Não demorará muito para que surjam na mídia
especulações sobre a presença de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense e o seu
desempenho mais recente na competição, quando, num viés de decadência, perdeu
quatro dos últimos cinco confrontos; período em que, por coincidência, R10
esteve presente em parte.
Obviamente, será uma comparação despropositada
bastante comum quando advém de uma imprensa, cuja sanha por denegrir nossos
benfeitos é muito maior do que averiguar as verdadeiras causas que poderiam ter
ensejado a recente má-fase tricolor.
Não se olvide que o clube de regatas contratou
um tal de Guerrero, que nunca estará à sombra de um R10, mas que precisa
veementemente ser a “grande contratação”, o craque do campeonato para o bem das
finanças de jornalecos e outras mídias de segunda categoria e da torcida que é
seu público.
Assim, portanto, persistindo as más
apresentações, o nome de Ronaldinho passará ser questionado.
Não caiamos nessa falácia, porém. R10 é jogador
de que não se prescinde. Craque de primeira grandeza que, enquanto estiver
sendo profissional dentro de campo e responsável fora dele, será sempre
utilíssimo.
O problema do Fluminense é outro. Sem entrar na
seara das estratégias e esquemas, posicionamentos de jogadores e outras
questões técnicas do esporte, cuja expertise
é toda da companheira Crys Bruno, leigo como sou, posso minimamente constatar
que o mal que assola o Tricolor é a deficiência no seu comando.
Assim, como Cristóvão e Drubscky, Enderson
chegou ao Flu como uma aposta. Um treinador sem respaldo curricular que o
credenciasse a dirigir um gigante do futebol nacional. Ao contrário, contudo,
de seus antecessores, Enderson foi mais efetivo e incisivo para minorar problemas
pontuais, como a crônica questão da defesa. Além disso, deu ao Flu uma formação
mais coletiva e solidária que se destacou em algumas partidas mais pela garra e
determinação do que por qualquer esquema tático propriamente dito.
Ocorre que esse sopro de ousadia, em regra, se
dá dentro de nossos domínios, com a torcida como testemunha presencial e onde
seria impensável atuar sem o constante desejo de vencer. Nessas oportunidades,
o Flu é volúpia pura. Insinuante, marca avançado e pressiona com força até
desmantelar em algum momento a defesa adversária.
Mas Enderson parece ser daqueles treinadores,
tão comuns no futebol nacional, que preferem a garantia do emprego – e para
tanto o empate fora de casa é sempre bom resultado -, à imposição de seu
pensamento de jogo de forma uniforme, independentemente do adversário ou do
local da partida.
E assim é, porque reiteradamente o Fluminense
se apresenta fora de seus domínios como um visitante cheio de cerimônia, que
pede licença para chegar à área adversária e se contenta em disputar o jogo com
o firme propósito de apenas não ser derrotado.
Por mais de uma vez, esse respeito absoluto –
que se pode traduzir numa covardia despropositada de um treinador que planeja
apenas não perder – nos tirou pontos importantes na competição, sendo
responsável direto pelos mais recentes malogros do Flu.
Não adianta o treinador justificar as derrotas
alegando simploriamente que o time jogou mal. É claro que jogou mal, mas jogou
mal por quê? Uma equipe escalada para defender, pelas características de seus
jogadores, jamais será capaz de ser ofensiva. É instintivo. Escalar um Pierre –
apesar da eficiência nas suas funções – é dizer aos demais jogadores e a todos
nós que o intuito da equipe é jogar retrancada.
E quem joga apenas por empate, invariavelmente
perde.
Se ainda não reparou, tricolor, aproveite as próximas
partidas e compare. O Flu do Maracanã com o Flu que joga longe de casa. Basta
observar o posicionamento no momento da marcação, os avanços ou não dos
laterais, o comedimento ou a ousadia. Ficará claro para você que talvez ainda
não tenha percebido isso, que o Flu é um time bipolar, tão bipolar quanto seu
treinador.
É claro que desfalques como o de Vinícius e
Giovanni – jogador que atuava com correção, dentro de suas limitações – fazem
falta. Mas não é por suas ausências que o Flu caiu de rendimento, nem perdeu
seus últimos jogos por culpa exclusiva da arbitragem. A questão é crônica e é
de comando. Com o elenco que tem – que não deve nada a nenhum outro do futebol
nacional – não se justificam dois pesos e duas medidas na forma de atuar da
equipe.
A covardia do senhor Enderson nos custou pontos
importantíssimos e não sei mais quantos custará. Sem exageros, o Fluminense
deveria estar lutando pela liderança do campeonato, mas não consegue se firmar
entre os quatro primeiros. Alguém poderia dizer que, diante do quadro inicial
da temporada, brigar pelo G4 já seria um grande prêmio. Sim, é. Lutar por uma
vaga na Libertadores e, se possível, conquistá-la, será um grande galardão, mas
se temos a chance de buscar o quinto título nacional, por que não fazê-lo?
O Fluminense disputa competições para vencer.
Outras situações que decorram das circunstâncias do campeonato poderão ser
interessantes, mas o que se deve perseguir é e sempre será a primeira
colocação.
E o que falta para isso? Falta o nosso
treinador deixar a covardia de lado, o receio de perder o emprego e fazer o
Fluminense jogar como devem jogar os grandes clubes. Apequená-lo diante de
adversários combalidos por crises e outros inferiores tecnicamente é reconhecer
publicamente a sua incompetência.
Ao senhor Enderson falta ousar mais. Afinal,
como já se disse, “ousar lutar, ousar vencer”. E para o Fluminense o que
realmente importa é o “vencer ou vencer”. Sempre.
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