Quando onze atletas envergam a camisa Tricolor
para jogar uma partida de futebol, quem entra em campo? Sem qualquer esforço
responderemos: o Fluminense Football Club. Sob o comando de Abel Braga, porém, costumeiramente
se tem feito a diferenciação entre titulares e reservas.
Até a partida contra o Goiás, o Fluminense (o
titular) ainda não havia perdido um jogo sequer, enquanto o outro, o reserva,
vinha de três malogros: contra o Internacional, o Nova Iguaçu e o Botafogo. E
Abelão ainda era cuidadoso em relação ao tema, preferindo enaltecer as
qualidades do grupo como um todo, sem comparar, pelo menos explicitamente, reservas
e titulares.
A derrota para o esmeraldino, porém, mudou essa
percepção de ver o Fluminense em Abel Braga. É bom que se frise que foi uma
derrota atípica, que não ocorreria se uma sucessão de infortúnios acometessem o
Tricolor. Em condições normais, o Fluminense praticamente sairia do Serra
Dourado classificado para a próxima fase da Copa do Brasil.
Mas aí, ao fim do jogo, Abelão relembra a quem
já havia esquecido que aquela fora a primeira derrota do time titular Tricolor.
Ora, foi a primeira derrota do time titular ou a quarta do time do Fluminense?
A equipe, teoricamente titular do Fluminense,
não é imbatível. Perdeu, é certo, um jogo que venceria até com sobras, mas
perdeu. Como perderá outras partidas ao longo do ano. Ao dizer que foi a
primeira derrota do time titular do Flu, penso eu, Abel erra duas vezes: quando
diferencia titulares e reservas, prestigiando os primeiros e desprestigiando os
segundos e ao incutir, ainda que sem desejar isso explicitamente, na equipe
dita principal um sentimento de invencibilidade.
Essa diferenciação serve ao torcedor, que
avalia, em regra, que temos um bom time principal e que o reserva serve mais
para se observar alguns nomes que se prestem à composição do elenco. Ambos, no
entanto, com a mesma alma que Abel prometeu dar ao Flu quando assumiu a equipe.
E esse torcedor sabe que o Fluminense (dito
titular) é uma equipe difícil de ser batida e que só perdeu o primeiro jogo do
ano para o Goiás em condições bastante adversas. Para Abel, porém, o pensamento
deve ser o de que foi a quarta derrota no ano do Fluminense e que, para se
atingir um nível de excelência, ainda precisa melhorar muito como um todo. Um
todo de titulares e reservas.
Afinal de contas, se Abelão usa a equipe
considerada “alternativa” em partidas importantes, como foram as contra o Inter
e contra o Botafogo, é porque confia no seu grupo e deve, por isso, tratá-lo
igualitariamente. Não só nas vitórias (ou nas boas apresentações, como no
empate contra o Flamengo em Cariacica), mas sobretudo nas derrotas.
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