segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Berço de craques

Desde a saída de Wellington Nem do Fluminense, Fred não esconde o desejo de ter um jogador no plantel que tivesse as suas características. Rápido, incisivo e articulado pelas pontas, W. Nem foi um garçom para o nosso artilheiro em diversas oportunidades, o parceiro ideal que deu a Fred gols e ao Fluminense inúmeras vitórias na campanha do título nacional de 2012.

Para suprir a sua ausência, nem o voluntarioso Marcos Junio, nem o fatigado Oswaldo foram verdadeiramente um Nem. Nenhum deles ou qualquer outro supriu essa carência proporcionada pela transferência da jovem revelação da base tricolor, Wellington Nem.

O pequenino deixou saudades para a torcida e, sobretudo, para Fred.

Agora surge a possibilidade do seu retorno ao Fluminense. Insatisfeito na Ucrânia, W.Nem, espiritalmente, nunca deixou o Tricolor. Sempre manifestou pelas redes sociais estar a par das notícias oriundas das Laranjeiras e, mais recentemente, deixou explícito o seu desejo de retorno ao clube que o formou.

Com a inviabilidade financeira de sua compra, surgiu a possibilidade de tê-lo de volta numa troca envolvendo algum ou alguns jogadores tricolores.

E aí nasceu o primeiro grande imbróglio do ano.

Os ucranianos não são tolos. Não querem mais WN, mas não o cederiam por qualquer bagatela. Sendo inviável a venda, a opção remanescente foi a troca. E muitos de nós nos iludimos acreditando que escolheriam um de nossos nomes dispensáveis.

Ledo engano. Ninguém é mais bobo no futebol, principalmente a partir do momento em que o futebol deixou de ser meramente um esporte para se tornar um negócio.

Assim, os olhos aguçados dos dirigentes do Shakhtar, auxiliados pela exposição proporcionada pelo Florida Cup, mostraram que poderia ser um bom negócio levar para a Europa o jovem e promissor Danielzinho.

Por que escolheram Danielzinho? Porque para quem entende um pouquinho de futebol, descobre-se o talento quando o encontro entre o jogador e a bola não é apenas uma mera formalidade, mas uma relação de amor à primeira vista.

Quem acompanhou jogos do Flu sub-20, sabe do que estou falando. E o garoto não se inibiu quando chamado a integrar o profissional no recente torneio em terras estadunidenses. Mostrou que sabe, sabe muito, e que poderá ser utilíssimo como meia de criação ao Fluminense.

Foi do tricolor de coração e jovem fã de Deco e Iniesta, uma das jogadas mais espetaculares a que já assisti recentemente, um festival de “canetas” em vascaínos pelo campeonato brasileiro sub-20 de 2015, jogada que levou Falcão, o bicampeão mundial de futsal, a postar o seguinte comentário em seu Instagram: "Caraca, que coisa linda! Que caneta!".

As opções postas, portanto, tornam ainda mais cruel a decisão. Dói menos saber que se trata de uma proposta de troca por empréstimo de um ano, com opção prioritária de compra para ambos os clubes ao final do prazo.

Pensando friamente, o que não é muito comum no futebol, campo das paixões, eu seria favorável ao negócio. W. Nem poderia reviver no seu clube formador o desempenho de de 2012, oportunizando a Fred novamente o protagonismo que há algum tempo o abandonara. Seria formidável ver essa dupla novamente, embora seja evidente que o tempo é cruel, sobretudo no desempenho de atletas de futebol. Assim, mesmo com a vinda de Nem, 2012 pode ser apenas um sonho distante.

De qualquer forma, se o Flu optar pela troca, minha intuição diz que muito se deverá ao desejo de Fred. Para o artilheiro, Nem é a oportunidade que aguardou por quase quatro anos de tornar a ser aquele Fred do último título brasileiro.

Além disso, W. Nem viria para ser titular, enquanto Daniel, se muito, disputaria posição na armação do time, onde nomes como Scarpa, Diego Souza e Cícero, embora este último sob o comando de Baptista esteja atuando mais recuado, já têm praticamente posições garantidas.

Por outro lado, quando permito ao meu coração pensar mais alto, sou refratário à transação.

Gostaria de ver o talento que o garoto demonstrou na base encantar também nos profissionais, acompanhar o seu desenvolvimento dentro de campo e descobrir o quanto poderia ser útil para o crescimento técnico da equipe. Nesse momento, sou imediatista. Aguardar um ano – se não for vendido – para tê-lo de volta seria, para dizer o menos, angustiante.

Essa possibilidade de não repatriá-lo também me preocupa. Se não for fixado um valor que leve em consideração o que é e o que pode vir a ser essa joia tricolor, o Shakhtar, utilizando-se da prerrogativa da opção de compra, poderá tirá-lo sem maiores esforços das Laranjeiras.

Portanto, a diretoria tricolor está numa encruzilhada. Se optar pela troca, deverá, minimamente, garantir contratualmente um preço muito além do justo para evitar a perda definitiva do jovem Daniel.

E aí, o que fazer? A batata quente está nas mãos da diretoria tricolor que, espero, seja iluminada o suficiente para decidir o melhor para o Fluminense.


De toda a sorte, uma constatação: discutimos se é viável ou não a troca de dois jogadores formados na base tricolor. Uma promessa, outro feito. Uma prova irrefutável de que temos um berço de ouro chamado Xerém. Isso é o que vale.

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