Enderson Moreira é um cara sortudo. Tem contado
com a infeliz coincidência das arbitragens catastróficas que nos prejudicam
para justificar seu pífio comando técnico à frente do Fluminense. E quando não
são as arbitragens, tem uma falha aqui, outra ali, um cansaço, ou outra
qualquer desculpa para atenuar a sua incompetência.
Perder sete das últimas nove partidas
disputadas não é para qualquer um; não é apenas para um azarado. Tem que ser
ruim mesmo. Talvez Enderson tenha tido alguma sorte quando fez esse time correr
e ganhar alguns jogos mais na transpiração do que na inspiração.
Refiro-me à sorte, porque nunca houve nesse
Fluminense de hoje, como nos outros que vimos sob os também desastrosos
comandos anteriores, qualquer esboço de organização tática. Um esquema
retrancado, que fosse, mas organizado. Nem isso se viu. Estamos há um tempo pra
lá de longo à mercê de desmandos da nossa direção do Futebol, que se esforçou
para montar uma equipe que poderia ser competitiva, mas não deu a ela um comandante digno das
tradições tricolores.
Quando Enderson assumiu, depois – só para ficar
nos dois – das apostas em Cristóvão e Drubscky, escrevi que o nosso treinador
seria um “tiro à luz opaca” da diretoria tricolor. Disse isso, porque em
relação a Drubscky, o imaginei como sendo “um tiro no escuro”. Portanto, dei um
pouquinho mais de claridade, ainda que tênue, ao nosso atual treinador.
O problema é que isso não é suficiente. O
Fluminense precisa de luz fulgurante, viva, resplandecente e não de um fanal que
emana frouxo de um técnico que não tem currículo para comandar um Fluminense.
Mas Enderson desempenha o seu papel tosco,
porque alguém o contratou e o mantém no cargo. A responsabilidade, então,
precisa ser compartilhada, afinal de contas, errar é humano, persistir no erro
é burrice. Insistir, portanto, em desconhecidos para comandar o Fluminense deve
ser algo impublicável. É a chamada economia “porca”.
E o resultado aí está. Uma equipe que, apesar
dos desfalques e das limitações, poderia estar disputando novamente um título nacional,
chegou a sonhar com uma vaga da Libertadores e, agora, gradualmente, vai se
afastando cada vez mais de seus maiores objetivos para se contentar, talvez,
com uma posição intermediária, sem sustos de rebaixamento.
Me desculpem os amigos mais otimistas. Eu
também sou um otimista, mas antes de tudo sou realista. Quando assisti ao
Fluminense acovardado contra o Atlético MG, a minha reação não foi de raiva,
mas de decepção, resignação ante a incapacidade de quem estava à beira do campo
de fazer algo novo pela equipe. Enderson nunca deu forma ao Fluminense e,
parece que agora, nem consegue mais dar o ímpeto que ao menos se viu em alguns
jogos no início da competição.
Ainda há a Copa do Brasil. Sim, há. Já houve
casos em que equipes que vão mal numa competição se reinventam em outra. Pode
acontecer. O Flu pode ser campeão da Copa do Brasil e voltar à Libertadores,
nosso sonho mais desejado. E eu torço por isso, mas no fundo, no meu âmago,
duvido que aconteça. Menos pela qualidade do elenco que temos do que pela
inaptidão do senhor Enderson Moreira.
Escrevo este texto resignado, pois diante do
nosso atual comando técnico do futebol, nem mesmo posso torcer para que
Enderson seja demitido, pois o seu substituto pode ser de qualidade ainda mais
duvidosa. É a velha história de que se está ruim com ele pode ficar pior sem
ele.
O Fluminense das Laranjeiras, portanto, tem
deprimido a cada jogo o seu torcedor, transformando-o em melancólico assistente
de partidas em que o Tricolor, disforme dentro de campo, reiteradamente é
derrotado.
Mas se o Fluminense das Laranjeiras vai mal, o
de Xerém nos agraciou com um retumbante título nacional na categoria sub-20. Em
campanha invicta, mostrou a todo o Brasil a força da nossa base, fruto de um
trabalho que se deve creditar ao Presidente Peter por sua ação para reconstruir
em estrutura física e pessoal a casa de nossos garotos. Lá, mais do que
jogadores de futebol, o Fluminense forma homens, praticando uma função social
que deveria ser exemplo para todos os demais clubes brasileiros.
Esse é o Fluminense que nos têm orgulhado, mas
que precisa ser um só. Que a melancolia do Fluminense das Laranjeiras sorva o
vigor do Fluminense de Xerém para que, com ou sem Enderson Moreira, torne a ser
novamente uma equipe competitiva e briosa dentro de campo.
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