segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Pasárgada de Ronaldinho

Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei/ Lá tenho a mulher que eu quero/
Na cama que escolherei
...”. Este excerto de “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta maior Manuel Bandeira, foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao saber dos recentes desatinos de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense.

Faço aqui, primeiramente, o meu “mea culpa” por ter assumido publicamente que R10 seria imprescindível ao Flu por sua qualidade técnica. Graças a Deus a liberdade de expressão me permite reconhecer que errei no meu prognóstico em relação a esse jogador. Infelizmente, a técnica sem o comprometimento não serve de nada. Ronaldinho retornou do México não para ser o que foi no Atlético/MG, mas para ser menos do que foi no Flamengo.

Veio buscar no Rio de Janeiro e, mais especificamente no Fluminense, que lhe abriu as portas, a sua Pasárgada. Regiamente remunerado, cercado de bajuladores aos borbotões e de mulheres disponíveis à sua lascividade, tornou à sua mansão, a “casa da mãe Joana”, pretendendo fazer do Fluminense a sua extensão.

Fred percebeu isso; Enderson, também; a diretoria idem, mas esta, como sói acontecer, permaneceu inerte. A torcida já desconfiava, mas agora as informações já chegam não por boatos, e sim por veículos oficiais da imprensa. E não se diga que se trata de mais uma orquestração da famigerada flapress. A queda vertiginosa de produção do Fluminense não poderia ser atribuída unicamente ao fraco Enderson Moreira. Ele teria que ser pior do que um Drubscky para que permitisse que isso ocorresse apenas por sua deficiência profissional. Havia algo mais e o algo mais está aí: Ronaldinho Gaúcho e alguns outros que resolveram seguir seu “Ronaldinho way of life”.

A insatisfação com a reserva, as desculpas rotas, a ressaca quase diária e a indolência no campo de jogo são a prova cabal de que Ronaldinho retornou ao Rio de Janeiro para fazer o que mais gosta na vida: curti-la adoidado. Todo o resto está em segundo plano, inclusive o Fluminense.

Por isso, Fred se insurgiu. Percebendo que a laranja podre poderia contaminar outras, inclusive a jovem safra de Xerém, agiu como se deve agir um líder. Chamou para si a responsabilidade, separou o joio do trigo e preservou os garotos de Xerém da perniciosa influência de R10. É claro que, se tivéssemos uma diretoria menos pusilânime, esse papel não caberia a ele e, provavelmente, R10 nem mesmo tornaria a vestir a camisa tricolor.

De toda a sorte, parece que esse foi o motivo de terem preservado, depois de tantos malogros, o medíocre Enderson Moreira. O momento, agora, é de apostar na base e nos que estiverem comprometidos, aqueles que atenderam ao chamado de Fred, e torcer para que esse prejuízo enorme seja pelo menos amenizado com a possibilidade de se voltar à luta pelo G4.

Quanto ao R10 fica a certeza de que não quer nada com o Fluminense, quer dele apenas o seu salário e, de preferência, em dia. E a incerteza: rescindir seu contrato seria o melhor caminho? Provavelmente o prejuízo seria do tricolor, tanto pela multa, quanto pela possibilidade de se continuar pagando o seu salário até o fim de seu contrato. Ou seria menos oneroso mantê-lo no elenco, mesmo sem a menor intenção de se dedicar dentro de campo e ainda correndo o risco de que seu contato diário com outros jogadores possa interferir em seus comportamentos e no bom ambiente do grupo? Esta é uma pergunta retórica para você, tricolor. Quem deve respondê-la é o responsável pela sua contratação.

Eu, como torcedor, tenho o direito de errar ao analisar uma contratação. Um profissional do clube pode até fazê-lo, mas deve responsabilizar-se por seus atos. É assim numa empresa, deveria ser assim num clube de futebol.

Enquanto isso torçamos para que o Fluminense se ajuste. Imbuído das veementes palavras de Fred, que nossos jogadores entendam que vestem a camisa de um grande clube, que a ele devem respeito e que por ele e por sua torcida devem se almejar sempre a vitória.


E que Ronaldinho Gaúcho reúna seus pagodeiros, mulheres e bajuladores e encontre outra Pasárgada para levar sua trupe, porque o Fluminense é a minha e a sua Pasárgada, tricolor apaixonado,  e lá não entra quem não é amigo do rei.

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