Desde a saída de Wellington Nem do Fluminense,
Fred não esconde o desejo de ter um jogador no plantel que tivesse as suas
características. Rápido, incisivo e articulado pelas pontas, W. Nem foi um
garçom para o nosso artilheiro em diversas oportunidades, o parceiro ideal que
deu a Fred gols e ao Fluminense inúmeras vitórias na campanha do título
nacional de 2012.
Para suprir a sua ausência, nem o voluntarioso
Marcos Junio, nem o fatigado Oswaldo foram verdadeiramente um Nem. Nenhum deles
ou qualquer outro supriu essa carência proporcionada pela transferência da
jovem revelação da base tricolor, Wellington Nem.
O pequenino deixou saudades para a torcida e,
sobretudo, para Fred.
Agora surge a possibilidade do seu retorno ao
Fluminense. Insatisfeito na Ucrânia, W.Nem, espiritalmente, nunca deixou o
Tricolor. Sempre manifestou pelas redes sociais estar a par das notícias
oriundas das Laranjeiras e, mais recentemente, deixou explícito o seu desejo de
retorno ao clube que o formou.
Com a inviabilidade financeira de sua compra,
surgiu a possibilidade de tê-lo de volta numa troca envolvendo algum ou alguns
jogadores tricolores.
E aí nasceu o primeiro grande imbróglio do ano.
Os ucranianos não são tolos. Não querem mais
WN, mas não o cederiam por qualquer bagatela. Sendo inviável a venda, a opção
remanescente foi a troca. E muitos de nós nos iludimos acreditando que
escolheriam um de nossos nomes dispensáveis.
Ledo engano. Ninguém é mais bobo no futebol,
principalmente a partir do momento em que o futebol deixou de ser meramente um
esporte para se tornar um negócio.
Assim, os olhos aguçados dos dirigentes do Shakhtar,
auxiliados pela exposição proporcionada pelo Florida Cup, mostraram que poderia
ser um bom negócio levar para a Europa o jovem e promissor Danielzinho.
Por que escolheram Danielzinho? Porque para
quem entende um pouquinho de futebol, descobre-se o talento quando o encontro
entre o jogador e a bola não é apenas uma mera formalidade, mas uma relação de
amor à primeira vista.
Quem acompanhou jogos do Flu sub-20, sabe do
que estou falando. E o garoto não se inibiu quando chamado a integrar o
profissional no recente torneio em terras estadunidenses. Mostrou que sabe,
sabe muito, e que poderá ser utilíssimo como meia de criação ao Fluminense.
Foi do tricolor de coração e jovem fã de Deco e
Iniesta, uma das jogadas mais espetaculares a que já assisti recentemente, um
festival de “canetas” em vascaínos pelo campeonato brasileiro sub-20 de 2015,
jogada que levou Falcão, o bicampeão mundial de futsal, a postar o seguinte comentário em seu Instagram: "Caraca, que coisa linda! Que caneta!".
As opções postas, portanto, tornam ainda mais
cruel a decisão. Dói menos saber que se trata de uma proposta de troca por
empréstimo de um ano, com opção prioritária de compra para ambos os clubes ao
final do prazo.
Pensando friamente, o que não é muito comum no
futebol, campo das paixões, eu seria favorável ao negócio. W. Nem poderia
reviver no seu clube formador o desempenho de de 2012, oportunizando a Fred
novamente o protagonismo que há algum tempo o abandonara. Seria formidável ver
essa dupla novamente, embora seja evidente que o tempo é cruel, sobretudo no
desempenho de atletas de futebol. Assim, mesmo com a vinda de Nem, 2012 pode
ser apenas um sonho distante.
De qualquer forma, se o Flu optar pela troca,
minha intuição diz que muito se deverá ao desejo de Fred. Para o artilheiro,
Nem é a oportunidade que aguardou por quase quatro anos de tornar a ser aquele
Fred do último título brasileiro.
Além disso, W. Nem viria para ser titular,
enquanto Daniel, se muito, disputaria posição na armação do time, onde nomes
como Scarpa, Diego Souza e Cícero, embora este último sob o comando de Baptista
esteja atuando mais recuado, já têm praticamente posições garantidas.
Por outro lado, quando permito ao meu coração
pensar mais alto, sou refratário à transação.
Gostaria de ver o talento que o garoto
demonstrou na base encantar também nos profissionais, acompanhar o seu
desenvolvimento dentro de campo e descobrir o quanto poderia ser útil para o
crescimento técnico da equipe. Nesse momento, sou imediatista. Aguardar um ano
– se não for vendido – para tê-lo de volta seria, para dizer o menos,
angustiante.
Essa possibilidade de não repatriá-lo também me
preocupa. Se não for fixado um valor que leve em consideração o que é e o que
pode vir a ser essa joia tricolor, o Shakhtar, utilizando-se da prerrogativa da
opção de compra, poderá tirá-lo sem maiores esforços das Laranjeiras.
Portanto, a diretoria tricolor está numa
encruzilhada. Se optar pela troca, deverá, minimamente, garantir
contratualmente um preço muito além do justo para evitar a perda definitiva do
jovem Daniel.
E aí, o que fazer? A batata quente está nas
mãos da diretoria tricolor que, espero, seja iluminada o suficiente para decidir
o melhor para o Fluminense.
De toda a sorte, uma constatação: discutimos se
é viável ou não a troca de dois jogadores formados na base tricolor. Uma
promessa, outro feito. Uma prova irrefutável de que temos um berço de ouro
chamado Xerém. Isso é o que vale.
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