“Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do
rei/ Lá tenho a mulher que eu quero/
Na cama que escolherei...”. Este excerto de “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta maior Manuel Bandeira, foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao saber dos recentes desatinos de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense.
Na cama que escolherei...”. Este excerto de “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta maior Manuel Bandeira, foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao saber dos recentes desatinos de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense.
Faço aqui,
primeiramente, o meu “mea culpa” por
ter assumido publicamente que R10 seria imprescindível ao Flu por sua qualidade
técnica. Graças a Deus a liberdade de expressão me permite reconhecer que errei
no meu prognóstico em relação a esse jogador. Infelizmente, a técnica sem o
comprometimento não serve de nada. Ronaldinho retornou do México não para ser o
que foi no Atlético/MG, mas para ser menos do que foi no Flamengo.
Veio buscar no Rio
de Janeiro e, mais especificamente no Fluminense, que lhe abriu as portas, a
sua Pasárgada. Regiamente remunerado, cercado de bajuladores aos borbotões e de
mulheres disponíveis à sua lascividade, tornou à sua mansão, a “casa da mãe
Joana”, pretendendo fazer do Fluminense a sua extensão.
Fred percebeu
isso; Enderson, também; a diretoria idem, mas esta, como sói acontecer,
permaneceu inerte. A torcida já desconfiava, mas agora as informações já chegam
não por boatos, e sim por veículos oficiais da imprensa. E não se diga que se
trata de mais uma orquestração da famigerada flapress. A queda vertiginosa de produção do Fluminense não poderia
ser atribuída unicamente ao fraco Enderson Moreira. Ele teria que ser pior do
que um Drubscky para que permitisse que isso ocorresse apenas por sua
deficiência profissional. Havia algo mais e o algo mais está aí: Ronaldinho
Gaúcho e alguns outros que resolveram seguir seu “Ronaldinho way of life”.
A insatisfação com
a reserva, as desculpas rotas, a ressaca quase diária e a indolência no campo
de jogo são a prova cabal de que Ronaldinho retornou ao Rio de Janeiro para
fazer o que mais gosta na vida: curti-la adoidado. Todo o resto está em segundo
plano, inclusive o Fluminense.
Por isso, Fred se
insurgiu. Percebendo que a laranja podre poderia contaminar outras, inclusive a
jovem safra de Xerém, agiu como se deve agir um líder. Chamou para si a
responsabilidade, separou o joio do trigo e preservou os garotos de Xerém da
perniciosa influência de R10. É claro que, se tivéssemos uma diretoria menos
pusilânime, esse papel não caberia a ele e, provavelmente, R10 nem mesmo
tornaria a vestir a camisa tricolor.
De toda a sorte,
parece que esse foi o motivo de terem preservado, depois de tantos malogros, o
medíocre Enderson Moreira. O momento, agora, é de apostar na base e nos que
estiverem comprometidos, aqueles que atenderam ao chamado de Fred, e torcer
para que esse prejuízo enorme seja pelo menos amenizado com a possibilidade de
se voltar à luta pelo G4.
Quanto ao R10 fica
a certeza de que não quer nada com o Fluminense, quer dele apenas o seu salário
e, de preferência, em dia. E a incerteza: rescindir seu contrato seria o melhor
caminho? Provavelmente o prejuízo seria do tricolor, tanto pela multa, quanto
pela possibilidade de se continuar pagando o seu salário até o fim de seu
contrato. Ou seria menos oneroso mantê-lo no elenco, mesmo sem a menor intenção
de se dedicar dentro de campo e ainda correndo o risco de que seu contato
diário com outros jogadores possa interferir em seus comportamentos e no bom
ambiente do grupo? Esta é uma pergunta retórica para você, tricolor. Quem deve
respondê-la é o responsável pela sua contratação.
Eu, como torcedor,
tenho o direito de errar ao analisar uma contratação. Um profissional do clube
pode até fazê-lo, mas deve responsabilizar-se por seus atos. É assim numa
empresa, deveria ser assim num clube de futebol.
Enquanto isso
torçamos para que o Fluminense se ajuste. Imbuído das veementes palavras de
Fred, que nossos jogadores entendam que vestem a camisa de um grande clube, que
a ele devem respeito e que por ele e por sua torcida devem se almejar sempre a
vitória.
E que Ronaldinho
Gaúcho reúna seus pagodeiros, mulheres e bajuladores e encontre outra Pasárgada
para levar sua trupe, porque o Fluminense é a minha e a sua Pasárgada, tricolor
apaixonado, e lá não entra quem não é
amigo do rei.
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