Na Espanha, em 1936, generais fascistas se
insurgiram contra o governo republicano recém-eleito e deram início a uma
guerra sangrenta que pôs no poder, três anos depois, o general Franco. Um de
seus generais, Emílio Mola, comandante de quatro colunas de soldados durante um
cerco à capital espanhola, Madri, revelou a um jornalista à época que, além das
quatro colunas que comandava, contava com outra dentro da cidade sitiada pronta
a se revoltar e apoiar o levante, a que chamou de quinta-coluna. Eram simpatizantes
nacionalistas misturados à população local e que praticavam atos de sabotagem
contra o governo republicano.
Desde então, o termo quinta-coluna passou a ser
entendido como inimigos infiltrados, traidores e sabotadores que agem às
escondidas.
Inimigo pode parecer um termo forte, mas todo
tricolor consciente sabe que hoje o Fluminense, além dos adversários dentro de
campo, possui inimigos fora dele. Temos a imprensa vendida que manipula a
informação de acordo com interesses escusos; um presidente de federação
arbitrário que usa o seu poder para visivelmente prejudicar os interesses do
clube, seja através de atos abusivos, seja pela manipulação da arbitragem; há
ainda os dirigentes venais que se aliaram à máfia que comanda a direção de
futebol no estado e membros do Tribunal de Justiça Desportivo que não têm a
idoneidade moral para julgar uma causa de que seja parte o Fluminense.
Há ainda outros inimigos que vez por outra
despontam do anonimato em busca de fama efêmera para destilar seus venenos
contra o Tricolor, o que conseguem com relativo sucesso, pois possuem lugares
cativos sob os holofotes da grande mídia. Nós, torcedores, e o clube como
instituição, estamos acostumados a esse ódio gratuito, que se baseia em
deprimente sentimento de recalque ante a grandeza do nosso amado Fluminense.
A eles, o nosso desprezo.
Não podemos nos acostumar, contudo, aos
inimigos que estão dentro de nossas próprias fileiras, os quinta-colunas que
sabotam o Fluminense como funcionários do próprio Fluminense.
Não é de hoje que tricolores assíduos às
Laranjeiras relatam casos de empregados, muitos deles não-tricolores, que agem
contra o torcedor, seja ele sócio ou não, ameaçando-o, destratando-o,
humilhando-o. E se esses intrusos tratam com tamanho desprezo o maior patrimônio
do clube, não se deve duvidar de que ajam também para conturbar o ambiente
político e prejudicar internamente os interesses tricolores.
À evidência, não se pode atribuir a pecha de
inimigos internos a todos os funcionários que não são torcedores do Fluminense.
Seria uma generalização leviana. Muitos profissionais, independentemente do
clube para que torcem, são apenas profissionais e desempenham suas funções com
responsabilidade. A constatação que se faz, porém, é que os sabotadores são em
sua maioria não-tricolores, porque aos torcedores do Fluminense é dada a
presunção de que não agiriam deliberadamente contra o clube.
Cito, por exemplo, o recente caso de um
funcionário do Fluminense, por acaso torcedor do Vasco da Gama, que, se achando
lesado em seu direito, acionou judicialmente o companheiro e escritor Paulo
Roberto Andel, sem ao menos, como exige a regra da boa convivência, tentar um
prévio contato para que a situação posta fosse esclarecida. Preferiu a via da
Justiça, sem ponderar o fato de que um dos seus pedidos – o recolhimento da
obra do ilustre autor – é uma medida que mais atinge o torcedor do clube, que
poderá ser privado de um livro que é uma verdadeira utilidade pública, do que o
seu adversário na lide.
Esse ataque gratuito e abjeto, porque
provavelmente visa menos a um suposto reconhecimento de direito autoral do que à
pretensão de reparação financeira que poderá advir da condenação almejada, é
apenas uma forma suja e mesquinha de tentativa de enriquecimento ilícito.
A Justiça dirá, ao final, que a dignidade e a
honra de pessoas de bem não podem ser maculadas por ações irresponsáveis de
aventureiros que estão a serviço remunerado do Fluminense, mas são insensíveis
à fidalguia que deve nortear as relações sociais.
Pleitear o recolhimento da obra do autor, sob o
pífio argumento de que uma ilustração estaria sob a proteção de seu direito
autoral, impedindo que parte da história do Fluminense seja contada a miríade
de tricolores no livro “Duas vezes no céu”, é medida desproporcional e que não
se coaduna com a de um funcionário remunerado pelo clube.
Trata-se de um atentado contra o próprio
Fluminense, contra a sua torcida e contra a sua história. Nesta ação judicial,
os torcedores tricolores somos todos réus.
Para o bem do Fluminense, a pretensão do autor
da ação judicial está alicerçada em lama fétida e ruirá ao primeiro sopro da
Justiça.
Este é um texto de desagravo ao campanheiro
Andel e, sobretudo, de repúdio não apenas ao funcionário que o acionou
judicialmente, mas a todos os outros que transitam pelo imaculado clube das
Laranjeiras sabotando diariamente a sua gloriosa história.
O Fluminense precisa expurgar os quinta-colunas
de seus quadros. Já.
#SomosTodosAndel
Nenhum comentário:
Postar um comentário