Tenho insônia todas as vezes que o Fluminense
joga partidas como essa que jogou contra o Vitória. Nunca pelo placar, mas pela
forma como a equipe se apresenta em campo. Passo algumas horas matutando, digerindo
meu ódio interno, sentindo minha boca amarga, até que o sono, de tanto bater à
porta, consiga entrar.
Ultimamente, porém, o Tricolor não me tem feito
perder noites de sono com tanta frequência. Creio que tenho retribuído a sua
indolência dentro de campo com uma certa resignação, afinal de contas, estava
escrito desde o fim da temporada passada que este ano não daria certo.
A Primeira Liga foi a primeira impressão que
não ficou, um título que não retira o Fluminense de onde está, mergulhado num
tremedal de incompetência. Foi bom, gritamos “é campeão”, levamos gás
lacrimogêneo nos olhos e só.
No estadual e nas competições nacionais mais
importantes, malogramos.
A escolha de Levir, depois de uma sucessão de
“bons, bonitos e baratos”, me pareceu acertada diante da situação financeira do
clube. Um treinador de verdade, pelo menos isso. Eu mesmo o defendi, relevando
erros e teimosias que um treinador moderno não poderia praticar.
Levir, enfim, foi uma tentativa válida que deu
errado. Mas deu errado porque o seu antecessor foi uma escolha equivocada,
porque assumiu a equipe após a pré-temporada, não participou da escolha do
elenco. Não há planejamento que suporte tantos equívocos.
É provável que Levir, mesmo se tivesse tido
todas essas oportunidades, cometesse os mesmos erros que comete agora no
comando do Fluminense, mas as chances disso acontecer certamente seriam
menores. Levir é, assim, o produto final de uma sucessão de equívocos
potencializados, agora se vê isso nitidamente, por sua falta de competência
para comandar um clube como o Fluminense.
Um time medíocre como esse que veste a camisa
tricolor talvez não pudesse ser salvo por nenhum outro treinador em atividade
no futebol brasileiro, mas talvez esse treinador ousasse a ponto de barrar os
irrecuperáveis e exigisse reforços à altura do que se espera para formar um
grande time. E quem sabe, fosse menos teimoso e mais dedicado aos treinamentos.
Levir Culpi foi o último erro – espera-se – de
uma Administração que relegou o futebol a segundo plano. Reconheço o seu valor
no que concerne a outros aspectos, sobre os quais já discorri exaustivamente em
outras oportunidades, mas a desídia com que tratou o carro-chefe do clube é
quase um crime de lesa-Fluminense.
Em novembro conheceremos nosso novo presidente
e que seja verdadeiramente novo em ideias e atitudes. Está nas mãos do torcedor
mudar o destino do clube e, para tal, independentemente de quem escolha como
candidato, é preciso que o faça com conhecimento de causa, avaliando as
propostas e, sobretudo, os nomes que eventualmente participarão da nova gestão.
A torcida está cansada da mesmice a que foi
relegado o clube nos últimos quatro anos, está cansada de torcer para o ano
acabar para que se renovem as esperanças no ano vindouro, está cansada de
traçar objetivos de 45 pontos, está cansada de não estar na Libertadores. O
Fluminense é muito maior do que isso e está nas mãos do torcedor mudar o fim
dessa história. Votemos com consciência, liberdade e amor ao clube.
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