A seleção brasileira tem sido um claro exemplo
de como um treinador pode fazer a diferença para o bem ou para o mal. A mudança
de uma única peça deu nova vida a uma equipe que corria sério risco de não se
classificar para a próxima Copa do Mundo e já vinha colecionando uma série de
malogros, sendo o mais emblemático e vexaminoso a sonora goleada para a
Alemanha em 2014.
Daí que sempre tive a opinião de que um
treinador deve ser sempre a peça primordial na montagem de uma equipe e a sua
escolha cercada de redobrados cuidados.
Nunca deveria ser, para um time da grandeza do
Fluminense, um profissional que se escolhesse à revelia de critérios técnicos,
de uma reputação vitoriosa. Basear sua contratação na sua folha de pagamento é
dar um tiro no escuro.
Foi assim, de uma forma totalmente
antiprofissional, que o Tricolor trouxe para o seu comando do futebol nomes
como Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira e Eduardo Baptista
para gerir equipes que, se não eram o sonho de consumo da torcida, tinham nomes
de respeito que, bem comandados, poderiam ter apresentado resultados muito
melhores do que os que foram colhidos.
Cansado da mesmice e da mediocridade, a atual
gestão tricolor resolveu mudar sua estratégia e focar num nome que, pelo menos,
tivesse uma reputação dentro do futebol, nada de muito glorioso, mas
infinitamente superior aos currículos de seus antecessores.
E então, após a preferência da torcida apontar
para Cuca, alguma diferença nos pedidos salariais direcionou a pretensão da
gestão tricolor para Levir Culpi.
Nada de muito especial, mas um alento para o
torcedor cansado de tanta incompetência. Mesmo estando num patamar bem acima de seus
companheiros de profissão, Levir, porém, não
participou da escolha do elenco nem da pré-temporada, pegando, como se diz, o
bonde andando.
Contudo, poderia ter feito mais.
Sempre pareceu desinteressado e alheio às necessidades de uma renovação no
elenco. No começo, pediu reforços, e esses vieram em quantidade, mas em qualidade bastante discutível,
e Levir, assim, deixou de tocar no assunto. Resignou-se com a realidade do clube
e preferiu acomodar-se ao seu gordo salário e deixar o tempo passar.
Foi exatamente o que disse ao repórter quando
respondeu a uma pergunta sobre o motivo pelo qual veio para o Fluminense: “pelo
salário”. Embora possa ter parecido mais uma das bravatas e gracejos do
treinador, foi a mais pura expressão da verdade.
A única nota relevante de Levir no Flu, além da
título da Primeira Liga, cuja competição já pegou em andamento, foi o imbróglio
com Fred. Quando fizeram as “pazes” escrevi que a trégua era temporária, que
tudo parecia uma grande encenação e, infelizmente, não deu outra. Na primeira oportunidade que
teve, Fred saiu, perdemos um líder e um artilheiro e permanecemos com um treinador
de quem se esperava que colocasse a equipe nos trilhos, que unisse o grupo e
trabalhasse duro por títulos.
Nada disso ocorreu. Desde então, o Flu foi
sempre menos do que fora até então. Teve oportunidades na Copa do Brasil e no
Brasileiro e nunca demonstrou ambição de conquista a exemplo de seu
desinteressado técnico.
Poucos treinos, bravatas, piadas sem graça, más
escolhas, más mudanças, más estratégias. Esta foi a realidade de Levir no Flu, onde mostrou menos profissionalismo que o desejo de ver passar o tempo e engordar sua conta bancária.
Agora, sem ele, quando o leite parece definitivamente
derramado, Marcão assume interinamente o time para tentar nessas últimas quatro
rodadas fazer o que Levir abriu mão de fazer, seja pela incompetência, seja pelo
desinteresse: levar o time à Libertadores.
Quem sabe Marcão não provoca no grupo um
sentimento de renovação e motivação, suficiente para dar à torcida em belo
presente de fim de ano, presente que nem o time nem a diretoria merecem, por
tudo o que não fizeram pelo Fluminense. Quem sabe Marcão, guardadas as devidas
proporções e a sua condição de interino, não dê à equipe a vida que Tite deu à
seleção nacional, transformando um bando perdido em campo num grupo coeso e
ambicioso.
Em quatro jogos, Marcão terá a chance de deixar
seu nome mais uma vez marcado na história do Flu, e ninguém melhor que ele, neste
momento, para cumprir essa gloriosa missão.
E se almejamos um grande time em 2017, que o
vencedor do pleito de novembro adote como primeira medida no âmbito do futebol
a contratação de um treinador verdadeiramente vencedor. É a partir daí que se forja uma equipe
vencedora.
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