domingo, 13 de março de 2016

Fla-Flu na pauliceia

Aleluia! Depois de tanta insensatez, a nossa vetusta FERJ agiu com bom-senso. O Fla-Flu na terra da garoa é uma bola dentro.

Sem estádios próprios para disputar jogos oficiais, sem o Maracanã e o Engenhão, sobram as alternativas de sempre para que a dupla mande seus jogos: Moacyrzão, Estádio da Cidadania, Giulite Coutinho. Nenhum desses, porém, apto a suportar a grandeza do clássico.

Fora do Rio, as opções de Juiz de Fora e Vitória seriam viáveis. Mas, São Paulo é São Paulo. Um Fla-Flu na Terra da Garoa seria uma atração e tanto para o povo paulistano, para os tricolores e rubro-negros que moram por lá e para os turistas. Nesse combalido campeonato carioca, talvez seja o jogo mais interessante de se assistir, justamente por ser sediado na capital paulista.

O Pacaembu é um estádio tradicional, bem localizado e seu gramado é um tapete. Imagino o paulistano que deseje um programa diferente após aquela bela macarronada de domingo. Nada melhor do que assistir ao clássico mais tradicional do Brasil em sua própria casa. Assim, quem sabe, não angariamos alguns simpatizantes por lá.

O Santos já fez muito disso aqui no Rio na década de 1960. O Corinthians já mandou jogos no Maracanã mais recentemente. Essa interação, independentemente da rixa futebolística entre paulistas e cariocas, é salutar para o futebol brasileiro. O meu saudoso pai, tricolor de quatro costados, tinha o Santos como o seu segundo time e me contava que o Maraca lotava para assistir ao escrete da Vila Belmiro de Pelé e cia.

São outros tempos, sem o glamour de outrora, mas parece de bom alvitre que, vez por outra, essa conexão possa ser realizada entre as cidades irmãs.

Sem estádios, porque com o Maracanã nunca se sabe quando se poderá contar, o Pacaembu poderá ser mais uma opção de mando de campo de tricolores e rubro-negros futuramente.

São Paulo fica a um pulo daqui na ponte-aérea, o que significa menos desgaste para os jogadores do que se a partida fosse disputada em Volta Redonda ou Macaé, por exemplo.

Há a questão da torcida. Mas qual a diferença entre a quantidade de público que vai aos jogos do Flu nesta malfadada competição e a que irá em São Paulo? E, num clássico como esse, as famílias se ausentam temendo a violência, sobretudo quando o jogo não é no Maracanã. Além disso, tem muito tricolor que trabalha por lá que poderá antecipar o seu retorno no domingo para prestigiar o Fluminense.

São Paulo, por sua importância e grandiosidade, merece receber o maior clássico brasileiro pela segunda vez na história – a primeira foi em 1942, quando ocorreu um empate sem gols.

São Paulo merece sentir o cheiro de um Fla-Flu, viver um pouco dessa história, embriagar-se dessas cores. Certamente, o domingo, 20 de março de 2016, acrescentará a todas as virtudes paulistanas mais uma: a honra de sediar o mais importante clássico do futebol nacional.


A pauliceia desvairada de Mario de Andrade merece, e o poeta, maior amante de São Paulo, de onde estiver, sorrirá.

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