Um erro não justifica outro, ou trocando em
miúdos, erros não se compensam.
A pichação do muro da sede tricolor logo após a
derrota para o Santos foi um erro porque é, em primeiro lugar, um crime
previsto no artigo 65, Lei 9605/98; em segundo lugar, porque quando se suja o
muro do Fluminense, o único atingido é o próprio clube e não os destinatários
das reclamações.
Não vale dizer que um muro se pinta e pronto,
porquanto se fosse o muro da casa de quem aquiesce à sujeirada certamente sua
opinião seria outra.
O outro erro é a Administração do futebol
tricolor. Uma sucessão de erros que relegaram o futebol do Fluminense a um
segundo plano em detrimento de um suposto acerto do seu equilíbrio financeiro.
Manter o clube com as suas contas equilibradas,
reparar os abusos das administrações anteriores, evitar gastos desnecessários e
gastar bem – com qualidade e bom custo-benefício – é obrigação de todo gestor.
Assim como é obrigação cuidar do carro-chefe do clube, principal fonte de
receitas, e motivo da paixão de uma imensa legião de torcedores: o futebol.
Numa ponderação de prioridades ou interesses,
nenhum deve preponderar sobre o outro, pois caminhando juntos tem-se a máxima
efetividade na gestão de um clube: contas saneadas e títulos na sala de
troféus.
Assim, embora se justifique a irresignação da
torcida, há outros meios de se protestar, menos sujos e lícitos. Transformar o
muro da sede tricolor em muro de lamentações ou mesmo em palanque político, se
foi esse o propósito do pichador, não é o melhor caminho.
Há um outro muro, etéreo, por trás do qual
encastelam-se o mandatário tricolor e seu staff.
É este o muro que deve ser o alvo do torcedor que deseja ter o seu Fluminense
de volta, é esse o muro que precisa ser derrubado.
A inaptidão da gestão futebolística tricolor
precisa ter um fim, mas não é a depredação do patrimônio do clube que
transformará, da noite para o dia, o futebol em prioridade nessa Administração.
Aliás, não parece que há mais tempo para isso.
Peter Siemsen será reconhecido por grandes feitos extracampo, alguns, como o
CT, que dependeram muito menos dele do que da iniciativa de terceiros, mas
também terá perdido a grande oportunidade de ter dado ao futebol o papel de
relevância que deveria ter num clube da grandeza do Fluminense.
Para o torcedor é o que importa: um time
vencedor.
O muro real será limpo e continuará guarnecendo
e embelezando a centenária sede tricolor, enquanto isso, o outro, o muro da
vergonha, tem prazo de validade e será derrubado em novembro, quando,
espera-se, renascerá um novo Fluminense, vencedor dentro de campo e
autossuficiente fora dele.
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