Levir Culpi chegou ao Flu para ser a esperança
por dias melhores depois de sucessivos equívocos praticados pelo Departamento
de Futebol Tricolor. Foram tantos equívocos nas escolhas de seus antecessores,
e tão graves, que o próprio Levir, há doze dias no comando do Fluminense,
admitiu que ainda levará tempo para encontrar uma identidade para a equipe.
Quando Levir diz que levará tempo para
encontrar uma identidade para o time, utiliza-se de um eufemismo para dizer que
encontrou uma verdadeira bagunça e precisará reorganizar a casa.
Essa avaliação do nosso treinador revela que
todo o planejamento do ano foi desperdiçado com a equivocada manutenção de
Eduardo Baptista para a temporada de 2016. Foi ele quem participou da
pré-temporada e auxiliou na escolha de nomes para compor o elenco tricolor. A
sua saída, que já era esperada em virtude da sua inaptidão para a função que
exercia, corrigiu, ainda que tardiamente o equívoco, mas trouxe um enorme
prejuízo para o ano tricolor.
E o prejuízo se nota bem claramente agora,
quando Levir, na segunda quinzena de março, reconhece que precisará de mais
tempo para reorganizar o time, dando-lhe a sua própria identidade. Praticamente nada do
que foi feito pelo antigo treinador poderá ser aproveitado, senão seus muitos
erros que devem servir para que Levir siga por outros caminhos.
Esse atraso, ou melhor, retrocesso, só teve uma
consequência prática: impedir que o Fluminense largasse para a temporada em
condições de igualdade com as demais equipes do futebol brasileiro.
Hoje, no Fla x Flu, Levir fará a sua terceira
partida à frente do Tricolor e terá a oportunidade de sentir a equipe com a
presença de Fred. Ele já sinalizou que há carências e que fará mudanças,
algumas já percebidas hoje, mas a principal será dar ao Fluminense alternativas
ofensivas fugindo das monossilábicas estratégias de seus antecessores, que
tinham em Fred a opção única e inalterável de ataque.
O novo treinador, que de bobo não tem nada,
sabe que os passes longos e os chuveirinhos para Fred podem funcionar em algumas
oportunidades, mas não funcionam sempre, sobretudo quando a equipe é marcada
sob pressão e o artilheiro sofre vigilância individual. Criar alternativas a
essa estratégia frágil passa então a ser uma necessidade, mesmo e
principalmente com a presença de Fred em campo.
Surpreender o adversário com o avanço dos meias
e retirar do Flu aquela pecha de previsibilidade não será uma tarefa das mais
fáceis, pois a equipe está acostumada a jogar para Fred, que é, há muito tempo,
a única referência na frente.
Se não houver entraves, creio que Levir
encontrará a melhor solução. Mas é preciso de tempo para por ordem na casa e em
todos os setores da equipe, porque uma estrutura que foi relegada a segundo
plano nesses últimos dois anos não será reorganizada em poucos dias. Este será
o seu terceiro teste (o segundo com a equipe principal) para encontrar um
padrão tático definido e reconstruir o Fluminense como equipe, reagrupando
peças, formulando novas estratégias e injetando moral no grupo.
E eu acredito que este Fla X Flu na terra da
garoa será o marco inicial para que o Fluminense torne a ter novamente a cara
de um time vencedor. Temos um treinador, temos um time, falta voltar a vencer
um clássico e, principalmente, mostrar ao torcedor que a equipe pode se renovar
em espírito sob o comando de Levir Culpi. Se vencer o Flamengo hoje, e com bom
futebol, o Fluminense dará um importante passo para recuperar sua autoestima e
realinhar-se na busca de melhores dias, sendo protagonista e não mero
coadjuvante das principais competições nacionais.
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