Quando a Prefeitura do Rio de Janeiro cedeu um
terreno de cerca de 40.000m2 ao Fluminense para a construção de um Centro de
Treinamentos na Barra da Tijuca, a esperança de que uma das maiores
deficiências estruturais do clube seria sanada recrudesceu na torcida tricolor.
Era o ano de 2013, e a previsão inicial dava como provável o prazo de um ano
para o apronto do centro, pelo menos quanto aos campos de treino.
As coisas, porém, não caminharam como
previstas. A falta de dinheiro e as condições precárias do terreno que, para
tornar-se aproveitável, precisaria perder a sua cara de pântano, - o que
encareceria por demais a obra - tornaram-se óbices intransponíveis à realização
de um dos sonhos da torcida e da atual Administração Tricolor. A esperança,
portanto, tornou-se decepção e a ideia arrefeceu.
Arrefeceu, todavia, não para todos. Pedro
Antônio Ribeiro da Silva, vice de projetos especiais do Fluminense, a manteve
recôndita, à espera do momento ideal para que novamente pudesse ser posta em
prática. E eis que o momento surge e, melhor, o centro de treinamento já começa
a deixar sonho para pouco a pouco tornar-se realidade. Graças à iniciativa de
Pedro Antônio – leia-se aporte de dinheiro – o imenso pântano de quase quarenta
mil metros quadrados será aterrado para que a estrutura do centro seja erguida.
O Presidente Peter deixou claro que o dinheiro
de Pedro Antônio – que financiará a primeira etapa do CT – é fundamental para o
projeto e tem a natureza de um empréstimo que o Flu devolverá com juros. Nada
mais justo. Sem esse vultoso aporte inicial, certamente o tão sonhado projeto
seria adiado ainda por anos e anos. A segunda parte, que compreenderá as
instalações que abrigarão os atletas, deverá ser financiada por recursos
extraordinários oriundos de ações de marketing, não descartado o financiamento
coletivo (crowdfunding) da torcida
tricolor.
Não se pode deixar de dizer que esta é uma das
mais relevantes ações do clube nas últimas décadas, tão importante quanto Xerém
e sua posterior reforma e estará indissociavelmente vinculada à administração
Peter Siemen. Alguém poderia dizer que o CT não seria viável não fosse a cessão
do terreno pela Prefeitura (por 50 anos renováveis por mais 50) e a
imprescindível participação de Pedro Antônio, e que o presidente pouco ou nada
teria a ver com isso. Eu discordo.
Além da ampla reforma em Xerém e da
democratização do processo eleitoral com a participação efetiva do
sócio-torcedor, Peter tem sido responsável também por equacionar dívidas praticamente
impagáveis. Se há muitos problemas no âmbito da gerência do futebol, com
contratações pouco eficazes, deficiência crônica do departamento de marketing e
o custo-benefício de funcionários contratados por critérios duvidosos, o
presidente tem sido habilidoso, por outro lado, em dar ao Fluminense uma cara
mais moderna e torná-lo viável financeiramente.
Além do amor pelo Fluminense, a confiança de
Pedro Antônio no presidente certamente foi o fator preponderante para que
topasse a empreitada. Sem esse requisito, apenas em nome do amor, um homem mentalmente
são não investiria os milhões que pretende investir. Daí porque a credibilidade
do presidente Peter conta, e conta muito, para que o vice de projetos especiais
aporte tamanha quantidade de dinheiro no clube, sobretudo quando é notória a
dificuldade financeira por que o Fluminense passa.
Então, se houve motivos recentes para criticar
Peter Siemsen, é preciso que o torcedor também compreenda que atitudes que
engrandecem o clube devem ser reconhecidas. Elogiar, para alguns, deveria ser
tão simples quanto criticar.
O Centro de Treinamento que se ergue será muito
mais do que uma estrutura apta a receber atletas e comissão técnica para
treinos e concentração, será o marco inicial de um projeto que conduzirá o Flu rumo
à modernidade fulcrado em sólido alicerce: Xerém, que já é uma realidade na
formação de atletas para o Fluminense e para o mundo. Esse binômio base
promissora e bem cuidada e estrutura profissional moderna e independente darão
ao Fluminense a infraestrutura humana e física necessária para tornar-se
referência no futebol nacional. Um clube da sua grandeza não poderia mais
conviver com as precárias condições de treinamento em Álvaro Chaves, que
impunham aos atletas nenhuma privacidade e conforto para bem desempenhar o seu
trabalho.
E as obras do novo centro parece que empolgaram
nosso presidente, que acenou com o estudo da implantação da arena tricolor nas
Laranjeiras. Aí já seria demais para um velho coração tricolor, sobrecarregado
por anos de emoções, paixões e frustrações. Um CT e um estádio! Bom demais para
ser verdade. Quem sabe...
O certo é que, por hora, e com os pés no chão, mesmo
com atraso, estamos dando um largo passo rumo a um futuro ainda mais glorioso.
Portanto, mãos à obra tricolores. Que o novo centro de treinamentos seja um
pouquinho de cada um de nós.
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