcionários do próprio Fluminense.

Não é de hoje que tricolores assíduos às Laranjeiras relatam casos de empregados, muitos deles não-tricolores, que agem contra o torcedor, seja ele sócio ou não, ameaçando-o, destratando-o, humilhando-o. E se esses intrusos tratam com tamanho desprezo o maior patrimônio do clube, não se deve duvidar de que ajam também para conturbar o ambiente político e prejudicar internamente os interesses tricolores.

À evidência, não se pode atribuir a pecha de inimigos internos a todos os funcionários que não são torcedores do Fluminense. Seria uma generalização leviana. Muitos profissionais, independentemente do clube para que torcem, são apenas profissionais e desempenham suas funções com responsabilidade. A constatação que se faz, porém, é que os sabotadores são em sua maioria não-tricolores, porque aos torcedores do Fluminense é dada a presunção de que não agiriam deliberadamente contra o clube.

Cito, por exemplo, o recente caso de um funcionário do Fluminense, por acaso torcedor do Vasco da Gama, que, se achando lesado em seu direito, acionou judicialmente o companheiro e escritor Paulo Roberto Andel, sem ao menos, como exige a regra da boa convivência, tentar um prévio contato para que a situação posta fosse esclarecida. Preferiu a via da Justiça, sem ponderar o fato de que um dos seus pedidos – o recolhimento da obra do ilustre autor – é uma medida que mais atinge o torcedor do clube, que poderá ser privado de um livro que é uma verdadeira utilidade pública, do que o seu adversário na lide.

Esse ataque gratuito e abjeto, porque provavelmente visa menos a um suposto reconhecimento de direito autoral do que à pretensão de reparação financeira que poderá advir da condenação almejada, é apenas uma forma suja e mesquinha de tentativa de enriquecimento ilícito.

A Justiça dirá, ao final, que a dignidade e a honra de pessoas de bem não podem ser maculadas por ações irresponsáveis de aventureiros que estão a serviço remunerado do Fluminense, mas são insensíveis à fidalguia que deve nortear as relações sociais.

Pleitear o recolhimento da obra do autor, sob o pífio argumento de que uma ilustração estaria sob a proteção de seu direito autoral, impedindo que parte da história do Fluminense seja contada a miríade de tricolores no livro “Duas vezes no céu”, é medida desproporcional e que não se coaduna com a de um funcionário remunerado pelo clube.

Trata-se de um atentado contra o próprio Fluminense, contra a sua torcida e contra a sua história. Nesta ação judicial, os torcedores tricolores somos todos réus.

Para o bem do Fluminense, a pretensão do autor da ação judicial está alicerçada em lama fétida e ruirá ao primeiro sopro da Justiça.

Este é um texto de desagravo ao campanheiro Andel e, sobretudo, de repúdio não apenas ao funcionário que o acionou judicialmente, mas a todos os outros que transitam pelo imaculado clube das Laranjeiras sabotando diariamente a sua gloriosa história.

O Fluminense precisa expurgar os quinta-colunas de seus quadros. Já.

#SomosTodosAndel


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